segunda-feira, 29 de junho de 2009

Abobrinha Recheada

Ingredientes:
2 quilos de abóbrinhas pequenas (finas e pequenininhas)
1/2 quilo de carne moída (patinho sem gordura)
1 cebola grande
1 e 1/2 de arroz cru bem lavado
1 tomate grande maduro picado
1/2 maço de salsa picada
4 colheres de extrato de tomate
sal e pimenta do reino à gosto
1 colher (chá) de tempero sírio
1 colher (sopa) de vinagre
1 colher (sopa) de óleo de soja

Material:
1 extrator de polpa fino
1 panela grande

Modo de Preparar:
Lave bem as abóbrinhas e deixe de molho por 5 minutos em água com vinagre. Escorra as abóbrinhas. Retire o talo de cima com uma faca bem afiada e logo em seguida retire mais uma fatia fina que servirá como tampinha da abóbrinha. Com um extrator de polpa, retire toda a polpa da abóbora, deixando só a casca (cerca de 1/2 cm). Após retirar a polpa de todas as abóbrinhas, lave novamente e coloque num pano de prato para escorrer o excesso de água.
Refogue a cebola, acrescente a carne moída e o restante dos temperos, deixando o tomate por último. Refogue bem até secar todo o líquido da carne. Desligue o fogo e acrescente o arroz cru e bem lavado. Misture bem e recheie as abóbrinhas até a metade. É necessário que seja só até a metade, porque tem que deixar espaço para o arroz crescer dentro da abóbrinha. Tampe as abóbrinhas com as tampinhas cortadas logo no início. Coloque numa panela grande, acrescente água o suficiente para cobrir as abóboras, uma colher de óleo de soja, sal à gosto e o extrato de tomate.
Deixe cozinhar até que o arroz esteja bem cozido. Sirva acompanhado de salada de folhas. Parece difícil, mas não é, pode tentar que dá certo.
Sahten!

Israel Fake!

Outro dia lí uma reportagem da Folha de São Paulo sobre Dubai, escrita pela jornalista Eliane Cantanhede, na qual ela define o lugar como "fake" (forjado, falso, artificial), devido à sua megalomaníaca arquitetura, o que me remeteu imediatamente à outro lugar totalmente fake: a faixa de terra que os judeus insisitem em chamar de Israel à 61 anos. Quer coisa mais fake que forjar a história? Ou insistir em chamar uma mentira de país? Realidade irreversível?Não vou nem entrar no surrado argumento do direito inalienável do povo palestino. Vou direto à alguns fatos curiosinhos e bastante interessantes, que não são divulgados nem sob tortura chinesa!Um fato que me chamou bastante a atenção e que me foi relatado por inúmeras pessoas que vivem do lado israelense, é que a maioria das pessoas se aposenta antes dos 40 anos. Motivo? Invalidez. Não, não viaja achando que é ferimento de guerra ou coisa digna. É por alcoolismo mesmo, ou uso de drogas. Cerca de 20% aposentam-se por transtornos mentais. Não, não! Também não é a guerra o motivo. Alguns psiquiatras já identificaram o problema como conflito de identidade! Uau! Como dizem os mineiros: " É, tem base"! Pensa bem, o cara nasce num lugar onde há estado de sítio em dias intercalados, onde não se pode andar de bicicleta em certas vizinhanças, onde a paranóia com a segurança é geral e ainda fica ouvindo dentro de casa que aquilo ali é a terra prometida?! Caramba, que sina! Alguns do meus amigos editores internacionais até acharam uma definição bonitinha para o lugar: Disneylândia dos psiquiatras!Quanto aos jovens aposentados, que configuram cerca de 39% dos trabalhadores, segundo o último levantamento feito por uma ong linguaruda, estes vivem muito bem obrigado. Gastam seu rico dinheirinho com alcool e drogas, porque além da aposentadoria, ainda recebem do governo um kit alimentos suficiente para segurar a barra por um mês inteirinho e às vezes sobra. Que legal! E ainda trabalham no chamado mercado negro, ou seja, sem registro, para bancar alguns luxos. Então, juntando as duas estatísticas, 69% da população é formada de vagabundos, tranbiqueiros, drogados e afins. E ainda assim insistem em dizer aquilo alí é o melhor lugar do mundo para se viver. Ah é! Se for assim, eu também quero, oras! Já pensou que vingança mais deliciosa? Viver à toa às custas de Israel, gastar o tão suado dinheirinho mendigado dos Estados Unidos da América?! Ah, seria hilário!Para os interessados na minha idéia, eu tenho até uma estratégia (risos): É só casar com um daqueles aposentados inválidos, obter a cidadania e depois inventar alguma invalidez! Touché!Como eu disse logo no início: Totalmente fake! E ainda querem que o mundo acredite neles! Ora, ora, temos mais o que fazer seus 171!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Paquera

Quando se fala em mundo árabe ou árabes, logo se pensa em sociedades fechadas, conservadoras, muçulmanas, retrógradas e filmes holywoodianos com Omar Sharif e Lawrence da Arábia. Pouco se sabe o que ocorre de fato dentro de uma sociedade árabe atual.
Uma das perguntas que mais ouço sobre a sociedade árabe se refere ao namoro. Se levado ao pé da letra, namoro pode ser um olhar apaixonado, discreto, um devaneio, um sonho, observar aquela menina de longe, criar uma oportunidade para topar com aquele menino ou qualquer outro meio de contato com o ser amado.
O namoro à moda brasileira inclui quase tudo o que um casamento inclui, exceto o convívio diário, porém, em alguns casos, também inclui o convívio diário e ainda assim pode ser considerado namoro.
No mundo árabe, o namoro ainda tem vestes ingênuas. Na verdade, poderia ser considerado uma paquera mais demorada ou um amor semi-platônico. Por conta da chamada globalização, da internet, da abertura econômica e dos avanços no reconhecimento dos direitos da mulher, houve também um avanço no comportamento social, dando mais liberdade aos jovens para um contato mais direto. Assim, aos poucos surgiu um tipo de namoro mais comportado, onde meninos e meninas podem se encontrar, conversar, se apaixonar e fazer planos para o futuro. Ainda não existe tanta liberdade para maiores intimidades como, por exemplo, um beijo na boca, mas pode-se segurar a mão e falar de amor.
Particularmente, acho importante frear os ímpetos até conhecer a pessoa por quem se está apaixonado(a). Assim dá tempo de passar a febre da paixão e enxergar como aquela pessoa se comporta no dia a dia. Se combina com o temperamento do par, se tem os mesmos sonhos, se tem a mesma força de enfrentar a vida, se tem cacife para segurar as barras pesadas que a vida joga nas nossas mãos. É claro que existem casos onde jovens atropelam estas etapas, mas são vistos como levianos pela sociedade. Sociedade esta que conserva valores como a base e a união familiar, futuro dos filhos e segurança financeira.
Mas deixando de lado o pesado discurso da responsabilidade social, os jovens se divertem muito, muito mesmo. Os árabes são boêmios por natureza, gostam de viver bem, comer bem, vestir bem e naturalmente, amar escancaradamente. Presenciei alguns destes namoros, com troca de cartinhas passadas de mão em mão por intermédio dos amigos em comum, encontros combinados por sinais, passeios no parque esportivo de Amman, que era o ponto de encontro dos enamorados, beijos nas mãos, noites em claro tentando imaginar o que o outro está fazendo ou pensando, enfim, todo aquele lado delicioso do namoro. Me diverti à bessa dando conselhos à primas, mesmo sem saber o que estava falando (risos)!
Por falar nisso, lembrei de um rapaz que ficava à espreita, perto do portão da minha escola, só para me ver entrar e sair. Fazia sinais para tentar marcar um encontro, mas eu não correspondi porque não queria fazer planos de ficar na Jordânia. Meu objetivo era voltar para o Brasil. Uma amiga em comum me disse que ele chegou a chorar porque eu não dei nenhuma chance à ele. Eu optei pela sinceridade e expliquei o motivo. Mesmo assim, todos os dias ele estava lá, esperando, tentando obter um sinal, qualquer coisa. Foi uma experiência interessante. Muito legal. Foi sim!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Uma Palestina


Minhas avós se vestiam assim.
Minhas avós carregavam a água dentro da jarra e a levavam na cabeça.
Minhas avós bordavam seus vestidos em ponto cruz.
Minhas avós usavam véu branquinho, esvoaçante.
Minhas avós tinham o cheiro da Palestina.

Fotos


Jerusalém, em 1947, antes da ocupação da Palestina. Esta foto foi tirada numa sexta-feira, na hora da oração mais sagrada para os muçulmanos. E pensar que um dia Jerusalém foi a terra da paz.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mar Morto

Estive algumas vezes no Mar Morto. Quando criança, costumava ir com as excursões da escola, onde nos proibiam de chegar muito perto da água sem a presença de uma das professoras para segurar nossa mão, ou melhor, nos puxar o tempo todo sem permitir que tivéssemos o prazer de ficar com os pés de molho naquela água morninha e incrívelmente salgada. Algumas vezes ia com meus tios, que permitiam que eu ficasse de molho na água do mar, mas bem na beiradinha, o que me tirava todo o prazer de curtir aquele momento.
Aos 16 anos de idade, quando minha mãe foi à Jordânia me buscar para voltar ao Brasil, fomos fazer um passeio no Mar Morto, mas era inverno e o vento dava a impressão de penetrar nos ossos. Foi assim, durante todo o trajeto de Amman até o Mar Morto. Porém, quanto mais nos aproximávamos do mar, mais o clima esquentava. Aos poucos, abriu um sol maravilhoso, a praia estava vazia e o mar impecávelmente calmo. Corremos em direção à ele, iamos arrancando os sapatos pelo caminho e quando sentimos a água, ela estava tão morninha quanto no verão. Foi um convite irrecusável. Eu me joguei com roupa e tudo.
As águas do Mar Morto são impressionantes. Além das propriedades terapêuticas amplamente divulgadas nos quatro cantos do mundo, elas têm um sabor especial, um aroma especial e a concentração de sal nos faz flutuar, como se estivéssemos num sonho, num cenário paradisiaco.
Aquele dia foi particularmente especial para mim. Pela primeira vez na vida pude sentir o Mar Morto e toda a sua vastidão. Pude entender o que significava banhar-se nas águas daquele mar, que durante milênios foi considerado sagrado pelos nossos antepassados. É sagrado sim! É uma dádiva!
Quando retornei à Jordânia em 1986, meu primeiro pedido foi voltar ao Mar Morto. Queria conferir e ter certeza de todas aquelas sensações que tive na primeira vez em que me banhei naquelas águas. Bingo! A sensação era a mesma. Delirante! Por sorte era verão e fazia muito calor. A ocasião perfeita para me demorar dentro da água. Foi o que fiz, não só naquele dia, mas repetidas vezes enquanto estive lá. Inesquecível!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mestres

Durante a fase escolar, passamos pelas mãos de professores e professoras que incorporam nosso cotidiano. Alguns poucos passam a fazer parte das nossas vidas.
Quando era criança, tirava boas notas, mas odiava ter que ir para a escola. Dentro da sala de aula, até que eu era relativamente comportada, mas preferia fazer minhas viagens introspectivas na hora das aulas chatas. Lembro até hoje de uma professora de português do colégio D. Hermeto em Uruguaiana que era capaz de fazer cochilar o aluno mais interessado da turma. Uma chata. Na mesma época, tinha um professor de matemática caxias que achava que todos os alunos tinham, por obrigação, que gostar de matemática tanto quanto ele. Até que um dia aprontamos uma surpresinha para ele, colocando uma massa gosmenta, transparente na cadeira dele. Coitado, nunca mais usou aquelas calças.
Por outro lado, tem aqueles professores que fazem da sala de aula um lugar onde se pode soltar a imaginação e a criatividade. Era o caso da Professora Aabir, minha professora de matemática da Jordânia. Que gracinha! Até a mais idiota das alunas da sala conseguia raciocinar nas aulas dela. Tinha também uma professora de inglês gordinha, loirinha e muito fofa, que ficava vermelhinha rindo das minhas piadas. Detalhe: só ela entendia!
Quando voltei ao Brasil, fui estudar no Elisa Ferrari Valls, em Uruguaiana. Detestava todas as aulas, exceto uma: a aula de português da Professora Helenice. Era uma figura aquela professora. Ao invés de dar aqueles textos chatíssimos de português do século passado, ela selecionava textos de músicas do Cazuza e do Renato Russo. Fazia a gente pensar, interagir, cantar e ser feliz. É claro que não posso esquecer do Manuelão, meu professor de educação física. Grisalho, carrancudo, durão e muito muito competente. Ai de quem parasse no meio do exercício! Ele fazia a gente pagar abdominal e polichinelo até desmaiar! Mas ninguém pensava em faltar a aula dele, porque tinha um carinho especial por cada um dos alunos. Maravilhoso. Até deu uma de cupido quando um menino da escola se interessou por mim. Não vou citar nomes, mas ele ajudou o cara a tramar um encontro comigo. E se divertia à bessa vendo minha cara vermelha. Me chamava de "menina dos olhos", porque achava meus olhos lindos. Saudades Manuelão. Tenho certeza que Deus está muito feliz tendo-o bem pertinho Dele.
À todos os meus professores especiais, meu carinho e meu respeito.

Juliana


Uma pessoa que respeito e admiro.

Doutoranda em Arabian Gulf Studies da University of Exeter,UK e Mestre em Relações Internacionais pela UnB. Em 2005, foi delegada observadora na 62ª. Sessão Anual da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra. Foi conselheira para assuntos internacionais da presidência do Palestine Monitor porta-voz de uma rede de 97 ONG´s palestinas, sediada em Ramallah, na Palestina Ocupada, onde residiu por 4 anos, também assessorando uma liderança da sociedade civil palestina candidato nas eleições presidenciais e atuado como observadora internacional de monitoramento eleitoral em eleições nacionais presidenciais e legislativas. Foi também diretora de projeto de ONG britânica para assistência a refugiados iraquianos residentes no Reino Unido, tendo também trabalhado em Dubai, como diretora do Brazilian Business Center, e residido no Kuwait e em outros países do Golfo. Atualmente membro do corpo docente (pós-graduação e graduação da UNILASALLE)

Livros

Dica: Leiam "O Islã" de Paulo Daniel Elias Farah.
Paulo Farah possui graduação em Língua e Literatura Árabe pela Universidade de São Paulo (1994), graduação em Letras Português pela Universidade de São Paulo (1994), graduação em Processamento de Dados pela Faculdade de Tecnologia Americana (1993), mestrado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (2003) e doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (2004). Atualmente é professor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Árabe e teoria literária, atuando principalmente nos seguintes temas: oriente médio, islamismo, cristianismo, áfrica e manuscritos. Pós-doutorado em história social.

domingo, 21 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Kibe

O kiiiiiiiiibe da Jihaaaaaaaaaaaan (Saudades Cristina)!!!
Uma boa pedida para o final de tarde de uma sexta-feira!!!
Ingredientes:
250 g de trigo para kibe
1/2 quilo de carne moída sem gordura (patinho)
1/2 maço de salsa
1/2 maço de cebolinha
1/2 maço de hortelã (só as folhas)
1 cebola grande
1 colher (sopa) de sal
1 colher (chá) de pimenta do reino
1 colher (chá) de tempero árabe

Modo de Preparar:
Coloque o trigo de molho por meia hora. Passe a carne moída no moedor, junto com a cebola cortada em cubos, a salsa, a cebolinha, a hortelã e todos os temperos. Retirar o trigo da água, espremendo com as mãos, até retirar todo o excesso de água. Misture o trigo com a mistura de carne e passe novamente no moedor. Amasse a massa do kibe com as mãos, até que fique bem misturada, evitando que partes fiquem com mais tempero que outras. Retire porções da massa, no tamanho de sua preferência e molde o formato do kibe (mais gordinho no meio e mais fininho nas pontas). Coloque na frigideira uma quantidade de óleo suficiente para cobrir os kibes, aqueça bem e frite os kibes até que fiquem dourados. Retire do óleo e escorra bem. Sirva quente.
Sahten!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Petróleo

Ouvi de um renomado professor que o centro do mundo deixará de ser o Oriente Médio em pouco tempo. Talvez em tres décadas. O motivo? O fim do petróleo, óbvio. Ah é? E onde será o novo centro do mundo? Qualquer país situado na linha do equador, capaz de produzir combustível à partir de plantas oleagenosas.
Talvez leve mais tempo do que ele supõe para que isto aconteça, mas levando-se em consideração que Mino Carta publicou alguns artigos interessantes falando do interesse dos grandes investidores internacionais na compra de terras no norte do Brasil para o cultivo da mamona, do dendê e de outras oleagenosas, até que faz sentido. Principalmente quando se trata de investidores do calibre de Bill Gates e George Soros, que ditam as regras das novas tendências mundiais em termos de investimentos.
Está certo, mas e o Oriente Médio? Ah é, o Oriente Médio! Bom, provavelmente a carcomida economia dos Estados Unidos da América vai perder o interesse por Israel e tentar desmistificar a grande mentira do século, até porque, sem combustível no Oriente Médio, não tem porque continuar com o pé plantado num punhado de areia.
E aquela estorinha de terra prometida? Ah, eles mudam os "fatos" históricos de novo, plantam umas peças arqueológicas em outro lugar e apresentam um pedido de desculpas ao povo palestino, via e-mail.
Mas eles alegam que Israel é uma realidade irreversível, eu disse! Que isso Jihan?! Qualquer realidade é reversível quando se trata de interesses financeiros. E lá sempre foi interesse no petróleo e nas riquezas do lugar. Agora eles sugaram o que tinham que sugar, portanto, não existe mais razão de continuar investindo num lugar que dá mais dor de cabeça que frutos. Taí a visitinha do Obama ao Egito e o discurso arrependidinho que não me deixa mentir.
Bastante convincente, mas não consigo acreditar que tanto sangue derramado acabe assim. Quando eu disse isso, ele foi definitivo: Não foi em vão! Desde que o mundo é mundo, que os seres humanos lutam para demarcar territórios, mas quando a água seca e o alimento acaba, eles a abandonam e vão procurar outro terreno fértil onde possam recomeçar suas vidas. Sempre foi assim e sempre será assim. Questão de sobrevivência.
Pode ser! Tomara que acabe logo então. Mas nunca vai deixar de ser revoltante. Claro que achei a explicação muito crua e simplista, mas bastante lógica se observado o curso da história de uma forma geral. Não sei não. Eles passaram 61 anos contando mentiras para várias gerações. Será que daria para mudar o rumo desta história? Será que Israel é só dinheiro americano? Ainda é cedo para dar palpite, mas começo à ver uma luz no fim do túnel. Quem sabe poderei levar minhas filhas para conhecerem Jerusalém, Jaffa, Hebron, Belém, Nazaré e a nossa amada Abbasyieh. Quem sabe poderei sentir o cheiro do zaatar e da sálvia nas planícies. Quem sabe poderei ver o monte das oliveiras e me banhar nas águas de Tibérios. Quem sabe!

Meu Herói


Edward Said
Intelectual palestino que viveu e morreu defendendo uma Palestina livre, unificada e o direito dos palestinos ao retorno à suas terras.
À você, Edward, meu herói, minha mais orgulhosa homenagem.

Geraldo

Falei à alguns dias atrás sobre amigos especiais, que me abraçaram com a alma quando cheguei à Brasília. Hoje quero falar de um amigo em especial: Geraldo. Sabe aquelas pessoas compenetradas que te causam um certo desconforto no primeiro contato? Pois é, Geraldo causa este impacto, seguido de vários pontos de interrogação, do tipo"o que será que ele está pensando?" ou "por que ele me olha assim?".
Passado o impacto inicial, o que se revela por trás daquele olhar é uma inteligência ferina, uma alegria desconcertante, uma pessoa espetacular. Geraldo é analítico, mas não guarda suas análises para sí, pelo contrário, adora coloca-las aos interessados, como todo bom geminiano. Geraldo é loquaz, capaz de arrancar suspiros até de quem não entendeu bulhufas do que ele está dizendo. Geraldo é autêntico, sempre imitado, nunca um imitador. Geraldo sabe apreciar o que é bom, algumas vezes fazendo pose de Albert Camus, outras de Morrisey, mas sempre com impecável elegância.
Geraldo é meu amigo. Geraldo é meu querido. Geraldo é quem admiro.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Palestina em Primeiro Lugar

Você sabia?
- Que a Palestina foi a terra da primeira mensagem celestial.
- Que na Palestina estão enterrados os corpos do Profeta Abraão e seu filho, na cidade de Hebron.
- Que as terras palestinas foram as mais disputadas desde os tempos dos Cananeus.
- Que os Filisteus, que deram origem ao povo palestino, chegaram às terras palestinas desde 473 a.C.
- Que a primeira assembléia legislativa do mundo foi criada na Palestina, tendo um representante de cada tribo.
- Que Jesus Cristo nasceu nos campos de Beit Sahur, próximo à Belém e que abençoou as terras de Nazaré.
- Que o alfabeto palestino original possuía 34 letras, mas muitas foram esquecidas com o tempo e outras foram adotadas como parte do idioma hebraico, negando sua origem palestina.
- Que na Palestina o clima é dividido em quatro tipos, sendo que esta divisão é considerada quase impossível para uma área territorial tão pequena, mas que inclui o clima das montanhas, da costa marítima, do deserto e das planícies.
- Que, segundo os geólogos, o Monte Branco, situado na cidade de Nablus, move-se um milímetro diariamente, fato que obrigou as autoridades à construírem uma barreira de concreto, mas que não tem adiantado muito.
- Que a uva palestina é considerada a melhor em qualidade, em nível mundial.
- Que os palestinos foram os primeiros a utilizarem a tâmara, a laranja, o limão e o melão como alimento.
- Que a primeira cidade do mundo é a cidade de Jericó.
- Que os primeiros medicamentos foram extraídos da hortelã, da sálvia e do zaatar (tomilho) cultivados nos montes da Palestina.
- Que quatro cidades palestinas faziam parte das 12 cidades do império helênico, são elas: Bisan, Nablus, Akka e Jaffa.
- Que as mulheres palestinas foram as primeiras à cantar para os homens, como forma de incentiva-los à enfrentar as guerras.
- Que o primeiro historiador do mundo é palestino e que seu primeiro livro faz parte do acervo do museu do Louvre.
- Que os palestinos foram os primeiros a adotar a marcenaria como profissão.
- Que os Omaritas foram os primeiros à criarem técnicas de amansar cavalos.
- Que uma mulher comandou o primeiro exército filisteu.
- Que os palestinos criaram o pastoreio.
- Que a primeira Qibla dos muçulmanos foi Jerusalém (antes de Mecca).
- Que os arqueólogos encontraram a primeira jarra de água na Palestina em 1897 e foi considerada a jarra mais antiga do mundo.
- Que a primeira guerra ocorrida entre dois exércitos aconteceu na Palestina.
- Que os primeiros seres humanos viveram na Palestina e, segundo o alcorão sagrado, os últimos também viverão lá.
- Que os palestinos foram os primeiros a praticar a natação.
- Que a primeira produtora de filmes, a Condor Films, tinha sede em Jerusalém.
- Que a primeira seleção de futebol árabe foi a Seleção Palestina formada em 1928.
- Que a seleção de futebol palestina foi a primeira seleção árabe à participar de um campeonato mundial em junho de 1929, perdendo para a seleção da Inglaterra por 2x1 na cidade de Jerusalém.
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LABANE

Coalhada Seca
Ingredientes:
1 litro de leite integral morno
1 copo de yogurte natural integral
1 colher (café) de sal
1 colher (sopa) de azeite

Modo de Preparar:
Coloque o yogurte integral numa tigela e mexa-o um pouco com uma colher. Misture ao leite morno e deixe descansar em local aquecido por 24 horas. Quando tiver a coalhada formada, retire o excesso de soro. Estenda um pano de prato limpo e seco numa peneira de metal e derrame a coalhada sobre o pano. Tampe a coalhada e deixe escorrer todo o soro. Este processo leva cerca de 12horas. Coloque a coalhada numa tigela, acrescente o sal e o azeite e misture até formar um creme. Sirva com azeite e torradas.
Sahten!

Internet

Sou viciada em internet. Fuxico daqui, espio dali, vejo um video, escrevo um nome no google e busco, enfim, sou uma curiosa incorrigível. Mas o que mais me dá prazer é escrever o nome de alguém que conheço ou já topei por aí e ver em quantos sites é possível localizar esta pessoa.
Hoje, só por peraltice, escrevi meu sobrenome, Arar, em árabe claro. Levei um susto com a quantidade de páginas, nomes e referências à minha família. Não deu para fuxicar nem uma pequena parte do que encontrei. Parei numa página do youtube, onde encontrei um vídeo em homenagem à um mártir palestino: Naji Arar (http://www.youtube.com/watch?v=9piua1iuirA). Tentei investigar o nome para saber se pertencia ao mesmo vilarejo de onde veio minha família. Nada. Então procurei nos arquivos palestinos sobre as famílias da diáspora de 1948. Lá estava a família dele. Pertence ao vilarejo de kufr Thuluth.
Fiquei imaginando o que é perder um filho na flor da idade. Rapaz jovem, bonito, cheio de vida, que se vivesse em outro país, em outro ambiente, em outro contexto, talvez seria um funcionário de uma empresa, talvez tivesse uma namorada ou noiva, talvez faria planos para se casar e ter filhos, talvez planejasse comprar uma casa, um carro do ano quem sabe, mas não. Ele morreu como mártir da resistência palestina.
Nossos rapazes que vivem na Palestina, que enfrentam Israel e seus exércitos selvagens todo o santo dia, só tem uma única perspectiva: combater a ocupação israelense até a morte. Eles até que sonham em se apaixonar por uma linda menina, sonham com o casamento, com uma casinha bonitinha, mas a realidade deles é cruel demais para que os sonhos durem mais do que alguns instantes. Eles são acordados diariamente por tiroteios, bombardeios, casas destruídas, lares dilacerados e muitos corpos nas ruas. Corpos de mulheres, de crianças, de jovens, de velhos. Esta é a realidade dos jovens palestinos. E quando se revoltam e jogam pedras em tanques de guerra, ainda são chamados de terroristas pela mídia internacional. É muito estranho, como ainda se pode manipular a informação em tempos de internet.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Makbous

A deliciosa conserva de beringelas. Muuuuuito boa!!!
Ingredientes:
1 kg de beringela pequena para conserva
10 dentes de alho
1/2 maço de salsa
2 colheres (sopa) de sal
150 g de amendoas
150 g de nozes
500 ml de azeite

Modo de Preparar:
Faça um pequeno corte lateral nas beringelas e deixe por cinco minutos em água fervente. Retire e escorra bem. Corte o alho e as amendoas em lâminas e coloque numa tigela, acrescente a salsa picada bem fininha, as nozes picadas grosseiramente com faca e o sal. Misture bem. Abra um corte ao longo das beringelas de um lado só (como se corta o pão francês), recheie com a mistura e coloque num vidro grande esterilizado. Prense bem as beringelas no vidro. Acrescente o azeite até cobrir a altura de 1 cm acima do nivel das beringelas. Mantenha esta conserva na geladeira por duas semanas e depois delicie-se com esta maravilha.
Sahten!

CAIXINHA

Passei a vida mudando de um lugar para outro, de um país para outro, de uma cidade para outra. Deixei para trás muitas pessoas queridas, muitos vidrinhos de perfume que queria ter levado comigo, muitos objetos que estimava, mas que não cabiam na mala. Quando comecei a atinar para o fato de que deixava pedacinhos de mim em cada lugar, passei a me preocupar em guardar coisinhas pequenas, como um boton do Tchê Guevara que roubei da jaqueta do Luciano (ele jura que permitiu o roubo), uma camiseta da Prole Proibida que fiz o Adão tira do corpo em plena Porto Alegre para levar de lembrança comigo para a Jordânia, a carteirinha do Grêmio Estudantil da Batata, que ela nem imagina que está comigo, uma medalhinha de ouro que o Fuad me deu quando nos despedimos em Amman, uma figa que surrupiei do colar da minha tia Muna, e muitas, muitas outras bugigangas que talvez não representem absolutamente nada para os verdadeiros donos, mas para mim são peças de um mosaico que conta a minha história.
Estão todas lá, guardadas numa caixinha de madeira, no fundo do meu armário. Quando a saudade aperta, abro minha caixinha e remonto a minha história. Outro dia, remexendo na caixinha, ví o prendedor de gravatas do meu pai. Ele ia jogar fora, depois de um casamento, mas eu guardei. Junto com o prendedor, ficou guardada a imagem do meu pai, de terno e gravata, rindo e batendo palmas num casamento palestino em Uruguaiana. Acho que foi o último casamento que presenciamos juntos. Meu pai estava feliz, minha família estava toda ali, estavamos todos bonitos e bem elegantes. É, foi uma das últimas ocasiões em que estivemos todos juntos.
Porém, tem um fato importante: Não guardo nada por nostalgia. Minha caixinha é alegre, só trás coisinhas boas dentro dela. Segundo Mário Quintana, é assim que tem que ser, pois os momentos tristes, o tempo se encarrega de apagar.

domingo, 14 de junho de 2009

Suzana

Quero dedicar uma mensagem especial à minha amiga Suzana. Esta moça é uma daquelas pessoas que entram devagarinho em nossas vidas e acabam ficando para sempre.
Suzana é alegre. Suzana é feliz. Suzana é alto atral. Suzana é positiva. Suzana é bonita. Suzana é engajada. Suzana é forte. Suzana é perseverante. Suzana acredita. Mas o que eu acho de mais bonito na Suzana é que ela é sensivel, honesta, guerreira e ama a vida.
Suzana é assim. Mas ainda faltaram alguns adjetivos que as palavras são incapazes de descrever, porque Suzana é sentimento, Suzana é emoção, Suzana é talento, Suzana é amor, Suzana é dedicação.
Suzana não é só isso. Suzana é muito mais...muito mais!!!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

AMIGOS

Hoje recebi uma homenagem especial do meu amigo Luisinho!
Quando cheguei à Brasília, em 30/12/1986, fui calorosamente recebida por pessoas infinitamente especiais. Hernane, Vitor, Luisinho, Tia Socorro, Tio De Assis e família, Vanessa, Rose, Alessandra, Arquimedes (Médy) e muitos, muitos outros amigos queridos.
Apesar de ter chegado aqui com uma singela recomendação do meu amigo Walter Gomes, que conheci na Jordânia e que cuidou de mim, sob o comando do capitão Ali e seu fiel escudeiro Fuad, fui recebida como uma pessoa da família, ou melhor, membro de todas as famílias destas pessoas maravilhosas. Fui cercada com carinho absoluto, com cuidado extremo e me senti em casa desde o primeiro minuto em que pisei nestas terras candangas.
Tinha deixado para trás a minha família, meus amigos de infância, minha terra natal, meu lar. Mas aqui eu encontrei um novo lar, tão caloroso quanto o anterior. Logo depois, conheci Suely, Léo, Geraldo, Marly, Mana, Marlon, Julio, Edson, Macaé, Radwan e Nasser. Novamente fui abraçada por estas pessoas maravilhosas que me acolheram e me deliciaram com suas amizades tão verdadeiras, que tempo nenhum é capaz de apagar. Ainda neste contexto, Deus me presenteou com mais uma pessoa especial: Ana, que foi a minha base sólida, minha irmã mais velha, aquela que me dava broncas e cuidava de mim em tempo integral.
É claro que nenhum recomeço é fácil, mas estas pessoas conseguiram fazer com que tudo ficasse mais bonito, mais acolhedor, mais aconchegante e mais humano.
Além é claro de ter sido pseudo-adotada pelas famílias dos meus amigos, portanto, aí vai minha homenagem à Tia Socorro, à Tia Dalva, à Tia Elza e à Tia Lili. Obrigado, de verdade!
Mas como Deus sempre foi muito generoso comigo, ainda colocou no meu caminho a Elenice e o Rogério, a Eloá e o Pedro, a Lily e o Amin, Allan e Rodrigo, Walkiria, Cristina,Ruthinha, Yannis e Andréia, Rodrigo e Michele, Magda, Neide, Saraiva, Sofia e tia Salma, todos muito muito especiais.
Hoje considero que tenho uma família gigante, pois não consigo me imaginar sem todas estas pessoas maravilhosas me cercando.
Para quem chegou aqui com uma mão na frente e outra atrás e um objetivo na cabeça, até que eu me dei bem! Para coroar toda esta grande prole, ainda recebi de presente duas coisinhas lindas, que fazem da minha vida um verdadeiro paraíso: Lara e Laura, minhas filhas, amigas e companheiras.
Quero agradecer à Deus por me abençoar com tanta felicidade, tanto carinho e tanto amor que recebi ao longo da minha vida. Deixo aqui meu agradecimento à todos os meus amigos que fizeram parte da minha vida e me privilegiaram com tamanha amizade! Obrigado!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

41 Anos - 61 Anos

Completarei 41 anos daqui à alguns dias.
A Nakba (diáspora palestina) completou 61 anos à alguns dias atrás.
Há 41 anos, minha família estava fugindo de Ramallah para Jericó e de lá para Amman, tentando sobreviver aos bombardeios, tiros, soldados, tanques, e toda a selvageria da guerra.
Minha mãe estava grávida, já no nono mês de sua primeira gravidez. Andava o dia todo e descansava à noite em acampamentos improvisados na beira da estrada de terra. Meu pai estava aflito, com medo de que eu nascesse antes da hora. Minha avó paterna rezava, meu avô tentava manter toda a família unida.
Talvez pareça imcompreensivel para alguns estas datas desencontradas. Eu explico. Em 1948, ocorreu a primeira invasão à Palestina, quando os israelenses tomaram 73% das terras, enquanto, segundo o Acordo de Belfour, deveriam ficar com 53% das terras. Os palestinos que fugiram dos bombardeios ocorridos na parte invadida da Palestina, se refugiaram na Cisjordânia, onde fica Ramallah. A cidade natal dos meus pais, Abbasyieh, estava situada nesta primeira parte invadida, então minha família se refugiou para Ramallah, junto com os outros moradores e ficou num acampamento até conseguir uma nova moradia e trabalho. Passaram-se quase vinte anos quando ocorreu a segunda invasão e os israelenses tomaram o que restou da Palestina, contrariando os acordos internacionais, a ONU, o Conselho de Segurança e todos os Estados que se diziam partes do acordo. Todos, menos os palestinos, porque estes sequer foram consultados sobre a repartição de suas terras.
Quando ocorreu a segunda invasão, em 1967, os palestinos foram encurralados em Jericó (o mesmo que ocorreu em Gaza recentemente), e lá ficaram até obterem a permissão do Governo da Jordânia para atravessar a fronteira. Muitos se perderam nesta emboscada, outros já estavam debilitados demais para continuar.
Minha família suportou, atravessou a fronteira e chegou à Amman. Nasci alguns dias depois. Tive sorte.
Hoje estou aqui contando minha história, depois de 41 anos e pensando que talvez, se minha família não tivesse atravessado aquela fronteira, eu não teria o privilégio de estar aqui, escrevendo neste blog e compartilhando com muitas pessoas queridas a história de sofrimento do meu povo.
História esta que o mundo, surpreendentemente, assiste calado há 61 anos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tak Takieh

Dizem que as brincadeiras de crianças refletem o espírito de um povo. Eu acredito nisso piamente. Rebuscando algumas das cantigas que repetiamos na escola, notei que quase todas trazem versos sobre a diáspora palestina, sobre o sofrimento, a fuga, os lares deixados para trás, as oliveiras, as parreiras, algumas referências à terra, como não deixar escaparr o último punhado de areia da mão.
Foi assim que cresci, repetindo cantigas sofridas de quem perdeu o lar, de quem perdeu o chão e viu-se jogado numa nova realidade por uma imposição selvagem.
A cantiga que mais ficou gravada na memória, foi a da brincadeira de trocar o chapéu. Faziamos uma roda de crianças sentadas no chão e uma corria em volta carregando um chapéu na mão. Quando acabávamos de cantar, a criança que estava em pé colocava o chapéu na cabeça de outra que estava sentada. Esta por sua vez levantada e dava voltas com o chapéu, repetindo a brincadeira. Mas a questão é o que se dizia nos versos que cantávamos. Vou tentar traduzir com certa fidelidade:
Tak Tak Takie - cha cha chapéu
O ana bala hawieh - Eu estou sem documento
Ren ren ya jaras - Toque toque o sino
Khanjar fe dahri engharas - enfiaram uma adaga em minhas costas
Tak tak ya abu el tok - Ele aguentou, ó dono do círculo (círculo - referência aos países do centro do Oriente Médio)
Ya bladi ana koli shok - Ó minha terra, estou cheio de saudades

Minha geração foi a primeira nascida logo depois da diápora palestina. Minha geração absorveu todas as reações imediatas de instabilidade, de dor, de perda, de injustiça, de isolamento e da falta de referência. Isso sem mencionar o Setembro Negro. O medo que assolou os acampamentos palestinos na Jordânia naquela época era assombroso. O estado de sítio era outra tortura para quem já tinha sofrido tantas outras. Foi no meio de tudo isso que brotou a minha geração, sem liberdades, sem brinquedos, sem alimentos suficientes. O que nos restava era cantar. E cantávamos muito, muito, muito e dessas cantigas tirávamos nossas forças para crescer, resistir e continuar, até hoje, nossa resistência palestina.

Copa 2014

Guia da CBF para a Copa de 2014
Enviado pelo meu querido amigo Cleber Machado

'THE BOOK IS ON THE TABLE'
Quando o Brasil sediar a Copa de 2014, muitas pessoas estarão por aqui, de diversos locais do mundo, com vários idiomas.
Sendo assim,fica imprescindível o aprendizado de outros idiomas (em particular o inglês), para a melhor comunicação com os turistas!
Pensando em auxiliar a comunicação, foi formulada uma solução práticae rápida!!!Chegou o sensacional e insuperável curso 'The Book is on the Table', com palavras para você usar, não só durante a Copa do Mundo de 2014, mas também em seu dia-a-dia. Veja como é fácil!
a.) Is we in the tape! = É nóis na fita.
b.) Tea with me that I book your face = Chá comigo que eu livro sua cara.
c.) I am more I = Eu sou mais eu.
d.) Do you want a good-good? = Você quer um bom-bom?
e.) Not even come that it doesn't ha ve! = Nem vem que não tem!
f.) She is full of nine o'clock= Ela é cheia de nove horas.
g.) I am completely bald of knowing it. = Tô careca de saber.
h.) Ooh! I burned my movie! = Oh! Queimei meu filme!
i.) I will wash the mare. = Vou lavar a égua.
j.) Go catch little coconuts! = Vai catar coquinho!
k.) If you run, the beast catches; if you stay, the beast eats! = Secorrer, o bicho pega, se ficar o bicho come!
l.) Before afternoon than never. = Antes tarde do que nunca.
m.) Take out the little horse from the rain = Tire o cavalinho da chuva.
n.) The cow went to the swamp. = A vaca foi pro brejo!
o.) To give one of John the Armless = Dar uma de João-sem-Braço.
Gostou? Quer ser poliglota? Na compra do 'The Book is on the table',você ganha, inteiramente grátis, o incrível'The Book is on the table - World version'!!!
Outro s exemplos, de outros idiomas, dessa 'versão do mundo':
CHINÊS
a.) Cabelo sujo: chen-champu
b.) Descalço: chen chinela
c.) Top less: chen-chu-tian
d.) Náufrago: chen-lan-cha
f.) Pobre: chen luz, chen agua e chen gaz
JAPONÊS
a.) Adivinhador: komosabe
b.) Bicicleta: kasimoto
c.) Fim: ka-bod.) Fraco: yono komo
e.) Me roubaram a moto: yonovejo m'yamaha
f.) Meia volta: kasigiro
g.) Se foi: non-ta
h.) Ainda tenho sede: kero maisagwa
OUTRAS FRASES, EM INGLÊS:
a.) Banheira giratória: Tina Turner
b.) Indivíduo de bom autocontrole: Auto stop
c.) Copie bem: copyright
d.) Talco para caminhar: walkie talkie
RUSSO (também! - esse livro é incrível!)
a.) Conjunto de árvores: boshke
b) Inseto: moshka
c) Cão comendo donut's: Troski maska roska
d.) Piloto: simecaio patatof
e.) Sogra: storvo
ALEMÃO (o livro é realmente fantástico!)
a.) Abrir a porta: destranken
b.) Bombardeio: bombascaen
c.) Chuva: gotascaen
d.) Vaso: frask
e.) Merda: vasko

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pelo Mundo

Hoje resolvi acessar o messenger para conversar com meus parentes. Falei com meu primo na Jodânia, com um parente na Dinamarca, com outro primo na Holanda, com um tio na Alemanha e meu tio predileto, Amin, em Dubai, nos Emirados Árabes. Dei um tempinho para fazer um lanche e acessei novamente. Desta vez, encontrei online meu tio que mora em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, mais um primo que mora em Ramallah e dois outros parentes, um na Inglaterra e outro na Síria.
Encerradas as conversas virtuais, parei para pensar em como os palestinos estão agora. Todos distantes. Cada um de nós foi parar em um canto do mundo. Em lugares estranhos, no meio de pessoas estranhas, para recomeçar a sua vida e fingir que o que ficou para trás é passado.
É! Eu estou aqui no Brasil e as pessoas que são do meu sangue estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Eu também finjo que o que ficou para trás é passado, mas meu coração me dá rasteiras, a saudade aperta e a vontade de juntar todos em um só lugar é implacável.
Mas onde juntariamos todos? Qual seria o lugar escolhido, se todos os lugares são estranhos? Para a Palestina não podemos ir e todos os outros lugares são novos lares de uns, mas não seriam de outros.
Triste sina a nossa. Pertencemos à uma terra que não podemos nem visitar e fingimos viver bem em terras nas quais somos considerados estrangeiros. Este sentimento de perda nos persegue onde quer que estejamos. Este é o sentimento que assombra a todos nós palestinos.

Jaffa


Kilayet Bandora

Não podia faltar nos jantares da nossa família. Considerada uma das entradas típicas da culinária palestina, na verdade não passa de tomate frito, mas feito com um jeitinho especial.
Ingredientes:
3 tomates grandes maduros picados grosseiramente.
2 dentes de alho picados
1 cebola picada
sal e pimenta do reino
3 colheres (sopa) de azeite

Modo de Preparar:
Aqueça o azeite numa frigideira grande e antiaderente. Acrescente a cebola e deixe refogar. Acrescente o alho e refogue levemente. Por último, acrescente o tomate, a pimenta do reino e o sal e deixe refogar bem, até que o tomate esteja desmanchando. Sirva quente.

Dica:
É uma boa pedida para uma mesa de tira-gostos, já que se trata de um prato leve. Um bom coadjuvante para mesas informais.

Conserva de Pimenta Doce

Ingredientes:
4 pimentas americanas
1 pimentão vermelho
1 pimentão amarelo
1 pimentão verde
1 copo de suco de limão
1 colher (sopa) de sal
Azeite
1 pote de vidro estirilizado

Modo de Preparar:
Corte as pimentas e os pimentões em cubos bem pequenos. Misture bem e coloque no pote de vidro. Misture o limão com o sal e adicione. Por último cubra com azeite suficiente para cobrir as pimentas. Coloque na geladeira por uma semana até curtir bem.

Dica:
Esta conserva serve para temperar saladas, queijos e beringela frita.

Beringela com Coalhada

Ingredientes:
2 beringelas médias cortadas em fatias finas e fritas
1 copo de yogurte natural
2 dentes de alho
3 colheres (sopa) de salsa picada
Sal à gosto
Azeite à gosto

Modo de Preparar:
Após fritar as beringelas e escorrer o excesso de óleo, disponha-as numa baixela. Soque o alho até ficar pastoso, misture-o com o yogurte natural e o sal e espalhe- o sobre a beringela. Por último, espalhe a salsa e o azeite.

Dica:
Este prato serve como entrada, acompanhado de pão árabe e picles.

HASIREH

Levaria horas e mais horas para contar o ritual palestino de tecer esteiras de palha, mas vou tentar sintetizar o assunto.
Minhas avós me contaram que na Palestina existe um tipo de palha bastante resistente, ou pelo menos exisitia, que era usada para fabricar esteiras, bandejas, cestas e outros apetrechos. Vou me ater às esteiras, conhecidas como "hasireh". Minhas avós colhiam a palha, deixavam-na de molho por algumas horas, algumas com tintura colorida, outras in natura. Secavam-na e teciam lindas esteiras para cobrir o chão das casas. As "hasires" são uma verdadeira demonstração da arte palestina. Nunca existirão duas iguais. Os desenhos eram improvisados na hora, numa mistura deslumbrante de cores.
Fora o uso da "hasireh" como tapete, eram usadas também como uma espécie de toalha para refeições. Até pouco tempo atrás, o ritual de estender a "hasireh" era obrigatório e até dava um certo status às familias.
Minha memória viaja agora para a Jordânia, para a casa dos meus avós, para a hora do café da manhã. Lá estava minha avó assando o pão no forno de barro, minha tia cortando o queijo que vinha em latões de Nablus "Jibneh Nabelsieh", minha outra tia servindo azeitonas, azeite e zaatar da Palestina, minha mãe cortando verduras para a salada, meu avô Mahmud vindo da rua carregando os pratos de Homos, Ful e Falafel, meus tios, ainda adolescentes, brigando para guardar as roupas de cama, enfim, toda aquela muvuca de família grande.
Nos sentávamos em colchões no chão, em volta da "hasireh" repleta de coisas deliciosas, cheirosas, apetitosas. Era um ritual único, alegre, descontraído e cheio de calor humano. Meu avô contava histórias engraçadas, meus tios contavam piadas, minha avó falava baixinho tentando manter a ordem, minha mãe toda tímida diante da família do marido, meu pai com cara de galã dos anos sessenta contando vantagens.
Este era o espírito de quem comia numa "hasireh". Hoje comemos em mesas lindas de madeiras nobres, com pratos de porcelana e talheres de aço inoxidável, com um paladar sintético e uma solidão assustadora. Prefiro a "hasireh", o azeite com zaatar, o queijo de Nablus e a alegria de um lar verdadeiro.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Bismillah

Minha filha Laura é uma curiosa de plantão. Apaixonada por animais, natureza, meio ambiente, terapias alternativas, massagens, óleos essenciais, é a típica "bicho-grilo"! Mas, como era de se esperar, chegou a hora de fazer perguntas sobre a cultura árabe. Ontem ela perguntou o que significa "Bismillah". "Em nome de Deus", eu respondi. A pergunta seguinte foi "porque você diz isso antes de tudo?".
Taí, nunca tinha parado para pensar nisso! Nós árabes muçulmanos falamos o nome de Deus antes e depois de qualquer coisa. Antes e depois de levantar da cama, antes e depois de comer, antes e depois de sair de casa, antes e depois de entrar no trabalho. É bom! Dá uma sensação de paz.
Usamos também outras expressões bastante interessantes, como "yeslamo edek", que quer dizer: Deus abençoe suas mãos, quando alguém nos dá algo, ou "Allah Yehfazak- Deus te proteja", quando alguém nos faz um favor.
Portanto, as mensagens de Deus intercalam os diálogos simples do cotidiano dos árabes e isso, por sí só, já é uma dádiva.
Minha Laura achou muito bonita a explicação e disse que vai incorporar as expressões aos diálogos dela, mesmo que esteja falando em português. Como dizia minha mãe: O sangue nunca vira água, o que significa que meu sangue árabe que corre nas veias da minha filha começou a se manifestar. Isto é uma dádiva de Deus, "Al Hamdo Lelah" (Graças à Deus)!

Shorabet Adas

Esta é a sopinha mais nutritiva que conheço. Ideal para os preguiçosos de plantão.
Ingredientes:
250 g de lentilhas
1 cebola média picada
sal à gosto
2 litros de água
limão
2 colheres (sopa) de óleo

Modo de preparar:
Refogue a cebola no óleo e acrescente a lentilha já lavada e o sal. Dê uma refogadinha de leve e acrescente a água. Deixe ferver até que a lentilha esteja desmanchando. Sirva em prato fundo e jogue umas gotinhas de limão para valorizar o sabor.

Acompanhamento:
Pão árabe torradinho no forno.

SANAUD

Voltaremos!
Este era o nome de um projeto da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), para os jovens palestinos no Brasil. O objetivo do projeto era a integração da comunidade jovem palestina no Brasil, através da cultura, da história, da tradição e interação com a sociedade brasileira. Bonito, se não tivesse tropeçado em vários preconceitos.
Infelizmente, a comunidade palestina no Brasil não é unida, não tem uma visão ampla do que é de fato importante para os jovens.
Falo isto por experiência própria. Durante vários anos, os poucos jovens palestinos que tiveram peito de encarar os preconceitos e levar o projeto adiante, sofreram com a discriminação, principalmente as meninas, que eram vistas como liberais "demais".
O Grupo Sanaud também sofreu com a falta de apoio e orientação por parte da Embaixada Palestina no Brasil, tendo que sobreviver dos escassos recursos dos próprios integrantes.
Fora estes percalços, durante a década de 80, o Grupo Sanaud teve muitos dias de glória, apresentações de dança "dabke" inesquecíveis, convenções, viagens, muita alegria e muitas amizades que ficaram guardadas no coração.
Se a comunidade palestina no Brasil tivesse levado adiante este projeto, com a seriedade necessária e dado a devida importância, talvez nossos jovens de hoje não estivessem tão distantes dos nossos valores, da nossa cultura e das nossas tradições.
Antes eu era uma integrante do Sanaud que batia de frente com o preconceito, hoje sou uma mãe preocupada em resgatar valores e repassa-los às minhas filhas, que não tem nenhum contato com a comunidade palestina.
Fico triste diante desta realidade e a comparação com a comunidade palestina no Chile se torna inevitável. Em Santiago do Chile temos uma comunidade sólida, viva, ativa, que não precisa de motivos para juntar seus integrantes nas Sociedades Palestinas, que funcionam como clubes e pontos de encontro. Acompanho, feliz, as atividades daquela comunidade, leio nos jornais sobre as festas maravilhosas e vejo jovens sorrindo, dançando, comendo nossa comida típica, falando de política, de cultura, de economia, de investimentos. Bonito de se ver!
Lanço aqui um chamado desesperado à nossa comunidade palestina no Brasil: Acordem!!!! Os nossos filhos e filhas estão perdendo tudo o que há de bonito na nossa cultura e a culpa é nossa. Larguem um pouco o balcão da loja e dediquem um dia da semana para resgatar nossa cultura, para integrar nossos jovens, para apresenta-los uns aos outros, caso contrário, nossa história irá embora junto com nossos velhos e nossos jovens ficarão perdidos em meio à memórias enfraquecidas.
Isto sim é um ato de irresponsabilidade diante dos nossos jovens.