Desde que anunciaram a troca de Gilad Shalit, o soldado israelense preso pelo Hamas num dos confrontos entre os palestinos de Gaza e o exército de Israel, por mais de 400 presos palestinos, fiquei tentando imaginar o valor da vida de um palestino na visão dos judeus.
Parece que não vale nada, nadinha mesmo, não somente na visão dos judeus, mas também dos americanos e europeus.
Ontem, depois que a imprensa noticiou, em primeiro momento, a soltura dos presos palestinos, fiquei vendo como esta conduziu o fato. De um lado um único soldado israelense, jovem, magrinho, com cara de derrotado e sofrido, sendo recebido pela família emocionada que ficou cinco anos sem ver o filho, milhares de judeus comemorando o fato e um abraço apertado de Benyamin Netanyahu, o Primeiro Ministro de Israel. Do outro lado, centenas de palestinos maltrapilhos, de barbas longas, olhar perdido e sem saber o que dizer para a imprensa internacional. Alguns até fizeram ameaças, outros falavam com uma mistura de medo e emoção, mas nem por um momento houve uma cobertura sobre o estado emocional deles ou de suas famílias.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a proporção na cobertura jornalistica dos dois lados. Enquanto os âncoras de noticiários televisivos e jornalistas enchiam os olhos de lágrimas e emoções ao falar do pobrezinho do Gilad Shalit, aquele soldado armado até os dentes e treinado para matar qualquer alvo palestino que se movesse diante dele, os mesmos jornalistas noticiavam com resignação e uma ponta de ódio e revolta a notícia da soltura dos presos palestinos. A Fátima Bernardes chegou a tremer um olho de tanta revolta e o William Bonner nem fez questão de disfarçar o ódio em sua voz.
Nenhum jornalista se deu ao trabalho de perguntar à um preso palestino como foi passar mais de vinte anos nas prisões israelenses, se houve tortura, que tipo de tortura, qual o estado emocional daquele preso, se estava doente, como se sentia com a libertação. Nada. Ninguém perguntou nada aos palestinos. Parecia que de um lado havia um ser humano, do outro uma manada de búfalos.
Até agora, não consegui achar um único jornal, revista, tv, rádio ou site de internet, exceto os palestinos, que tenha se interessado em fazer uma entrevista com estes ex-prisioneiros para saber como se sentem. Em compensação, há filas de jornalistas em frente à casa de Gilad Shalit, se empurrando, se esbofeteando e esperando por uma oportunidade para falar com ele e saber como o coitadinho se sente.
Como disse um velho jornalista palestino: "Se morre um vira-latas do lado israelense, a imprensa mundial se mobiliza para investigar a causa da morte e se os palestinos são culpados pela morte do pobre cão, mas se morrem cem palestinos numa das ofensivas israelenses, a imprensa não publica uma linha à respeito e ainda duvida da veracidade da informação".
Parabéns pelo seu blog. Adoro seus artigos. Este artigo gostei especialmente e eu não conseguiria fazer melhor, então, se você me permitir gostaria de copiá-lo para o blog liberdadepalestina.blogspot.com e compartilhar no facebook. Pode ser?
ResponderExcluirClaro, sinta-se à vontade para reblogar os posts que você considerar interessantes. Fico muito feliz. Mas qual o seu nome?
ResponderExcluirAbraços
Jihan