Tive que dar uma gargalhada diante de tal pergunta. "Como é que você pode ser uma muçulmana, se você não usa véu?". Hã? E qual é o problema de ser uma muçulmana e não usar véu?
Foi aí que me veio à mente as imagens dos filmes hollywoodianos, onde sempre mostram as mulheres muçulmanas cobertas dos pés à cabeça, andando cabisbaixas e com uma atitude submissa.
Foi essa a imagem propagada aos quatro cantos do mundo. Até hoje, não vi nenhum programa, filme, documentário, novela ou noticiário mostrando a mulher muçulmana moderna. Nenhum meio midiático está interessado em mostrar esta nova mulher independente, atualizada, conectada, ligada nas tendências da moda e, sobretudo, dona do próprio nariz. Não faz sentido para a mídia ocidental desmitificar aquela figura horrível, construída com trabalho árduo e muita manipulação. Definitivamente, não é este o objetivo do ocidente. Basta lembrar da novela global O Clone, onde as mulheres muçulmanas não trabalhavam, não contribuíam para o orçamento da família e ainda eram gastadeiras e só pensavam em maridos e ouro...muito ouro. Esta é a imagem que querem perpetuar de nós muçulmanas.
Mas estamos à anos luz desta imagem. Hoje, a mulher muçulmana tem formação universitária, só se casa quando já tem um emprego rentável, só tem filhos quando decide tê-los e está ao lado do homem para construir uma família e não atrás dele.
São mulheres com a autoestima em dia, donas de si, seguras em seus propósitos e que só usam o véu por opção, nunca por obrigação ou imposição. Vale mencionar que a independência financeira e o poder aquisitivo das mulheres muçulmanas lhes permitiu o direito de escolha. Ou seja, foi um direito conquistado com perseverança e com a preservação dos valores femininos. Isto lhes garantiu serem vistas e tratadas com respeito pelos homens, que atualmente lhes conferem certa idolatria.
Definitivamente não gosto de comparações, mas às vezes me vejo obrigada a fazê-las diante de certos argumentos. Vamos ver a situação das mulheres ocidentais de hoje. Ganham 40% a menos que os homens, são escravas da imagem (leia-se magreza), sua autoestima anda bastante abalada devido ao entendimento errôneo da liberdade sexual, na qual os homens saíram mais beneficiados, estão arrependidas de pedir direitos iguais, fato que lhes acarretou obrigações iguais e uma tripla jornada, estão sobrecarregadas, estressadas e vulneráveis. Agora vamos à situação das mulheres muçulmanas. Elas não entraram na luta por direitos iguais mas souberam conquistar seu espaço no mundo moderno, são dóceis e sabem como fazer bom uso de sua feminilidade para atingir seus objetivos, que em princípio parecem pequenos, mas são bastante relevantes, são independentes financeiramente e equilibradas emocionalmente. Basta observar de perto um lar com uma família muçulmana moderna, onde o homem participa ativamente da criação dos filhos, contribui para as tarefas domésticas e enxerga a mulher como companheira de luta.
Se o ocidente continua fazendo uma relação direta entre véu e submissão, sinto muito pelo erro grotesco. O uso do véu é opcional na religião muçulmana e a criatividade feminina o transformou num item indispensável de moda, um verdadeiro charme que realça nossos exóticos olhos orientais.
Se você, que está lendo este texto, não quer passar por uma pessoa desinformada, procure ler sobre o papel da mulher no mundo árabe e muçulmano, incluindo países como Irã e Afeganistão, onde, apesar do radicalismo, as mulheres conquistaram posições de respeito na política e chegam a ocupar mais de 20% dos cargos importantes, ao contrário dos países ocidentais, onde o papel da mulher continua relegado a um segundo plano.
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