segunda-feira, 25 de março de 2013

Respirando!

Quem disse que alguém pode ter o controle sobre a própria vida? Se alguém me disser que sim, eu vou dar uma boa gargalhada!
Por mais rígidos que sejamos conosco e com tudo o que está à nossa volta, sempre surgem os imprevistos, os percalços, os acidentes de percurso, os erros.
Vejo pessoas à minha volta com agendas na mão, papel e caneta para fazer cálculos, tablets cheios de planos e projetos, cada segundo do dia devidamente calculado para não se perder tempo com bobagem. Ah tá! Mas será que estas pessoas estão no caminho certo? Será que estão enxergando de fato o que as faz feliz? Será que a vida se resume a estabelecer metas e cumpri-las?
Não sei não!
Eu tenho algumas metas e alguns projetos! Passei quase um ano e meio correndo contra o tempo para cumpri-las. Sabe o que eu ganhei com isso? Uma carga excessiva de estresse, noites de insônia, dores de cabeça avassaladoras e muita frustração.
Parei a alguns dias para pensar nisso. E se eu estiver trilhando o caminho errado? E se tudo o que eu fiz foi um esforço em vão? Será que não existem outros caminhos? Será que o meu raciocínio está correto?
Quando consegui parar mesmo e pensar nas minhas atitudes, descobri que fui muito afoita em alguns momentos, muito negativa em outros, muito ansiosa o tempo todo e que tudo isso só tem atrapalhado a minha capacidade de racionar e sintetizar as coisas.
Tudo bem que o ritmo de vida em Brasília não contribui em nada para que você tenha tempo de parar e pensar nos seus atos, mas daí a levar tudo a ferro e fogo só nos consome, exaure nossas energias e venda nossos olhos.
Tudo bem querer realizar as metas o mais rápido possível, mas é preciso dar tempo ao tempo, respirar, mentalizar as coisas positivas, sorrir, relaxar, ouvir uma música, meditar e entender que o universo gira em seu ritmo, não no nosso.
Lembrei das tardes de Rosário do Sul - RS, quando meus pais fechavam a loja, iam para casa, faziam um chá e sentavam-se na calçada para jogar conversa fora, junto com vizinhos e amigos. Mesmo com todos os problemas, as pessoas tiravam um tempo para o lazer, para a conversa frouxa e descomprometida, para as piadas e risadas, para aquecer o coração com as coisas boas.
Hoje só vemos pessoas correndo contra o tempo, sempre preocupadas com os compromissos, com metas a serem atingidas, com as aparências e o consumismo desenfreado, com a busca incessante da perfeição, com a busca do status e da riqueza.
Dormimos mal, comemos mal, amamos mal, respiramos mal, vivemos mal. E tudo isso para atingir metas. E qual é a meta? Ter uma vida confortável? Então gastamos todo esse tempo vivendo mal para ter uma vida confortável? Qual é a lógica? Em que momento a vida se torna, de fato, confortável?
E se reprogramássemos nossas vidas para ter momentos diários de conforto? Não seria esta uma forma de se ter uma vida confortável? Ou será que o conforto está intrinsecamente ligado ao dinheiro? Não creio! Ninguém precisa de tanto dinheiro assim para tomar um cafezinho com a família e os amigos. Ninguém precisa de luxo à sua volta e roupas caras para dar risadas. Exceto as pessoas fúteis, é claro, que vêem nisso o valor máximo da vida. Mas estou falando de pessoas essenciais, que se perderam no meio da corrida pelo ouro. Pessoas como eu que agora questionam tudo isso.
Há tantas coisas à nossa volta que precisam ser vistas. Tanto boas quanto ruins. O nosso parâmetro de comparação não deve se resumir a pessoas do nosso nível. Temos que ter uma visão mais universal das coisas. Por exemplo, não tenho um padrão de vida elevado, mas o meu vizinho tem um bem pior e precisa fazer acrobacias para pagar a conta de luz. Não tenho roupas caras, mas doei algumas roupas que fizeram uma família inteira feliz. Não posso pagar contas caras em restaurantes elegantes, mas sei cozinhar e posso comprar os ingredientes que preciso. Não tenho um emprego dos sonhos, mas o meu emprego paga as minhas contas e ainda sobra um trocado para bancar alguns bons momentos.
Não estou fazendo uma apologia ao relaxamento, mas sim uma defesa da vida simples. E não estou dizendo que não devemos lutar pelos nossos objetivos e sim que devemos buscar alcança-los sem pagar o preço com a nossa saúde e a nossa felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita e contribuição.