No recente Seminário Internacional de Mídia sobre a Paz no Oriente Médio, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de Julho de 2009, numa iniciativa da ONU em colaboração com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, discutiu-se o papel dos meios de comunicação na guerra entre israelenses e palestinos.
Andei dando uma espiadinha nos "papers", nos improvisos e intervenções apresentadas nos dois dias do seminário.
Desculpem a petulância, mas não posso deixar de relatar aqui as minhas observações, afinal este é meu blog e é para isso que se destina.
1- Pela zilionésima vez, os participantes israelenses, com duas excessões, tentaram desviar o foco da discussão que deveria ser o conflito israelense-palestino, para discussões paralelas sobre o reconhecimento ou não por parte do palestinos do holocausto e dos foguetinhos caseiros do Hamas que não acertaram nenhum vira-latas dos assentamentos ilegais construídos em terras palestinas.
2- Os palestinos, por sua vez, perderam um tempo precioso trocando acusações sobre quem tem a razão, Hamas ou Autoridade Palestina? Israel ou Autoridade Palestina? Israel ou Hamas? O culpado é sempre o outro, claro!
3- Os que se dizem moderados, citaram problemas, mas não apresentaram nenhuma solução.
4- Tiro o chapéu para o governo brasileiro pela objetividade em discutir o papel da imprensa na guerra e as propostas apresentadas pelo Ministro Celso Amorim e a Embaixadora Vera Ruy Machado de se criar um centro para os correspondentes da paz ao invés dos correspondentes de guerra.
5- Uma salva de palmas para as 500 famílias judias e palestinas que buscam um convívio pacífico, ignorando posições políticas, militares e estrategistas dos governos (que governos?).
6- Parabéns à comissária da ONRWA (Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos) que comparou o sofrimento do povo palestino ao sofrimento do povo judeu durante o holocausto, com a observação de que o povo palestino sofre à 61 anos e o pedido urgente de posicionamento de todos os países em prol da reconstrução de Gaza e da devolução da dignidade aos seus habitantes.
7- Adorei a colocação de alguns participantes de que este é só mais um seminário onde se perde tempo e dinheiro na troca de acusações, porém nenhum lado consegue ser objetivo o suficiente para apresentar uma única solução que esteja de acordo com os interesses de ambos os lados e que resolva questões como: o direito ao retorno dos refugiados, a libertação dos presos palestinos, a indenização das famílias pelas perdas humanas, materias e psicológicas resultantes da guerra, propostas de trabalho conjunto e convívio pacífico da sociedade civíl, viabilização econômica e criação de empregos, etc...
É isso aí minha gente! Já que não se pode mais reaver a Palestina por completo e já que várias gerações dos dois lados se misturaram, vamos buscar o convívio pacífico de ambas. Apesar de muitos dos judeus que vivem na Palestina não serem palestinos e nem nunca terem pertencido àquela terra, agora eles estão lá e nós também estamos, então chega de derramar sangue e vamos buscar soluções objetivas pelo bem da sociedade civil.
Quanto à imprensa, ai ai...o que dizer??!!! Os jornalistas que vão cobrir as áreas de conflito poderiam muito bem fazer faculdade de história antes de estudar jornalismo, assim não adotariam posições tão parciais para levar à opinião pública.
Aos caros amigos jornalistas: Vocês também tem uma contribuição valiosa no conflito, então por favor, tentem agora contribuir para a paz ao invés de vomitar opiniões levianas nos meios de comunicação. A opinião pública, a sociedade civil, as vítimas da guerra, os pacifístas, os moderados e eu agradeceremos imensamente!
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