quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O certo é incerto!

Nos países árabes onde se instalou a onda de manifestos, ora chamada "O Grito", ora chamada "A Ira", generalizou-se a vontade por mudanças estruturais na política destes países. Tanto no Egito, como no Yemen, na Jordânia, na Líbia, na Tunísia, na Argélia, no Marrocos e em outros que estão começando a se empolgar, as pessoas estão indo com muita sede ao pote. Tudo bem, entendo que é uma sede que vem de décadas de repressão, mas é uma sede desgovernada. Parece aquela propaganda da soda limonada "Teen", que nem existe mais, onde o cara anda dias pelo deserto e finalmente pára numa birosca e pede um refrigerante ao invés de pedir água para matar a sede.
É preocupante, porque estas pessoas querem acabar com a tirania dos governos atuais, querem se livrar da repressão, querem ter seus direitos civís respeitados e querem transparência com o dinheiro de seus impostos, mas ao mesmo tempo, estas mesmas pessoas nunca tiveram contato com um regime democrático baseado no respeito ao cidadão e na liberdade individual, então ficam as perguntas: Será que os regimes que serão estabelecidos respeitarão estas reivindicações ou serão conduzidos / liderados por pessoas que buscam apenas o poder e nada mais, tal qual seus antecessores? Os Manifestantes serão capazes de conduzir uma nova onda de manifestos, caso os novos governos não cumpram o que prometeram? Os grupos islâmicos tem domínio da situação a ponto de tomar o poder e finalmente realizar o sonho da "Grande Nação Islâmica"? Caso haja consenso sobre a realização de eleições democráticas e diretas, as pessoas saberão escolher seus novos líderes ou apenas ficarão deslumbrados com a idéia de liberdade colocando no poder aquele que teve mais eloquência?
Não estou desprezando a capacidade de julgamento destas pessoas, apenas estou conjecturando um futuro próximo, caso as lideranças tradicionais caiam por terra. A complexidade das correntes ideológicas, religiosas e pragmáticas, ditas oposicionistas, que conduzem este processo, me leva a tais questionamentos, afinal Hitler foi um líder cativante que conquistou a Alemanha com seus discursos históricos e eufóricos, tal qual Stalin, Arafat, Kennedy e outros tantos. Nem por isso foram capazes de conduzir um processo democrático respeitando as liberdades individuais.
Outra suposição bastante vaga é o estabelecimento temporário de um regime anárquico nestes países e neste caso, todos sairão perdendo, já que estas pessoas nunca tiveram contato real com a liberdade a ponto de saber como usa-la.
Não tenho como prever o futuro próximo destes países, mas o ponto positivo é que a mudança está começando e apesar de prenunciar um preço muito alto para o alcance das liberdades individuais, percebo que esta nova geração está disposta a pagar este preço do que conviver com mais algumas décadas de tirania e poder herdado de tirano pai para  tiraninho filho.

2 comentários:

  1. Acho que, no momento, o que importa é que o primeiro passo foi dado em prol da tal liberdade sonhada. Passo esse que não pode mais recuar. Espero que disso tudo o saldo seja mais positivo que negativo, se isso for possível.
    RETROCEDER JAMAIS!
    Beijos.
    Grazi

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  2. Jihan...
    Excelente texto :)
    abs

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