A morte é feia! Ainda mais quando é injusta. Pior se for assassinato. Que dirá o assassinato em massa? Mesmo assim, com toda a onda de violência promovida pelos governos tiranos dos países árabes contra os manifestantes civís, o espetáculo que se vê é único.
Estamos presenciando um momento importantíssimo da história, com a queda das ditaduras dos países árabes, uma a uma, como um castelo de cartas que desaba.
É lindo de se ver! Aqueles manifestantes que por anos e anos suportaram a repressão e a censura à liberdade de expressão puderam, finalmente, colocar para fora toda a angústia de não poder dizer o que pensam. O preço é muito alto, vale vidas, mas é este o momento que todos nós esperávamos.
Ontem, ao assistir o discurso desesperado de Muammar Kaddafi, senti um prazer imensurável ao ver aquele que durante mais de 40 anos (quase a minha vida toda) vomitou arrogância encima do povo da Líbia.
A minha tia Faizeh, que mora em Benghazi desde que se casou, estremecia ao ouvir o nome do Kaddafi. Ele sempre foi sinônimo de medo e impetuosidade, portanto nunca um líder e sim um tirano. Contava-se a boca pequena que o simples fato de uma pessoa fazer uma única crítica ao seu regime, este tornaria-a absolutamente refém das ameaças e quiçá de condenação à morte por subversão.
Imaginem, então, a nova geração? Esta geração que cresceu acessando a internet e tendo contato com o mundo democrático da livre expressão. É claro que a bolha tinha que estourar e está estourando, mas desta vez nas mãos daqueles que, durante décadas, foram os algozes do povo.
O temor deu lugar à necessidade de liberdade, a repressão deu lugar à liberdade de expressão e a ditadura está dando lugar à democracia.
Cada um de nós que tem parentes nestes países em ebulição,sofre por não saber notícias dos que lá ficaram, mas os que lá estão têm o privilégio único de fazer parte da história, assim como os caras pintadas derrubam o Collor e registraram seu protesto para sempre na história do Brasil. É um espetáculo à parte.
Nunca imaginei que assistiria, em vida, este espetáculo. Pensei que seria privilégio das minhas filhas ou meus futuros netos, mas Deus é piedoso e generoso. As cenas que assistimos todos os dias, devem ser consideradas um privilégio da nossa existência, afinal, é bom sentir a alma lavada vendo estes trogloditas fugirem como ratos...ou baratas! Asquerosos!
Lembro-me, ainda criança, de não poder mencionar algumas palavras, tais como: imperialismo, censura, tirania, eleições, ditadura, subversão e outras que seguem a mesma linha. Qualquer pessoa que pronunciasse tais palavras era considerada suspeita e, às vezes, delatada por pessoas próximas que acreditavam, inocentemente, estarem sendo fiéis ao seu país. Era esta a teoria propagada: entreguem os traidores da nação. E os "traidores da nação" desapareciam, como num passe de mágica e nunca mais ouvia-se falar deles.
Realmente, esses últimos acontecimentos na Tunísia e Egito nos animam, Kaddafi está resistindo, mas não podemos perder a esperança.
ResponderExcluirForça Líbia!