sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Que terras???

Se os israelenses não param de construir ilegalmente nas terras palestinas, nós vamos negociar o que? Não é a terra que estamos negociando? Então de que valem as negociações se os judeus estão tomando o que restou das terras palestinas?
Obrigado Isabel pela matéria esclarecedora.

Colonos judeus iniciam construção de 550 casas na Cisjordânia

Correio Brasiliense
Isabel Fleck
Publicação: 22/10/2010
Enquanto o governo de Benjamin Netanyahu resiste às pressões externas para retomar a moratória na colonização judaica, as construções nos territórios palestinos ocupados evoluem em ritmo acelerado. Um levantamento divulgado ontem pela Associated Press mostra que, nas três semanas desde o fim do congelamento, quase 550 residências começaram a ser erguidas, muitas em áreas que fariam parte do Estado palestino, no âmbito de qualquer acordo de paz viável. Com base nesses números, a velocidade das construções hoje seria quatro vezes maior que nos últimos dois anos. Diante dos dados, a Autoridade Palestina (AP) pediu que os Estados Unidos reajam e ameaçou, mais uma vez, deixar as negociações diretas com Israel.
Operário palestino trabalha na expansão do assentamento judaico de Kiriat Arba, perto de Hebron: para representante das colônias, apenas "um jogo de números"
“Esse desafio flagrante aos palestinos, aos árabes e à administração americana exige uma réplica árabe e internacional, em particular americana”, afirmou o porta-voz da AP, Nabil Abu Rudeina. Outro assessor do governo palestino, Ghassan Khatib, disse que os números são “mais uma indicação de que Israel não está sendo sério a respeito do processo de paz, que deveria tratar do fim da ocupação”. De acordo com dados do governo israelense, 1.900 casas começaram a ser construídas em 2009 e 2.100 em 2008. As 544 obras iniciadas nas três últimas semanas equivalem a 4,7 vezes a média de 115 casas em período semelhante nos dois anos anteriores. O movimento israelense Paz Agora vai mais longe e aponta que 600 novas residências começaram a ser erguidas desde o último dia 26.
A Associated Press credita os números listados em cada assentamento aos líderes de cada colônia, citando-os nominalmente. A porta-voz do Conselho Yesha, que representa os colonos na Cisjordânia, Aliza Herbst, contestou a informação. “Prefiro não entrar nesse jogo de números, porque eles são enganosos”, disse. Segundo ela, cerca de dois terços das construções pós-congelamento estão em estado “preliminar” e podem ser suspensas, se a moratória for renovada. Segundo o levantamento, o maior canteiro de obras está na região de Binyamin, que concentra um terço dos mais de 120 assentamentos judaicos: lá, serão 200 novas residências.

Alarmante
O enviado da Organização das Nações Unidas para o Oriente Médio, Robert Serry, classificou de “alarmante” a rápida expansão dos assentamentos. Ele ainda destacou que as construções são “ilegais segundo a lei internacional” e só servem para “minar a confiança” no processo de paz. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, minimizou o impacto das novas casas. “Isso não tem efeito real sobre o mapa de um possível acordo de paz”, defendeu.
O governo americano, que tenta evitar o tema por conta das eleições legislativas de novembro, não se pronunciou. Na noite anterior, a secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmara que não há uma “fórmula mágica” para resolver o conflito e admitiu que as negociações não têm sido fáceis. “Eu posso dizer a vocês que estamos trabalhando todos os dias, algumas vezes todas as horas, para criar as condições para que as negociações continuem e tenham sucesso”, disse. Hillary anunciou que o enviado especial George Mitchell voltará “em breve” para a região para novas conversas com os dois lados.
No último dia 8, os palestinos, com apoio da Liga Árabe, deram prazo de um mês para que os EUA convençam Israel a congelar novamente as construções na Cisjordânia. O período, contudo, equivale justamente às semanas que antecedem as eleições para o Congresso americano. O peso do eleitorado judaico, que votou em grande maioria (75%) em Barack Obama na última eleição, tem refreado o governo em sua pressão sobre Israel.

Quase uma fábula
No assentamento de Kiriat Arba, próximo a Hebron, um colono judeu toca violão enquanto assiste a um empregado palestino colhendo azeitonas. Diferentemente da fábula da cigarra e da formiga, no entanto, as oliveiras pertencem ao músico. Desde a ocupação israelense, após a guerra de 1967, a relação entre os colonos e os palestinos foi sempre marcada pela ambiguidade: rejeitados como ocupantes ou mesmo usurpadores da terra, os israelenses são os empregadores de quem os árabes precisam para a subsistência imediata.

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