O Estado de S. Paulo
50 palestinos são expulsos de Jerusalém Oriental
Data: 03/08/2009
Crédito: AP
Israel retira várias famílias e transfere casas para judeusA polícia israelense expulsou ontem mais de 50 palestinos de suas casas em Jerusalém Oriental, para permitir que elas fossem ocupadas por judeus, provocando críticas tanto de autoridades palestinas, como da ONU e do Departamento de Estado americano. Os palestinos haviam perdido uma longa batalha legal para permanecer nas disputadas propriedades.A polícia chegou antes do alvorecer e isolou parte do bairro árabe de Sheikh Jarrah, para em seguida retirar à força as famílias de palestinos de suas casas, segundo relatou Chris Gunnes, porta-voz da agência da ONU responsável pelos refugiados palestinos. Segundo Khawla Hanoun, que foi despejada de uma das casas, quando as famílias se recusaram a sair, policiais armados forçaram a retirada. Outro funcionário da ONU, que não quis ser identificado, disse que viu veículos trazendo os colonos judeus para as casas. A polícia israelense defendeu a medida, citando uma decisão da Suprema Corte de Israel estabelecendo que essas casas pertenciam aos judeus e as famílias árabes moravam na região ilegalmente. Segundo Gunness, essas famílias viviam nas casas havia mais de 50 anos. A situação de Jerusalém Oriental é um dos problemas mais graves no conflito entre israelenses e palestinos. Israel assumiu o controle da área após a Guerra dos Seis Dias, 1967, anexando Jerusalém Oriental a seu território, ato que nenhum país reconheceu. Desde então, a presença judaica na região vem aumentando, com a criação de bairros onde vivem hoje 180 mil pessoas. Mas os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja a capital do seu futuro Estado - algo rejeitado pelos israelenses. Organizações ligadas à comunidade judaica na Cisjordânia também adquiriram propriedades em áreas palestinas de Jerusalém, para onde muitos judeus estão se transferindo. Cerca de 270 mil palestinos vivem em Jerusalém Oriental e constituem 35% da população da cidade, de 760 mil habitantes. A comunidade internacional pressiona Israel a interromper as expulsões de palestinos e a construção de residências para judeus em Jerusalém Oriental, que prejudicam os esforços de paz. Segundo a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Megan Mattson, essas novas medidas em Jerusalém Oriental são uma violação por Israel do chamado "Mapa da Estrada" - plano de paz apoiado pelos EUA. Para Robert Serry, coordenador da ONU para o processo de paz na região, as expulsões de ontem são "totalmente inaceitáveis".
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