Elias Khawali

Como já disse em algumas postagens anteriores, poucas pessoas costumam me impressionar de fato, mas quando impressionam, é para valer.
Tenho pensado muito no que meu amigo Alfredo Feres me contou sobre a vinda de sua família ao Brasil, nas décadas de 20 e 50 e nas feridas que preferiram esquecer para dar impulso à suas vidas no novo continente. Porém, nada disso foi tão comovente quanto a história do Tio Elias.
Mesmo com toda a precariedade da situação em que vivia em Haifa, manteve os seus que imigraram para o Brasil sempre atualizados sobre tudo o que acontecia em sua cidade natal. Não apenas através de cartas, mas também fotos, postais, relatos e registros mostrando o cotidiano do que foi deixado para trás. A cada foto que ví, toquei e lí a dedicatória, meu coração pulsava mais e mais forte. Que homem visionário!
Talvez ele não tivesse consciência do que estava fazendo, mas tinha noção da importância de manter o laço forte com os parentes que não mais compartilhavam de seu convívio. É assim que se faz a história.
Meu Deus, como precisamos de mais exemplos como o de Tio Elias Khawali. Que homem esplêndido!
Num dos postais que enviou à sua querida Geneviéve, em 1937, ele mostra o centro de Haifa com prédios bem modernos para a época, fala da evolução da cidade, fala com amor de sua terra. Mesmo quem não o conheceu, a meu exemplo, sente saudades!
Senti as mãos gelarem ao segurar aquelas fotos, pois aqueles registros são por demais valiosos para serem tocados por uma reles mortal como eu. Senti que não merecia tamanha honra! Mas fui agraciada pelo meu amigo Alfredo, que me permitiu não apenas tocar, mas analisar cada detalhe daquelas fotos. Que roupas lindas eles usavam! Que elegância! Que orgulho de pertencer a esta raça que não sucumbe!