quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tempo...tempo

Tem dias que passam pela gente numa velocidade impressionante. Nestes últimos dias, mal o dia começava e já estava anoitecendo. Estou começando a acreditar na teoria de que a terra se move conforme a pulsação da humanidade, ou seja, quanto mais rápido batem os corações estressados, mais aumenta o biorítmo do planeta, acelerando os relógios e consequentemente encurtando os dias e as noites.
Nunca parei para me certificar da veracidade desta informação, mas para mim ela está se tornando coerente. Sinto falta do tempo em que as coisas andavam mais devagar. Quando criança, eu brincava na calçada em frente à loja do meu pai e a noite demorava a cair. Na minha pré-adolescência e comecinho da adolescência, ficava sentada na varanda da casa da minha avó, na Jordânia, esperando o pôr do sol para desfazer o jejum no mês de ramadan, mas demorava tanto que dava tempo de ler a metade de um livro. Quando voltei à Uruguaiana, ficava no portão esperando meus pais voltarem do trabalho e preparar o último chimarrão do dia. Nos sentávamos em frente à nossa casa para tomar aquele chimarrão e bater papo com os vizinhos até o cair da noite. O tempo era tão preguiçoso e os ponteiros do relógio se arrastavam lentamente.
É certo que o ritmo de vida numa cidade grande é sempre mais acelerado, mas precisava ser tanto assim?
Já estamos na metade da semana e parece que as minhas obrigações extrapolam o tempo reservado para resolve-las. Por mais que eu me esforce, não me sobra tempo para conversar com os amigos, nem mesmo pela internet. Não tenho tempo de ler os meus livros, nem mesmo antes de dormir, porque neste intervalo aproveito para responder meus e-mails. Não tenho tempo de tomar um sorvete com aquela amiga querida, porque tenho que comprar os ingredientes do jantar ou pagar uma conta na lotérica e enfrentar aquela fila sem fim. Não, a fila tem fim sim, mas adivinha quem está no fim da fila? E o meu carro coitadinho? Está precisando de um banho a mais de duas semanas e como o banho dele não é prioridade, vou protelando!
Quanto às minhas filhas, eu me desdobro para ouvir os relatos do dia na escola, as reclamações, exigências, necessidades e pedidos, enquanto preparo o jantar, dou comida aos gatos, rego as plantas e verifico o que está faltando na geladeira.
Será que alguém pode me dizer quem foi que deu uma procuração em meu nome para aquele bando de mulheres que exigiram direitos iguais aos dos homens? Não fui eu! Aliás, como é que podem querer direitos iguais para seres tão diferentes? Que m....! O resultado está aí: mulheres sobrecarregadas de responsabilidades e homens sem saber qual é o seu verdadeiro papel na sociedade.
Não estou afim de fazer apologias à nada! Apenas queria ter um espacinho de tempo para mim. Eu adoro bordar, fazer bijouterias, escrever, ler, costurar, cozinhar e tudo o mais que uma mulher normal gosta. Eu quero de volta o meu direito de ser mulher! Será que ainda é possível?
Me perdoem pelo desabafo! Estou me sentindo melhor agora!

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