William Bonner: Irã desafia as grandes potências e anuncia a construção de um novo reator nuclear.
Pela forma como ele arregalou os olhos, aumentou o timbre e tornou a voz mais grave, parecia que ele estava anunciando a terceira guerra mundial. Francamente, levei um susto. Eu não sofro do coração, mas se ele aumentasse o timbre mais um oitavo que seja, eu teria desmaiado.
Agora, voltemos à notícia anunciada pelo âncora do Jornal Nacional ontem à noite. Quer dizer que se o Irã anuncia a construção de um reator nuclear para geração de energia elétrica, ele está desafiando as grandes potências? Por que? Só porque é o Irã? E se fosse a Russia? Ou os Estados Unidos da América? Ou a França? Ou Israel? Qual seria o tom usado pelo William Bonner? Imagina se o Irã tivesse anunciado a construção de uma bomba atômica, como fazem as grandes potências? Qual seria o tom do William Bonner?
Outro dia, faz algum tempo, ele anunciava uma descoberta de um pergaminho por um cientista israelense. A satisfação estava expressa no olhar, na voz e no sorriso. Parecia um trunfo pessoal. Pena que ele não anunciou, tres dias depois, que a comunidade científica internacional contestou a autenticidade do pergaminho e colocou em dúvida se não foi só mais uma provinha implantada pelos judeus na Palestina. Esta notícia ele guardou na caixinha de sapatos.
A questão é o impacto que estas notícias causam na opinião pública. William Bonner e todos os jornalistas do mundo sabem muito bem que as pessoas não correm atrás das notícias para saber o que é verdade e o que fabricado pela imprensa. Elas não se dão ao trabalho de investigar a notícia, acomodando-se em digerir a informação dada pela imprensa e fazendo seus julgamentos baseado no que esta escreve. A grande massa está preocupada com as contas a pagar no final do mês, com a doença do filho, com o carro que deu problema e não tem tempo de parar para pensar se o que estes veículos de comunicação publicam é fato ou não. Quando muito, chamam os árabes de terroristas, generalizando toda uma nação que foi um dos principais berços da civilização humana.
E tem mais: não há limite para este tipo de jornalismo. Não existe uma lei específica que questione o uso da informação. Ou seja, estamos numa selva cheinha de leões famintos e sem armas para nos proteger das feras.
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