- Você tem que pensar na paz e não na guerra.
- É fácil ser pragmático quando se está do lado de fora.
- Não se trata de pragmatismo.
- Então o que é?
- Trata-se de traçar uma nova mentalidade.
- De paz?
- Sim.
- Como?
- Começando a levantar a bandeira da paz. Sempre há uma saída quando se tem boa vontade.
- E de qual lado partiria esta boa vontade?
- Dos dois lados, oras.
- E quando o outro lado diz que quer a paz da forma mais traiçoeira possivel, como confiar?
- Alguém tem que ceder.
- E morrer?
- Não.
- Na guerra é matar ou morrer.
- Você é muito radical.
- Eu não diria isso.
- É sim.
- Sabe aquela máxima "No amor e na guerra vale tudo"?
- Não concordo com ela.
- Não?
- Não!
- Então o que você faria se tivesse uma arma apontada para a cabeça da sua mãe ou seu filho?
- (Silêncio).
- Então?
- Você radicaliza tudo.
- É um fato. Vemos isso acontecendo na Palestina todos os dias e as vítimas ou são crianças ou são mulheres. Você já tentou se colocar no lugar de uma pessoa que perde um ente querido gratuitamente?
- Claro que sim.
- E qual foi seu sentimento?
- Meu sentimento é que isso precisa acabar.
- Mas como?
- Não sei, só sei que precisa acabar.
- Só se você conseguir arrancar todas as armas das mãos dos soldados israelenses e conseguir arrancar todo o ódio do coração deles.
- Mas os palestinos também tem sua contribuição.
- Qual é? A de se defender das agressões físicas, morais e psicológicas? Isso é uma reação natural da mais pacífica das criaturas. Até um panda é capaz de reagir à uma agressão.
- E quando ele é o agressor?
- Nossos avós e nossos pais estavam dormindo quando o vilarejo deles foi atacado, incendiado e metade dos moradores assassinados. Quem é o agressor?
- Estou falando dos dias atuais.
- Ah, você está deletando o histórico da causa palestina?
- Não quiz dizer isso.
- Então? É uma questão de causa e efeito. Você sempre tem que voltar à causa para conhecer o efeito.
- Tá, e então? Não haverá paz?
- É o que tentamos fazer em Oslo, em Madri e numa centena de outros acordos subsequentes. Mas fomos traídos pelas artimanhas dos judeus. Eles concordam com tudo na hora e depois não cumprem. É assim que eles sempre agem conosco. Como você quer que continuemos confiando neles?
- Estou falando de pessoas.
- Pessoas formam um país e pessoas formam governos.
- Não dá para falar de paz com você. Como eu disse antes, você é muito radical!
- Estou apenas te mostrando fatos e sentimentos. Mas até agora, você não me disse como você propõe esta paz.
- Eu não tenho que propor nada, apenas acho que a briga tem que parar.
- E como se para uma briga?
- Solucionando as controvérsias, oras!
- Boa pedida! Como?
- O que?
- Vamos falar de Jerusalém. Como solucionar o caso de Jerusalém?
- Sei lá! Eles não podem viver todos juntos?
- Talvez na mesma cidade, mas as casas dos palestinos foram tomadas, demolidas e entregues aos judeus. Sem falar nas questões religiosas. O que você faria neste caso? Pode ser de forma simplificada.
- Demoliria todas as novas casas e construiria prédios que abrigassem várias famílias.
- Jerusalém é patrimônio histórico, cultural e religioso da humanidade. Você não poderia contruir prédios na parte antiga.
- Mas os judeus não fizeram isso?
- Sim, mas desrespeitando toda e qualquer declaração internacional. Estamos falando de paz.
- Assim fica difícil!
- Claro! Mas estamos falando de uma única controvérsia. Vamos resolver só esta. Deixemos de lado os presos palestinos, o direito ao retorno, os reféns, os crimes de guerra, a adulteração da demografia, os assentamentos, etc...
- Você escolheu a mais difícil das controvérsias! Espertinha!
- Tudo bem, pode escolher qualquer outra.
- Adulteração da demografia.
- Ok!
- Nunca entendi o que isso quer dizer.
- Ah! Isso quer dizer que depois de invadir e ocupar a Palestina, os judeus começaram a incentivar a imigração dos judeus do mundo todo para lá, alterando as características demográficas do país. Na verdade, quase não existem judeus lá, o que existem são imigrantes e descendentes destes com identidade israelense, que vieram de todas as partes do mundo. Nunca pertenceram e nem nunca pertencerão à aquele lugar e só estão ali porque o governo de Israel garante tudo à eles, desde moradia, salário, alimentação, assistência médica, empregos, aposentadoria, etc. Se não fosse pelos benefícios, eles não poderiam contar nem com metade daqueles imigrantes. A realidade é que a demografia da Palestina foi adulterada para uma população de parasitas. A maioria dos judeus palestinos não tolerou tamanha afronta e, por conta da guerra, se refugiou em outros países.
- Entendi.
- Então?
- Não sei o que dizer! É muito complicado discutir tudo isso!
- Eu sei, mas o que você faria nesta questão?
- Sua última frase me deixou perplexa. Quer dizer que os judeus palestinos não apóiam Israel e que aqueles que estão lá são israelenses e não judeus?
- Tecnicamente sim!
- Como assim?
- Vou tentar sintetizar a coisa. Judeu é todo aquele que nasce em berço judeu, ou seja, filho de mãe judia, certo?
- Certo!
- Daqueles que imigraram para lá, quantos você acha que adulteraram documentos para ir à um país onde tudo seria garantido pelo governo? Ou você acha que eles pararam para fazer exame de DNA em todos aqueles imigrantes?
- Ah!
- Israel está cheia de gente que nunca foi judia nem de perto, nem de longe. Até aborígenes australianos se dizem judeus e passam batido! A intenção deles é encher o país de gente deles. Se tem pessoas dispostas à se passarem por judeus, eles acatam e pronto. Talvez agora haja uma fiscalização maior, mas em 1948 e em 1967 isso era meio difícil de averiguar.
- Entendi.
- Então, qual seria a sua solução para este problema?
- Não existe solução para um problema já enraizado.
- Existe.
- Como?
- Corte os benefícios e 90% deles vão desertar e procurar outra boquinha.
- Mas isso teria que partir do governo deles.
- Sim. É uma questão de tempo.
- Você acredita nisso?
- Acredito. Só se luta por uma terra, quando você sabe que ela te pertence e você pertence à ela, caso contrário, os elos são sempre muito frágeis e fáceis de romper quando não existe mais conveniência.
- E quando esta conveniência vai acabar?
- Quando o petróleo acabar e os países árabes deixarem de ser prioridade para as grandes potências. São elas que financiam a mamata de Israel.
- Então não vai demorar muito.
- Pode apostar que não.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Taí um bom debate!
O Globo
Direitos humanos
coluna
Data: 29/04/2010
Merval Pereira
Em várias palestras aqui na Universidade de Córdoba, onde se realiza a Conferência da Academia da Latinidade com o tema central de busca de condições para o diálogo entre as culturas, um ponto recorrente foram os direitos humanos que, como ressaltou o secretário-geral Candido Mendes, não podem ser encarados como instrumentos de dominação ocidental e devem ter caráter universal
A limitação cultural do entendimento do que sejam os direitos humanos, porém, é uma realidade destacada por vários palestrantes. Enrique Larreta, diretor do Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Candido Mendes ressaltou que os direitos humanos têm ainda um tipo de aplicação regional.
“Na Europa, fica claro que a prioridade são os direitos individuais. Por exemplo, o passaporte para os perseguidos por estados, ou os direitos da mulher”.
Segundo ele, a União Europeia foi construída em boa medida em conflito com o totalitarismo soviético, e aí se afirmou a ideologia dos direitos humanos.
Há diferenças regionais importantes.
A morte recente do dissidente cubano na prisão só teve uma crítica formal de um governo da América Latina, que foi o México.
“O presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou a dizer, com base em informações oficiais cubanas, que o morto era um delinquente comum.
Lula disse coisa parecida.” Isso demonstraria, segundo Larreta, que não existe uma cultura dos direitos humanos na América Latina, embora a esquerda latinoamericana tenha se aproveitado da política de direitos humanos ocidental para se proteger das ditaduras.
Na Ásia, lembra Enrique Larreta, que está envolvido em uma profunda pesquisa sobre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro países emergentes que serão potências mundiais preponderantes nos próximos 20 anos, segundo a Goldman Sachs), a China tem uma posição muito forte de soberania nacional que rejeita uma suposta interferência internacional, mesma posição dos governos militares latinoamericanos.
Larreta deixou claro em sua palestra que considera não ser admissível que uma visão culturalmente diversa sobre direitos humanos impeça o entendimento entre Ocidente e Oriente.
“Se os chineses assimilaram o marxismo, criado por dois escritores alemães, não há nenhuma razão para não assimilarem a democracia ocidental, da qual os direitos humanos fazem parte inseparável”, frisou.
O sinólogo francês François Julien, diretor do Instituto do Pensamento Contemporâneo, argumentou na sua palestra com a especificidade do pensamento chinês, mas se manteve em uma posição bastante universalista no sentido de que um horizonte de direitos humanos pode ser incorporado perfeitamente pela China.
Uma ideia prevaleceu nos debates, a de que todas as culturas se transformam.
A discussão sobre o uso da burca na França, por exemplo, que o presidente Nicolas Sarkozy quer banir em todas as situações, gerou diversos comentários.
O sociólogo Alain Touraine acha que não pode haver proibição através de uma nova legislação, que seria inconstitucional.
O professor da USP Renato Janine Ribeiro ressaltou em sua palestra que pesquisas mostram que a maioria dos franceses é a favor de proibir a burca, mas também favorável a manter o crucifixo nas paredes, o que indicaria que a burca é vista mais como um elemento de constrangimento dos direitos da mulher do que como símbolo religioso.
Já Enrique Larreta diz que o Estado francês é “laicoreligioso”, pretende que a cidadania seja um conceito místico. Ele também considera que os direitos humanos individuais são universalizáveis.
Como exemplo, lembrou que hoje em dia, em distintas sociedades como o Brasil e a China, cresce o número de indivíduos que vivem sozinhos, porque os meios tecnológicos permitem que se comuniquem na sua individualidade: pela internet, pelo celular.
Mas essas pessoas exigem seus próprios direitos.
“A individualização da sociedade cria condições para que de alguma maneira seus direitos sejam coletivos”, comentou Larreta.
Renato Janine Ribeiro chamou a atenção para o fato de que a necessidade de pertencimento a um grupo está muito presente no mundo atual, e, mais do que significar uma escolha individual, significa que existe uma identidade coletiva que precede toda forma de liberdade.
Em vez do cartesiano “penso, logo existo”, a definição seria “nós somos, logo eu sou”. Ou “eu pertenço a esse determinado grupo porque livremente o escolhi”.
O renovado conceito de relações sociais trazido pelos novos meios de comunicação foi também debatido em diversas sessões, com visões distintas de sua repercussão na sociedade.
Janine Ribeiro lembrou que um dos módulos do Linux, o sistema operacional aberto da internet, chamase “ubuntu”, que, num dialeto tribal da África do Sul, significa “sou o que sou por que pertenço a um grupo”.
Candido Mendes referiu-se à nova tecnologia da informação como a “agora eletrônica”, numa referência ao espaço de debate da antiga Grécia, mas mostrou-se pessimista com relação à possibilidade de controle das informações de sistemas de buscas como o Google.
Citou um julgamento nos Estados Unidos sobre o controle de tempo para determinadas informações que indicaria que o sistema está sendo manipulado para facilitar alguns tipos de informações e dificultar outras, o que sugere que esse novo mundo tecnológico da informação pode reservar novas formas de totalitarismos.
Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal e Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações, resumiu a preocupação geral em sua fala na abertura do seminário: disse que o crescente apoio da extrema-direita e atitudes etnocêntricas em certas partes do mundo têm que ser combatidas porque não se pode permitir, citando a filósofa Anna Arendt, que a “banalidade do mal” se torne realidade.
Direitos humanos
coluna
Data: 29/04/2010
Merval Pereira
Em várias palestras aqui na Universidade de Córdoba, onde se realiza a Conferência da Academia da Latinidade com o tema central de busca de condições para o diálogo entre as culturas, um ponto recorrente foram os direitos humanos que, como ressaltou o secretário-geral Candido Mendes, não podem ser encarados como instrumentos de dominação ocidental e devem ter caráter universal
A limitação cultural do entendimento do que sejam os direitos humanos, porém, é uma realidade destacada por vários palestrantes. Enrique Larreta, diretor do Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Candido Mendes ressaltou que os direitos humanos têm ainda um tipo de aplicação regional.
“Na Europa, fica claro que a prioridade são os direitos individuais. Por exemplo, o passaporte para os perseguidos por estados, ou os direitos da mulher”.
Segundo ele, a União Europeia foi construída em boa medida em conflito com o totalitarismo soviético, e aí se afirmou a ideologia dos direitos humanos.
Há diferenças regionais importantes.
A morte recente do dissidente cubano na prisão só teve uma crítica formal de um governo da América Latina, que foi o México.
“O presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou a dizer, com base em informações oficiais cubanas, que o morto era um delinquente comum.
Lula disse coisa parecida.” Isso demonstraria, segundo Larreta, que não existe uma cultura dos direitos humanos na América Latina, embora a esquerda latinoamericana tenha se aproveitado da política de direitos humanos ocidental para se proteger das ditaduras.
Na Ásia, lembra Enrique Larreta, que está envolvido em uma profunda pesquisa sobre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro países emergentes que serão potências mundiais preponderantes nos próximos 20 anos, segundo a Goldman Sachs), a China tem uma posição muito forte de soberania nacional que rejeita uma suposta interferência internacional, mesma posição dos governos militares latinoamericanos.
Larreta deixou claro em sua palestra que considera não ser admissível que uma visão culturalmente diversa sobre direitos humanos impeça o entendimento entre Ocidente e Oriente.
“Se os chineses assimilaram o marxismo, criado por dois escritores alemães, não há nenhuma razão para não assimilarem a democracia ocidental, da qual os direitos humanos fazem parte inseparável”, frisou.
O sinólogo francês François Julien, diretor do Instituto do Pensamento Contemporâneo, argumentou na sua palestra com a especificidade do pensamento chinês, mas se manteve em uma posição bastante universalista no sentido de que um horizonte de direitos humanos pode ser incorporado perfeitamente pela China.
Uma ideia prevaleceu nos debates, a de que todas as culturas se transformam.
A discussão sobre o uso da burca na França, por exemplo, que o presidente Nicolas Sarkozy quer banir em todas as situações, gerou diversos comentários.
O sociólogo Alain Touraine acha que não pode haver proibição através de uma nova legislação, que seria inconstitucional.
O professor da USP Renato Janine Ribeiro ressaltou em sua palestra que pesquisas mostram que a maioria dos franceses é a favor de proibir a burca, mas também favorável a manter o crucifixo nas paredes, o que indicaria que a burca é vista mais como um elemento de constrangimento dos direitos da mulher do que como símbolo religioso.
Já Enrique Larreta diz que o Estado francês é “laicoreligioso”, pretende que a cidadania seja um conceito místico. Ele também considera que os direitos humanos individuais são universalizáveis.
Como exemplo, lembrou que hoje em dia, em distintas sociedades como o Brasil e a China, cresce o número de indivíduos que vivem sozinhos, porque os meios tecnológicos permitem que se comuniquem na sua individualidade: pela internet, pelo celular.
Mas essas pessoas exigem seus próprios direitos.
“A individualização da sociedade cria condições para que de alguma maneira seus direitos sejam coletivos”, comentou Larreta.
Renato Janine Ribeiro chamou a atenção para o fato de que a necessidade de pertencimento a um grupo está muito presente no mundo atual, e, mais do que significar uma escolha individual, significa que existe uma identidade coletiva que precede toda forma de liberdade.
Em vez do cartesiano “penso, logo existo”, a definição seria “nós somos, logo eu sou”. Ou “eu pertenço a esse determinado grupo porque livremente o escolhi”.
O renovado conceito de relações sociais trazido pelos novos meios de comunicação foi também debatido em diversas sessões, com visões distintas de sua repercussão na sociedade.
Janine Ribeiro lembrou que um dos módulos do Linux, o sistema operacional aberto da internet, chamase “ubuntu”, que, num dialeto tribal da África do Sul, significa “sou o que sou por que pertenço a um grupo”.
Candido Mendes referiu-se à nova tecnologia da informação como a “agora eletrônica”, numa referência ao espaço de debate da antiga Grécia, mas mostrou-se pessimista com relação à possibilidade de controle das informações de sistemas de buscas como o Google.
Citou um julgamento nos Estados Unidos sobre o controle de tempo para determinadas informações que indicaria que o sistema está sendo manipulado para facilitar alguns tipos de informações e dificultar outras, o que sugere que esse novo mundo tecnológico da informação pode reservar novas formas de totalitarismos.
Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal e Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações, resumiu a preocupação geral em sua fala na abertura do seminário: disse que o crescente apoio da extrema-direita e atitudes etnocêntricas em certas partes do mundo têm que ser combatidas porque não se pode permitir, citando a filósofa Anna Arendt, que a “banalidade do mal” se torne realidade.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Diálogo
(Diálogo entre uma palestina e um árabe-israelense)
- Por que você aceitou isso?
- Não tive opção!
- Sempre temos opção.
- Não em meio à guerra.
- Minha família optou por fugir, outros optaram por ficar e enfrentar e outros continuam resistindo até hoje. Você optou por sucumbir.
- É a opção mais inteligente.
- Perder a dignidade é a opção mais inteligente?
- Não perdi a dignidade.
- Perdeu sim.
- Por que você diz isso?
- Por que você nunca será um deles e não é mais um de nós. Porque nos traiu na hora que mais precisávamos de contingente para enfrentar os judeus que invadiam nossa terra. Portanto é um traidor dos palestinos e nunca será um judeu.
- Nem quero.
- Não parece.
- Não preciso ser judeu, tenho identidade israelense e posso circular onde bem entender.
- Pode mesmo?
- Claro.
- Não diga mentiras.
- Tá, mas posso ir à quase todos os lugares de Israel, mas os do outro lado não podem.
- Os do outro lado são os palestinos.
- Não existe mais Palestina, coloque isso na sua cabeça. Isso é passado! O que existe lá é um país chamado Israel, é fato, é realidade!
- E o outro lado ao qual você se referiu?
- Eles continuam dando murro em ponta de faca, enquanto tentam pular para o nosso lado.
- Você acredita mesmo nesta mentira deslavada que você acabou de vomitar?
- Você não sabe de nada.
- Acho que sei de uma coisa muito importante que você prefere ignorar, por ser mais conveniente à um vendido como você.
- E o que é?
- É graças aos palestinos que nunca abaixaram a cabeça que a nossa luta resistiu à seis décadas e é graças à eles que o mundo continua sabendo que a Palestina existiu, existe e sempre existirá!
- Eu estou perdendo meu tempo. Não suporto este seu romantismo e idealismo.
- E quem disse que isso é idealismo? O sangue palestino é uma herança que pulsa nas minhas veias. E, infelizmente, nas suas também, apesar de renega-lo como um Judas.
- Ah! Pára com isso! Eu sou realista! Ponto final!
- Você é um vendido!
- Minha família e eu fomos inteligentes. Graças à nossa atitude, nossa cidade não foi destruída, já que não havia saída.
- Estamos falando de um país e um povo e não de uma única cidade.
- Que se danem!
- É onde eu queria chegar! "Que se danem"! Foi o que vocês disseram ao povo palestino na época e continuam dizendo.
- É e daí? Eles nunca vão chegar à lugar nenhum! Imagina a idiotice? Um povinho de nada querendo enfrentar o exército de Israel e os americanos? Ha ha ha! Isso não existe!
- "Um povinho de nada" que resiste ao exército de Israel e aos americanos à mais de sessenta anos, mesmo com baixas diárias. Isso sim!
- Grande coisa! Uma hora eles acabam!
- Este é o típico pensamento judeu! É isso que eles tentam fazer o tempo todo: fazer o mundo acreditar que um dia os palestinos serão exterminados! Felizmente, eles estão redondamente enganados. Nossos sangue não morre!
- Blá blá blá!
- Olhe para as minhas filhas! Elas nasceram no Brasil. Tem pai brasileiro. Pergunte à elas o que elas são.
- Lara, o que você é?
Lara: - Eu sou árabe!
- E o que mais?
- Palestina e muçulmana!
- Pergunte à Laura!
Laura: - Eu também!
- Sim e daí?
- Daí que nosso sangue não morre! Independente da nossa localização geográfica! Assim como os judeus, nós também dsenvolvemos um instinto de sobrevivência e ensinamos aos nossos filhos quem nós somos, onde é nossa terra e porque estamos longe dela. Mas com uma diferença: nós falamos a verdade aos nossos filhos, sem precisarmos blefar nem contar mentiras históricas. E o sangue segue seu curso natural, porque nossa terra, que já está enxarcada de sangue de inocentes, continua chamando por nós, geração após geração! É como respirar! Bem natural!
- (Silêncio). - Meu pai também pensava assim. Até hoje ele pensa, mas reprime os pensamentos dele pelo nosso interesse.
- A mentira tem pernas curtas.
- Eu sei! Mas a realidade é cruel!
- A imposição da mentira é cruel. Israel é e sempre será uma mentira! Um país contruído em cima do sangue de inocentes nunca terá paz, porque o sangue grita sob os alicerces daqueles lares artificiais. É o fantasma da nossa verdade que os atormenta. Eles sabem disso! Você também sabe!
- É, eu sei!
- Por que você aceitou isso?
- Não tive opção!
- Sempre temos opção.
- Não em meio à guerra.
- Minha família optou por fugir, outros optaram por ficar e enfrentar e outros continuam resistindo até hoje. Você optou por sucumbir.
- É a opção mais inteligente.
- Perder a dignidade é a opção mais inteligente?
- Não perdi a dignidade.
- Perdeu sim.
- Por que você diz isso?
- Por que você nunca será um deles e não é mais um de nós. Porque nos traiu na hora que mais precisávamos de contingente para enfrentar os judeus que invadiam nossa terra. Portanto é um traidor dos palestinos e nunca será um judeu.
- Nem quero.
- Não parece.
- Não preciso ser judeu, tenho identidade israelense e posso circular onde bem entender.
- Pode mesmo?
- Claro.
- Não diga mentiras.
- Tá, mas posso ir à quase todos os lugares de Israel, mas os do outro lado não podem.
- Os do outro lado são os palestinos.
- Não existe mais Palestina, coloque isso na sua cabeça. Isso é passado! O que existe lá é um país chamado Israel, é fato, é realidade!
- E o outro lado ao qual você se referiu?
- Eles continuam dando murro em ponta de faca, enquanto tentam pular para o nosso lado.
- Você acredita mesmo nesta mentira deslavada que você acabou de vomitar?
- Você não sabe de nada.
- Acho que sei de uma coisa muito importante que você prefere ignorar, por ser mais conveniente à um vendido como você.
- E o que é?
- É graças aos palestinos que nunca abaixaram a cabeça que a nossa luta resistiu à seis décadas e é graças à eles que o mundo continua sabendo que a Palestina existiu, existe e sempre existirá!
- Eu estou perdendo meu tempo. Não suporto este seu romantismo e idealismo.
- E quem disse que isso é idealismo? O sangue palestino é uma herança que pulsa nas minhas veias. E, infelizmente, nas suas também, apesar de renega-lo como um Judas.
- Ah! Pára com isso! Eu sou realista! Ponto final!
- Você é um vendido!
- Minha família e eu fomos inteligentes. Graças à nossa atitude, nossa cidade não foi destruída, já que não havia saída.
- Estamos falando de um país e um povo e não de uma única cidade.
- Que se danem!
- É onde eu queria chegar! "Que se danem"! Foi o que vocês disseram ao povo palestino na época e continuam dizendo.
- É e daí? Eles nunca vão chegar à lugar nenhum! Imagina a idiotice? Um povinho de nada querendo enfrentar o exército de Israel e os americanos? Ha ha ha! Isso não existe!
- "Um povinho de nada" que resiste ao exército de Israel e aos americanos à mais de sessenta anos, mesmo com baixas diárias. Isso sim!
- Grande coisa! Uma hora eles acabam!
- Este é o típico pensamento judeu! É isso que eles tentam fazer o tempo todo: fazer o mundo acreditar que um dia os palestinos serão exterminados! Felizmente, eles estão redondamente enganados. Nossos sangue não morre!
- Blá blá blá!
- Olhe para as minhas filhas! Elas nasceram no Brasil. Tem pai brasileiro. Pergunte à elas o que elas são.
- Lara, o que você é?
Lara: - Eu sou árabe!
- E o que mais?
- Palestina e muçulmana!
- Pergunte à Laura!
Laura: - Eu também!
- Sim e daí?
- Daí que nosso sangue não morre! Independente da nossa localização geográfica! Assim como os judeus, nós também dsenvolvemos um instinto de sobrevivência e ensinamos aos nossos filhos quem nós somos, onde é nossa terra e porque estamos longe dela. Mas com uma diferença: nós falamos a verdade aos nossos filhos, sem precisarmos blefar nem contar mentiras históricas. E o sangue segue seu curso natural, porque nossa terra, que já está enxarcada de sangue de inocentes, continua chamando por nós, geração após geração! É como respirar! Bem natural!
- (Silêncio). - Meu pai também pensava assim. Até hoje ele pensa, mas reprime os pensamentos dele pelo nosso interesse.
- A mentira tem pernas curtas.
- Eu sei! Mas a realidade é cruel!
- A imposição da mentira é cruel. Israel é e sempre será uma mentira! Um país contruído em cima do sangue de inocentes nunca terá paz, porque o sangue grita sob os alicerces daqueles lares artificiais. É o fantasma da nossa verdade que os atormenta. Eles sabem disso! Você também sabe!
- É, eu sei!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Uma visão turva
Eu leio este artigo da seguinte forma: Vamos dizer que temos uma posição diferente com relação ao Estado Palestino para acalmar os ânimos e desacelerar a organização de uma terceira Intifada. Claro! Não é do interesse de Israel, nem dos americanos mostrar quem é o lobo mal da história, quando se está discutindo o poderio nuclear do Irã e precisa-se urgentemente do apoio internacional para a posição americana de boicote ao Irã. Não seria prudente. Então, acalma-se os palestinos, dizendo que o Governo de Barack Obama está revendo sua posição, bota um docinho na boca dos governantes árabes, para que o mundo apoie a posição americana. Assim que o boicote ao Irã for anunciado, é só voltar atrás e dizer que foi tudo um mal entendido. Prontinho! Está armado mais um circo para conseguir o apoio internacional e protelar as negociações em torno do Estado Palestino.
O Estado de S. Paulo
Novas palavras a Israel/Artigo
Data: 19/04/2010
Mark Lander, Helene Cooper, jornalistas, The New York Times
Em seus discursos, Obama já demonstra ter mudado a posição americana no Oriente Médio, submetendo o apoio ao aliado israelense aos interesses dos EUA na região
Foi apenas uma frase dita pelo presidente Barack Obama ao fim de uma entrevista coletiva na terça-feira. Mas as palavras chamaram a atenção para uma abrangente mudança na maneira como os EUA enxergam o conflito palestino-israelense, e até que ponto o país estaria disposto a exercer uma pressão agressiva na busca por um acordo de paz.
Quando Obama declarou que resolver a disputa no Oriente Médio era "um objetivo central para garantir a segurança dos EUA", ele destacou uma mudança que resultou de um demorado debate entre seus generais. Trata-se de uma discussão sobre o equilíbrio diplomático entre o apoio a Israel e outros interesses americanos.
Essa mudança, descrita por funcionários do governo que não quiseram ter seus nomes revelados ao debaterem determinações internas, está por trás da nova urgência de Washington em promover a negociação de um acordo de paz no Oriente Médio. Ela aumenta a probabilidade de Obama, frustrado pela incapacidade de entendimento manifestada por israelenses e palestinos, oferecer seus próprios parâmetros para um Estado palestino.
Obama disse que conflitos como o do Oriente Médio acabavam "nos obrigando a arcar com um custo significativo, tanto em termos de sangue quanto de recursos" - estabelecendo um elo explícito entre o caos violento do conflito e a segurança de soldados americanos no Iraque, Afeganistão e outros países.
As palavras de Obama ecoaram pelos círculos diplomáticos, principalmente porque repetiam os comentários do general David Petraeus, o comandante militar que supervisiona as guerras americanas no Iraque e no Afeganistão. Em depoimento recente prestado ao Congresso, o general disse que a falta de avanço no Oriente Médio criava um ambiente hostil aos EUA.
"Isso contribui, por assim dizer, para o ambiente geral dentro do qual operamos."
A nova mentalidade da Casa Branca - e as medidas mais duras em relação a Israel que dela podem derivar - alarmaram os líderes judeus americanos. Eles não esperavam que temas como os assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém fossem associados à segurança de soldados americanos. Alguns temem que isso leve ao questionamento da centralidade da aliança com Israel, coisa que o governo nega veementemente.
"No passado, o problema dos conflitos habitacionais em Nablus não foi considerado parte dos interesses estratégicos dos EUA", disse Martin S. Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel. Ele disse que a mudança se deve ao fato de agora dezenas de milhares de soldados americanos estarem combatendo insurgências no exterior, enquanto os EUA tentam conter as ambições nucleares iranianas.
"A solução da questão palestina não resolverá tudo, mas nos ajudará a chegar mais perto de nossos objetivos" , disse Indyk. TRADUÇÃO AUGUSTO CALIL
O Estado de S. Paulo
Novas palavras a Israel/Artigo
Data: 19/04/2010
Mark Lander, Helene Cooper, jornalistas, The New York Times
Em seus discursos, Obama já demonstra ter mudado a posição americana no Oriente Médio, submetendo o apoio ao aliado israelense aos interesses dos EUA na região
Foi apenas uma frase dita pelo presidente Barack Obama ao fim de uma entrevista coletiva na terça-feira. Mas as palavras chamaram a atenção para uma abrangente mudança na maneira como os EUA enxergam o conflito palestino-israelense, e até que ponto o país estaria disposto a exercer uma pressão agressiva na busca por um acordo de paz.
Quando Obama declarou que resolver a disputa no Oriente Médio era "um objetivo central para garantir a segurança dos EUA", ele destacou uma mudança que resultou de um demorado debate entre seus generais. Trata-se de uma discussão sobre o equilíbrio diplomático entre o apoio a Israel e outros interesses americanos.
Essa mudança, descrita por funcionários do governo que não quiseram ter seus nomes revelados ao debaterem determinações internas, está por trás da nova urgência de Washington em promover a negociação de um acordo de paz no Oriente Médio. Ela aumenta a probabilidade de Obama, frustrado pela incapacidade de entendimento manifestada por israelenses e palestinos, oferecer seus próprios parâmetros para um Estado palestino.
Obama disse que conflitos como o do Oriente Médio acabavam "nos obrigando a arcar com um custo significativo, tanto em termos de sangue quanto de recursos" - estabelecendo um elo explícito entre o caos violento do conflito e a segurança de soldados americanos no Iraque, Afeganistão e outros países.
As palavras de Obama ecoaram pelos círculos diplomáticos, principalmente porque repetiam os comentários do general David Petraeus, o comandante militar que supervisiona as guerras americanas no Iraque e no Afeganistão. Em depoimento recente prestado ao Congresso, o general disse que a falta de avanço no Oriente Médio criava um ambiente hostil aos EUA.
"Isso contribui, por assim dizer, para o ambiente geral dentro do qual operamos."
A nova mentalidade da Casa Branca - e as medidas mais duras em relação a Israel que dela podem derivar - alarmaram os líderes judeus americanos. Eles não esperavam que temas como os assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém fossem associados à segurança de soldados americanos. Alguns temem que isso leve ao questionamento da centralidade da aliança com Israel, coisa que o governo nega veementemente.
"No passado, o problema dos conflitos habitacionais em Nablus não foi considerado parte dos interesses estratégicos dos EUA", disse Martin S. Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel. Ele disse que a mudança se deve ao fato de agora dezenas de milhares de soldados americanos estarem combatendo insurgências no exterior, enquanto os EUA tentam conter as ambições nucleares iranianas.
"A solução da questão palestina não resolverá tudo, mas nos ajudará a chegar mais perto de nossos objetivos" , disse Indyk. TRADUÇÃO AUGUSTO CALIL
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Brasília
Brasília é uma cidade estranha. Esqueçam as poesias, paródias, declarações de amor, odes e elogios à sua arquitetura. Estou falando da Brasília das pessoas. Parece um plano simples, onde tudo é minimamente organizado para que as pessoas vivam, trabalhem, caminhem, façam compras e brinquem nas pracinhas com as crianças. Mas não é.
De tão minimalista, confunde. De tão simples, estressa. De tão vazia, enche o saco. De tão perfeita, perde a graça. Sabe quando você olha para aquela mulher linda ou aquele homem másculo e vibra com a perfeição, mas quando fala, toda a perfeição desaba? Pois é, Brasília é assim. É uma linda mulher ou um lindo homem que não pode abrir a boca.
Quando abre, aparece a depressão, a solidão, a indiferença, o egoísmo, a frieza, a monotonia e a capacidade de desbotar a mais linda das cores.
É claro que me refiro às pessoas, não à arquitetura. As pessoas andam nas ruas apáticas, como se não enxergassem nada além de seus próprios passos. Quando falam, lamentam por coisas que já se foram, por coisas que não fizeram, mas nunca fazem nada para mudar. Quando se vestem, não querem agradar à sí mesmas, mas ao padrão Brasília de beleza. Quando comem, esquecem o paladar e concentram-se na decoração do restaurante e seu status social. Quando paqueram, são indiferentes se vai dar certo ou não, é só um esporte social.
Brasília é a cidade da apatia, dos andróides, dos "não estou nem aí para vocês". A minha eterna impressão é que cada pessoa constrói uma parede invisível e inviolável à sua volta, onde só se mostra o que interessa.
Sinto falta de Uruguaiana. Dos vizinhos sentados em frente à suas casas, tomando chimarrão, conversando animadamente, fazendo fofocas, dos "playboys" andando de carrões e motos e se exibindo para as meninas bonitas, da brisa do final de tarde, do calor humano, da vida humana. Sinto falta das amizades verdadeiras, onde haviam brigas e pazes, onde se falava com sinceridade e onde o jeans surrado não fazia diferença para ninguém, até porque todos usavam jeans surrado e camiseta Hering comprada numa lojinha baratinha.
Brasília precisa disso! De seres humanos! De pessoas que dão risadas, se sacaneam e se amam.
Estou cansada de caminhar entre andróides em transe dentro de shoppings e restaurantes.
De tão minimalista, confunde. De tão simples, estressa. De tão vazia, enche o saco. De tão perfeita, perde a graça. Sabe quando você olha para aquela mulher linda ou aquele homem másculo e vibra com a perfeição, mas quando fala, toda a perfeição desaba? Pois é, Brasília é assim. É uma linda mulher ou um lindo homem que não pode abrir a boca.
Quando abre, aparece a depressão, a solidão, a indiferença, o egoísmo, a frieza, a monotonia e a capacidade de desbotar a mais linda das cores.
É claro que me refiro às pessoas, não à arquitetura. As pessoas andam nas ruas apáticas, como se não enxergassem nada além de seus próprios passos. Quando falam, lamentam por coisas que já se foram, por coisas que não fizeram, mas nunca fazem nada para mudar. Quando se vestem, não querem agradar à sí mesmas, mas ao padrão Brasília de beleza. Quando comem, esquecem o paladar e concentram-se na decoração do restaurante e seu status social. Quando paqueram, são indiferentes se vai dar certo ou não, é só um esporte social.
Brasília é a cidade da apatia, dos andróides, dos "não estou nem aí para vocês". A minha eterna impressão é que cada pessoa constrói uma parede invisível e inviolável à sua volta, onde só se mostra o que interessa.
Sinto falta de Uruguaiana. Dos vizinhos sentados em frente à suas casas, tomando chimarrão, conversando animadamente, fazendo fofocas, dos "playboys" andando de carrões e motos e se exibindo para as meninas bonitas, da brisa do final de tarde, do calor humano, da vida humana. Sinto falta das amizades verdadeiras, onde haviam brigas e pazes, onde se falava com sinceridade e onde o jeans surrado não fazia diferença para ninguém, até porque todos usavam jeans surrado e camiseta Hering comprada numa lojinha baratinha.
Brasília precisa disso! De seres humanos! De pessoas que dão risadas, se sacaneam e se amam.
Estou cansada de caminhar entre andróides em transe dentro de shoppings e restaurantes.
Só mais uma tentativa...
Correio Braziliense
Malki pede intervençãoData: 16/04/2010
ENCONTROS DE LÍDERES
Chanceler palestino espera que bloco formado por Brasil, Índia e África do Sul pressione Israel para desbloquear negociações
Isabel Fleck
Recebido em Brasília pelo colega brasileiro, Celso Amorim, e pelos ministros do Comércio da Índia, Anand Sharm, e da Ciência e Tecnologia da África do Sul, Naled Pandor, o chanceler palestino, Riad Malki, pediu a “intervenção” do bloco formado pelos três países se continuar o “impasse” nas conversas de paz gerado pelas recentes ações israelenses. Malki denunciou aos representantes do Fórum Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) a aplicação de uma ordem militar de Israel que permite a deportação de palestinos da Cisjordânia e pediu que o Brasil lidere outros países que querem ajudar no processo de paz.
“Nós sabemos o quanto o Brasil está comprometido, e vimos isso durante a visita do presidente Lula à Palestina, no mês passado. Estamos animados em contar com a ajuda do Brasil, liderando não só o Ibas, mas também outros países que gostariam de ajudar no processo de paz”, disse o chanceler palestino, após a reunião de quase uma hora. Segundo Malki, a decisão de Israel de deportar palestinos que não obtiverem uma nova permissão do Exército israelense e realocá-los como colonos mostra que os israelenses “não estão interessados” na paz. “E isso prova à comunidade internacional e aos líderes do Ibas que eles têm que intervir, se esperam que a paz prevaleça na nossa região”, afirmou.
Ideias novas
Amorim destacou que a ideia de o bloco ajudar no diálogo na região surgiu durante a visita do presidente da Autoridade Palestina (AP) ao Brasil, em novembro de 2009, mas se tornou “ainda mais urgente devido aos percalços” do processo de paz na região. “Não tem havido evolução positiva. Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (formado por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”, sugeriu.
Após o encontro no Itamaraty, os ministros do Ibas lançaram um comunicado conjunto, em que pedem a “retomada urgente das negociações” que levem a uma solução de dois Estados, “com a criação de um Estado palestino soberano, democrático, independente, unido e viável, convivendo pacificamente com Israel, dentro das fronteiras pré-1967”. Os três países defendem ainda que esse estado tenha Jerusalém Oriental como sua capital. “Uma participação maior da comunidade internacional neste empreendimento, incluindo os países em desenvolvimento com boas relações com todas as partes, pode trazer uma nova perspectiva para o processo de paz”, defende o bloco.
Exortação
Em relação a Israel, os membros do Ibas adotaram um tom firme, “exortando” o governo israelense a “congelar todas as atividades de colonização nos territórios palestinos ocupados, inclusive o ‘crescimento vegetativo (das colônias)’”. Eles recomendam ainda que o país reverta a decisão de “avançar com novas unidades habitacionais em Jerusalém Oriental”. Brasil, Índia e África do Sul se dizem “profundamente preocupados” com a nova ordem militar israelense, que permite a deportação de palestinos, e apelam para que o país alivie as restrições sobre a circulação de pessoas e bens na Faixa da Gaza e na Cisjordânia.
Os ministros destacaram que os conflitos no Oriente Médio “não podem ser resolvidos por uso da força”. “Os conflitos continuam a ser essencialmente de natureza política. Os países do Ibas, portanto, pedem a todos os atores para não desenvolver políticas e ações que causem danos e sofrimento, especialmente para os civis”, diz o texto final. Os três países declararam ainda apoio aos esforços para reativar as relações entre Israel, Síria e Líbano.
Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (EUA, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores
Malki pede intervençãoData: 16/04/2010
ENCONTROS DE LÍDERES
Chanceler palestino espera que bloco formado por Brasil, Índia e África do Sul pressione Israel para desbloquear negociações
Isabel Fleck
Recebido em Brasília pelo colega brasileiro, Celso Amorim, e pelos ministros do Comércio da Índia, Anand Sharm, e da Ciência e Tecnologia da África do Sul, Naled Pandor, o chanceler palestino, Riad Malki, pediu a “intervenção” do bloco formado pelos três países se continuar o “impasse” nas conversas de paz gerado pelas recentes ações israelenses. Malki denunciou aos representantes do Fórum Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) a aplicação de uma ordem militar de Israel que permite a deportação de palestinos da Cisjordânia e pediu que o Brasil lidere outros países que querem ajudar no processo de paz.
“Nós sabemos o quanto o Brasil está comprometido, e vimos isso durante a visita do presidente Lula à Palestina, no mês passado. Estamos animados em contar com a ajuda do Brasil, liderando não só o Ibas, mas também outros países que gostariam de ajudar no processo de paz”, disse o chanceler palestino, após a reunião de quase uma hora. Segundo Malki, a decisão de Israel de deportar palestinos que não obtiverem uma nova permissão do Exército israelense e realocá-los como colonos mostra que os israelenses “não estão interessados” na paz. “E isso prova à comunidade internacional e aos líderes do Ibas que eles têm que intervir, se esperam que a paz prevaleça na nossa região”, afirmou.
Ideias novas
Amorim destacou que a ideia de o bloco ajudar no diálogo na região surgiu durante a visita do presidente da Autoridade Palestina (AP) ao Brasil, em novembro de 2009, mas se tornou “ainda mais urgente devido aos percalços” do processo de paz na região. “Não tem havido evolução positiva. Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (formado por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”, sugeriu.
Após o encontro no Itamaraty, os ministros do Ibas lançaram um comunicado conjunto, em que pedem a “retomada urgente das negociações” que levem a uma solução de dois Estados, “com a criação de um Estado palestino soberano, democrático, independente, unido e viável, convivendo pacificamente com Israel, dentro das fronteiras pré-1967”. Os três países defendem ainda que esse estado tenha Jerusalém Oriental como sua capital. “Uma participação maior da comunidade internacional neste empreendimento, incluindo os países em desenvolvimento com boas relações com todas as partes, pode trazer uma nova perspectiva para o processo de paz”, defende o bloco.
Exortação
Em relação a Israel, os membros do Ibas adotaram um tom firme, “exortando” o governo israelense a “congelar todas as atividades de colonização nos territórios palestinos ocupados, inclusive o ‘crescimento vegetativo (das colônias)’”. Eles recomendam ainda que o país reverta a decisão de “avançar com novas unidades habitacionais em Jerusalém Oriental”. Brasil, Índia e África do Sul se dizem “profundamente preocupados” com a nova ordem militar israelense, que permite a deportação de palestinos, e apelam para que o país alivie as restrições sobre a circulação de pessoas e bens na Faixa da Gaza e na Cisjordânia.
Os ministros destacaram que os conflitos no Oriente Médio “não podem ser resolvidos por uso da força”. “Os conflitos continuam a ser essencialmente de natureza política. Os países do Ibas, portanto, pedem a todos os atores para não desenvolver políticas e ações que causem danos e sofrimento, especialmente para os civis”, diz o texto final. Os três países declararam ainda apoio aos esforços para reativar as relações entre Israel, Síria e Líbano.
Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (EUA, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Cúpula de Bombas
São tantas as informações que nem sei por onde começar. Vamos então por ordem de precedência. Alguém notou a cara da Fátima Bernardes ontem à noite ao dar a notícia de que o Ministro do Desenvolvimento do Brasil deu uma camisa da seleção brasileira de presente ao presidente do Irã? Logo na primeira chamada, a mocinha bonita de rosto angelical e âncora do Jornal Nacional deu esta notícia seguida da informação de que o presidente iraniano não reconhece o holocausto.
Peraí! O que foi que eu perdi? Eu tenho certeza que ouvi a frase inteira. Qual é a relação entre o holocausto e a camisa da seleção brasileira?
Até onde eu sei, o Brasil tem fortes relações comerciais com o Irã, assim como um monte de outros países que vivem dando presentinhos para o presidente iraniano, inclusive o de Barack Obama. Mas onde é que se inseriu o holocausto neste contexto?
Pelo que me consta, muitos estudiosos questionam a veracidade das informações e estatísticas sobre o holocausto e mesmo assim podem dar e receber presentes de quem bem entederem. Então qual é a da tirada da Fátima Bernardes? Misturar holocausto com Irã com seleção com Brasil?
Mas a melhor parte de ontem ficou para Obama. O carinha estava lá todo onipotente, onipresente, onitudo, ditando as novas regras mundiais sobre os usos da energia nuclear, como se fosse o novo messias. Quer dizer que agora é ele quem define o que pode e o que não pode ser feito nesta área também? Nenhum país tem soberania o suficiente para decidir o próprio destino? Mesmo com o controle da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)??? Desculpem esta última pergunta, foi só uma piadinha.
Bom, depois de assistir e ler sobre o circo de ontem, só posso continuar me sentindo refém destes maníacos que, num ataque de loucura, podem apertar o botão e mandar a humanidade pelos ares.
Enquanto isso, o Prêmio Nobel da Paz continua prestando suas homenages à estes mesmos maníacos que, um dia, vão mandar tudo pelos ares. Acho que fiquei burra! Não entendo mais nada!
Peraí! O que foi que eu perdi? Eu tenho certeza que ouvi a frase inteira. Qual é a relação entre o holocausto e a camisa da seleção brasileira?
Até onde eu sei, o Brasil tem fortes relações comerciais com o Irã, assim como um monte de outros países que vivem dando presentinhos para o presidente iraniano, inclusive o de Barack Obama. Mas onde é que se inseriu o holocausto neste contexto?
Pelo que me consta, muitos estudiosos questionam a veracidade das informações e estatísticas sobre o holocausto e mesmo assim podem dar e receber presentes de quem bem entederem. Então qual é a da tirada da Fátima Bernardes? Misturar holocausto com Irã com seleção com Brasil?
Mas a melhor parte de ontem ficou para Obama. O carinha estava lá todo onipotente, onipresente, onitudo, ditando as novas regras mundiais sobre os usos da energia nuclear, como se fosse o novo messias. Quer dizer que agora é ele quem define o que pode e o que não pode ser feito nesta área também? Nenhum país tem soberania o suficiente para decidir o próprio destino? Mesmo com o controle da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)??? Desculpem esta última pergunta, foi só uma piadinha.
Bom, depois de assistir e ler sobre o circo de ontem, só posso continuar me sentindo refém destes maníacos que, num ataque de loucura, podem apertar o botão e mandar a humanidade pelos ares.
Enquanto isso, o Prêmio Nobel da Paz continua prestando suas homenages à estes mesmos maníacos que, um dia, vão mandar tudo pelos ares. Acho que fiquei burra! Não entendo mais nada!
terça-feira, 13 de abril de 2010
Boa!!!
É isso aí, a falta de respeito com a soberania dos outros países virou uma tradição da política externa americana. Mas eu tenho um jeito bem mais popular de explicar a situação: eles sentam no próprio rabo e criticam o programa nuclear iraniano. Ora, ora! Antes de apontar o dedo na direção do Irã, lembrem-se que quem jogou bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki foram vocês, filhotes do Tio Sam! Quem é a verdadeira ameaça nuclear para o mundo, afinal?
O Estado de S. Paulo
Amorim e Jobim criticam cerco diplomático a Teerã
Data: 13/04/2010
Patrícia Campos Mello, Gustavo Chacra. Correspondentes em Washington
WASHINGTON - O Brasil manteve a posição contrária a uma nova resolução com sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas, apesar da pressão americana. Os ministros brasileiros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, defenderam mais negociações na área diplomática antes de levar a questão para o órgão máximo da ONU.
A questão nuclear iraniana foi debatida entre Jobim e o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, em encontro no Pentágono para a assinatura de acordo militar entre os dois países.
"Eu disse a ele que temos de esgotar as conversações", declarou Jobim. Tanto o ministro da Defesa brasileiro quanto Amorim tentaram deixar claro que a posição do Brasil é contra o Irã possuir armas nucleares, mas respeita o direito de os iranianos desenvolverem um programa nuclear para fins pacíficos.
"Como o Brasil, o Irã pode enriquecer o urânio até 20%", que é o necessário para usinas de energia atômica e pesquisas médicas, mas insuficiente para a fabricação de armas, acrescentou Jobim.
Insistência. Amorim deve adotar discurso similar na reunião de hoje com a secretária de Estado Hillary Clinton. Para os americanos, o programa nuclear iraniano busca desenvolver armas atômicas. O regime de Teerã nega e o Brasil espera mais provas antes de apoiar novas sanções.
Assim como Jobim, Amorim disse que o Brasil não deve assinar o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que permitiria mais inspeções nas instalações nucleares brasileiras. "Isso seria invasivo", disse o chanceler. "É um desrespeito à soberania", afirmou por sua vez o ministro da Defesa.
O Estado de S. Paulo
Amorim e Jobim criticam cerco diplomático a Teerã
Data: 13/04/2010
Patrícia Campos Mello, Gustavo Chacra. Correspondentes em Washington
WASHINGTON - O Brasil manteve a posição contrária a uma nova resolução com sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas, apesar da pressão americana. Os ministros brasileiros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim, defenderam mais negociações na área diplomática antes de levar a questão para o órgão máximo da ONU.
A questão nuclear iraniana foi debatida entre Jobim e o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, em encontro no Pentágono para a assinatura de acordo militar entre os dois países.
"Eu disse a ele que temos de esgotar as conversações", declarou Jobim. Tanto o ministro da Defesa brasileiro quanto Amorim tentaram deixar claro que a posição do Brasil é contra o Irã possuir armas nucleares, mas respeita o direito de os iranianos desenvolverem um programa nuclear para fins pacíficos.
"Como o Brasil, o Irã pode enriquecer o urânio até 20%", que é o necessário para usinas de energia atômica e pesquisas médicas, mas insuficiente para a fabricação de armas, acrescentou Jobim.
Insistência. Amorim deve adotar discurso similar na reunião de hoje com a secretária de Estado Hillary Clinton. Para os americanos, o programa nuclear iraniano busca desenvolver armas atômicas. O regime de Teerã nega e o Brasil espera mais provas antes de apoiar novas sanções.
Assim como Jobim, Amorim disse que o Brasil não deve assinar o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que permitiria mais inspeções nas instalações nucleares brasileiras. "Isso seria invasivo", disse o chanceler. "É um desrespeito à soberania", afirmou por sua vez o ministro da Defesa.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Mulheres no Cio
Quase todos os dias recebo, por e-mail, várias mensagens falando sobre a essência humana e em especial sobre o martírio das mulheres que, além de esposas e mães, precisam ser profissionais impecáveis e terem um corpão gostosão para agradar a ala masculina.
Outro dia, recebi um texto de Fernando Sabino, um de Luís Fernando Veríssimo e um de Arnaldo Jabor. Os tres falavam essencialmente da mesma coisa: O amor à alma feminina e a falta de respeito com a condição feminina atual e todas as exigências que se seguem à tal falta de respeito.
Dei uma filtrada nos textos e fui tomar um chopp com uma amiga querida. Chegando ao bar, percebi que o cenário era sempre o mesmo: Algumas mesas abarrotadas de mulheres fingindo uma descontração fajuta, poucas mesas com homens fingindo falar de futebol, enquanto encaravam as mulheres, duas ou tres mesas com casais fingindo que não estão nem aí para os outros e uma única mesa com um par de velhinhas simpáticas tomando uns drinks animadamente.
Minha amiga precisava desabafar sobre problemas com o marido, o que me exigia uma certa concentração. É claro que ela só precisava dos meus ouvidos e não dos meus conselhos, então permiti o monólogo. Enquanto isso, analisei uma mulher muito elegante, altiva e sorridente que estava na mesa ao lado e que se esforçava para manter-se no centro das atenções. Conseguiu. Chamou a atenção de um homem que estava na outra mesa à sua frente. Trocaram sorrisos e sinais de paquera. As amigas riram, mas apesar dos sorrisos nos lábios, seus olhos estavam transbordando de inveja e uma amiga mais ousada fez um comentário maldoso.
O homem sequer se mexeu do lugar. Não mandou "torpedinho" nem pediu o telefone dela. Sequer se deu ao trabalho de continuar a paquera. Mas, para não perder a batalha, a mulher levantou-se e foi ao encontro do garanhão, puxando uma conversinha básica. Ele a convidou para sentar e em poucos minutos estavam se beijando. As "amigas" brindaram ao desencalhe.
Imediatamente lembrei dos textos que havia lido antes de chegar ao bar. Mas não consegui identificar nenhuma alma feminina naquelas mulheres que ali estavam se degladiando pela atenção de qualquer homem. O que ví foram fêmeas desesperadas por um macho. Não percebi nenhuma sutileza no comportamento delas, pois mais pareciam um elefante solto numa loja de cristais. Não ví nenhuma ternura em seus olhares, mas sim um instinto caçador e predador.
E é claro que nenhum homem ali precisaria fazer qualquer esforço para conquistar uma mulher, já que elas fazem o serviço completo e ainda agradecem pelo favor no final.
Longe de mim querer bancar a moralista, mas acho que as mulheres é que precisam rever seu comportamento. Se queremos ser tratadas com respeito e cavalherismo, devemos primeiro nos comportar como damas. De que adianta as mulheres reclamarem do comportamento masculino, se são elas que dão todos os argumentos para que os homens as tratem desta forma?
Mulheres, acordem! Não é agindo como leoas no cio que vocês vão conquistar o respeito e o amor dos homens. É resgatando a ternura, a sutileza, a delicadeza, a suavidade e o orgulho de ser mulher.
Outro dia, recebi um texto de Fernando Sabino, um de Luís Fernando Veríssimo e um de Arnaldo Jabor. Os tres falavam essencialmente da mesma coisa: O amor à alma feminina e a falta de respeito com a condição feminina atual e todas as exigências que se seguem à tal falta de respeito.
Dei uma filtrada nos textos e fui tomar um chopp com uma amiga querida. Chegando ao bar, percebi que o cenário era sempre o mesmo: Algumas mesas abarrotadas de mulheres fingindo uma descontração fajuta, poucas mesas com homens fingindo falar de futebol, enquanto encaravam as mulheres, duas ou tres mesas com casais fingindo que não estão nem aí para os outros e uma única mesa com um par de velhinhas simpáticas tomando uns drinks animadamente.
Minha amiga precisava desabafar sobre problemas com o marido, o que me exigia uma certa concentração. É claro que ela só precisava dos meus ouvidos e não dos meus conselhos, então permiti o monólogo. Enquanto isso, analisei uma mulher muito elegante, altiva e sorridente que estava na mesa ao lado e que se esforçava para manter-se no centro das atenções. Conseguiu. Chamou a atenção de um homem que estava na outra mesa à sua frente. Trocaram sorrisos e sinais de paquera. As amigas riram, mas apesar dos sorrisos nos lábios, seus olhos estavam transbordando de inveja e uma amiga mais ousada fez um comentário maldoso.
O homem sequer se mexeu do lugar. Não mandou "torpedinho" nem pediu o telefone dela. Sequer se deu ao trabalho de continuar a paquera. Mas, para não perder a batalha, a mulher levantou-se e foi ao encontro do garanhão, puxando uma conversinha básica. Ele a convidou para sentar e em poucos minutos estavam se beijando. As "amigas" brindaram ao desencalhe.
Imediatamente lembrei dos textos que havia lido antes de chegar ao bar. Mas não consegui identificar nenhuma alma feminina naquelas mulheres que ali estavam se degladiando pela atenção de qualquer homem. O que ví foram fêmeas desesperadas por um macho. Não percebi nenhuma sutileza no comportamento delas, pois mais pareciam um elefante solto numa loja de cristais. Não ví nenhuma ternura em seus olhares, mas sim um instinto caçador e predador.
E é claro que nenhum homem ali precisaria fazer qualquer esforço para conquistar uma mulher, já que elas fazem o serviço completo e ainda agradecem pelo favor no final.
Longe de mim querer bancar a moralista, mas acho que as mulheres é que precisam rever seu comportamento. Se queremos ser tratadas com respeito e cavalherismo, devemos primeiro nos comportar como damas. De que adianta as mulheres reclamarem do comportamento masculino, se são elas que dão todos os argumentos para que os homens as tratem desta forma?
Mulheres, acordem! Não é agindo como leoas no cio que vocês vão conquistar o respeito e o amor dos homens. É resgatando a ternura, a sutileza, a delicadeza, a suavidade e o orgulho de ser mulher.
Ogivas Nucleares
Aproveitando a oportunidade do acordo Start assinado entre os Estados Unidos da América e a Russia, antigos rivais e atuais amiguinhos na corrida armamentista nuclear, levei um susto ao assistir o Jornal Nacional na sexta feira passada e ver que no gráfico preparado pela equipe jornalística estava demonstrado que Israel possui 80 ou mais ogivas nucleares. É claro que não chega nem perto da Russia que possui mais de 13.000 ogivas ou da terra do Tio Sam que possui quase 10.000 ogivas, mas mesmo assim, Israel está lá no Oriente Médio, encravada como um câncer malígno no coração dos países árabes e com um vantajoso poderio nuclear.
Além da cara de pau de se falar em números tão exorbitantes de armas nucleares, o jornalista disse que Israel possui "apenas" 80 ogivas ou mais. Dá para acreditar? Será que ele considera o número pequeno? Será que ele nunca ouviu falar do poder de devastação de uma única ogiva nuclear? Será que ele se ateve aos números comparativos? Para piorar um pouquinho mais a notícia, ele disse que os dois países signatários do acordo Start mandaram um recadinho para o Brasil e para o Irã sobre o desenvolvimento de armas nucleares no país persa. Na mesma semana, o Irã havia declarado que está enriquecendo urânio para fins pacíficos, ou seja, para geração de energia elétrica, tal qual o Brasil, mas mesmo assim continua sendo considerado uma ameaça.
Israel, por sua vez, tal qual seus protetores americanos, nunca declarou que seu poderio nuclear seria usado para fins pacíficos, o que configura uma ameaça eminente e constante aos países vizinhos. Então por que a condenação vai só para o Irã? Que diabos de conceito é esse?
Para mim, uma leiga, os números já disseram tudo. Ou seja:
- A maior ameaça nuclear do mundo é a Russia, seguida dos Estados Unidos da América.
- O Oriente Médio está constantemente ameaçado por Israel.
- Agora que se assinou o Acordo Start, temos cerca de 23.000 ogivas nucleares na mão de aliados, além de "80 ou mais" na mão de Israel, o que significa que o mundo é refém destes países.
Sabem como eu me senti? Como aquela vítima de assalto de banco que tem uma arma apontada para a cabeça, pressionada por um maníaco que é capaz de apertar o gatilho à qualquer segundo e sob a mínima ameaça.
É minha gente! Somos reféns de maniacos e os jornalistas patetas anunciam esta notícia com toda a pompa e glória, como se fosse um trunfo da humanindade.
Além da cara de pau de se falar em números tão exorbitantes de armas nucleares, o jornalista disse que Israel possui "apenas" 80 ogivas ou mais. Dá para acreditar? Será que ele considera o número pequeno? Será que ele nunca ouviu falar do poder de devastação de uma única ogiva nuclear? Será que ele se ateve aos números comparativos? Para piorar um pouquinho mais a notícia, ele disse que os dois países signatários do acordo Start mandaram um recadinho para o Brasil e para o Irã sobre o desenvolvimento de armas nucleares no país persa. Na mesma semana, o Irã havia declarado que está enriquecendo urânio para fins pacíficos, ou seja, para geração de energia elétrica, tal qual o Brasil, mas mesmo assim continua sendo considerado uma ameaça.
Israel, por sua vez, tal qual seus protetores americanos, nunca declarou que seu poderio nuclear seria usado para fins pacíficos, o que configura uma ameaça eminente e constante aos países vizinhos. Então por que a condenação vai só para o Irã? Que diabos de conceito é esse?
Para mim, uma leiga, os números já disseram tudo. Ou seja:
- A maior ameaça nuclear do mundo é a Russia, seguida dos Estados Unidos da América.
- O Oriente Médio está constantemente ameaçado por Israel.
- Agora que se assinou o Acordo Start, temos cerca de 23.000 ogivas nucleares na mão de aliados, além de "80 ou mais" na mão de Israel, o que significa que o mundo é refém destes países.
Sabem como eu me senti? Como aquela vítima de assalto de banco que tem uma arma apontada para a cabeça, pressionada por um maníaco que é capaz de apertar o gatilho à qualquer segundo e sob a mínima ameaça.
É minha gente! Somos reféns de maniacos e os jornalistas patetas anunciam esta notícia com toda a pompa e glória, como se fosse um trunfo da humanindade.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Fumante Terrorista
Depois de rir muito desta notícia, parei para analisa-la. Está certo que o diplomata deveria ser repreendido por ter fumado à bordo e até pago uma multa à empresa aérea. Isso seria justo. Mas a coisa tomou proporções descomunais pelo simples fato do diplomata ser um árabe. É claro que pelo fato de ser árabe, imediatamente torna-se um suspeito de terrorismo e não um fumante viciado que não conseguiu controlar seus ímpetos. O fato de ter brincado com a paranóia americana e dizer que tinha bombas no sapato então....Ah...deve ter sido um prato cheio para toda a imprensa americana desenterrar todos os episódios sobre terrorismo árabe e fazer aquele estardalhaço para convencer à todos de que os árabes não prestam.
O que dizer então do comissário americano que fez um gesto obceno para a polícia federal brasileira e desafiou as autoridades? Ele fez chacota com a cara de todos os brasileiros e apenas foi repreendido com um processo administrativo. Perceberam a diferença no tratamento?
Zero Hora
Diplomata gera alerta antiterror
/nota
Data: 09/04/2010
Após violar a proibição de fumar a bordo, o diplomata Mohammed Al-Madadi, do Catar, gerou um alerta antiterror durante um voo entre Washington e Denver, na quarta-feira. A fumaça fez disparar um alarme, e Al-Maladi acabou sendo detido por um agente federal. O incidente poderia ter terminado ali, mas o diplomata teria feito então uma brincadeira de mau gosto, dizendo que pretendia detonar uma bomba oculta nos sapatos. Dois caças da força aérea chegaram a ser mobilizados e escoltaram a aeronave até a aterrissagem.
O que dizer então do comissário americano que fez um gesto obceno para a polícia federal brasileira e desafiou as autoridades? Ele fez chacota com a cara de todos os brasileiros e apenas foi repreendido com um processo administrativo. Perceberam a diferença no tratamento?
Zero Hora
Diplomata gera alerta antiterror
/nota
Data: 09/04/2010
Após violar a proibição de fumar a bordo, o diplomata Mohammed Al-Madadi, do Catar, gerou um alerta antiterror durante um voo entre Washington e Denver, na quarta-feira. A fumaça fez disparar um alarme, e Al-Maladi acabou sendo detido por um agente federal. O incidente poderia ter terminado ali, mas o diplomata teria feito então uma brincadeira de mau gosto, dizendo que pretendia detonar uma bomba oculta nos sapatos. Dois caças da força aérea chegaram a ser mobilizados e escoltaram a aeronave até a aterrissagem.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Fragmentos da Memória
- Eu tenho mais um avô e uma avó?
- Tem sim. Eles moram no Brasil.
- Quem são eles?
- Sua avó se chama Miriam e seu avô se chama Hamed.
- E onde é o Brasil?
- Fica na América Latina.
- O que é isso?
- É um continente.
- Ah...
- Por que eles moram tão longe?
- Eles fugiram da guerra na Palestina. Os judeus roubaram nossas terras e eles resolveram recomeçar a vida no Brasil.
- E por que não prenderam os ladrões?
- Que ladrões?
- Os que roubaram as terras do vovô, oras!
- É muito complicado explicar isso!
- Humm...
- E por que você não fugiu com seus pais?
- Eu me casei com seu pai e viemos para a Jordânia.
- Aqui é a Jordânia?
- É!
- Pensei que aqui fosse Ashrafieh.
- Este é o nome do bairro onde moramos, o nome da cidade é Amman e do país é Jordânia.
- E por que você e o papai não foram com eles?
- Não deu. Tinhamos pouco dinheiro. Além do mais, queriamos que você e seus irmãos fossem criados num país árabe e muçulmano.
- Por que?
- Porque somos árabes e muçulmanos e queriamos que nossos filhos seguissem a nossa cultura.
- Mas quando eu for ao Brasil, eu deixarei de ser árabe e muçulmana?
- Não! Em qualquer lugar do mundo, você sempre será uma árabe, muçulmana e palestina. Lembre-se sempre disso!
- Tem sim. Eles moram no Brasil.
- Quem são eles?
- Sua avó se chama Miriam e seu avô se chama Hamed.
- E onde é o Brasil?
- Fica na América Latina.
- O que é isso?
- É um continente.
- Ah...
- Por que eles moram tão longe?
- Eles fugiram da guerra na Palestina. Os judeus roubaram nossas terras e eles resolveram recomeçar a vida no Brasil.
- E por que não prenderam os ladrões?
- Que ladrões?
- Os que roubaram as terras do vovô, oras!
- É muito complicado explicar isso!
- Humm...
- E por que você não fugiu com seus pais?
- Eu me casei com seu pai e viemos para a Jordânia.
- Aqui é a Jordânia?
- É!
- Pensei que aqui fosse Ashrafieh.
- Este é o nome do bairro onde moramos, o nome da cidade é Amman e do país é Jordânia.
- E por que você e o papai não foram com eles?
- Não deu. Tinhamos pouco dinheiro. Além do mais, queriamos que você e seus irmãos fossem criados num país árabe e muçulmano.
- Por que?
- Porque somos árabes e muçulmanos e queriamos que nossos filhos seguissem a nossa cultura.
- Mas quando eu for ao Brasil, eu deixarei de ser árabe e muçulmana?
- Não! Em qualquer lugar do mundo, você sempre será uma árabe, muçulmana e palestina. Lembre-se sempre disso!
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Livros
Além de fuçar os principais jornais do Brasil e do mundo, tenho outro hobby: visitar livrarias. Algum desavisado deve pensar: “Ela deve ser uma mulher chatíssima”. Acho que não. Tento controlar meus impulsos. Mas a arte da observação é bastante interessante.
À algum tempo atrás, a moda das livrarias era expor toneladas de livros de auto-ajuda. Os autores contam nestes livros suas histórias de sucesso profissional e pessoal, disciplinas que vão muito além da condição humana e receitas “infalíveis” para se tornar um milionário. Lí alguns até a metade e descobri que, para mim, é impossível seguir tais receitas, já que sou uma pessoa normal, cheia de qualidades e defeitos.
Aí o Dr. Khaled Husseini, nosso amigo afegão radicado nos Estados Unidos da América lançou o “Caçador de Pipas” para falar das tragédias que atingiram seu país e seu povo, exaltando a cultura e a sociedade americana. Foi daí que começou o terror. Centenas de outros livros de autores anônimos, até então, viraram febre. Lí alguns. Em quase todos eles, os autores fugiram de seus países, na maioria muçulmanos, e se exilaram em algum país europeu ou nos Estados Unidos da América e de lá criaram coragem para contar suas tragédias pessoais ou imaginárias.
Até aí, tudo bem! O que me intrigou foi a multiplicação destes livros numa velocidade meteórica. Em quase todos eles, os muçulmanos são sempre algozes das vitimas (autores) e quase todos usam clichês muito parecidos. Dá a impressão que foram escritos pela mesma vitima (autor), em princípio como forma de denúncia, mas por trás do denuncismo, percebi uma nova metodologia de lavagem cerebral. Já que a mídia cansou as massas com o clichê “terrorismo islâmico”, por que não “romantizar” a expressão usando vitimas (autores) para continuar sujando a imagem do Islã perante o mundo?
É bem mais convincente quando uma pessoa, na intimidade de seu quarto, lê sobre os horrores do mundo islâmico e absorve a mensagem de forma romântica e intimista. Se fossem só os livros, ainda vai, já que não se atinge uma camada significante da população, mas tem também os filmes. Assisti “Persépolis”, onde uma garota iraniana foge da repressão islâmica dos xás e vai para a Europa se purificar. A mensagem embutida no filme é que no islã não há liberdade, coisa que eu discordo de fato, já que sou muçulmana e sei que o que se aplica no Irã e no Afeganistão é um radicalismo repressor que eles insistem em chamar de religião. Também assisti “Além da Paixão”(Beyond the Borders), onde radicais muçulmanos matam o herói do filme, além de serem retratados como patetas, ignorantes e selvagens. Para que o filme tivesse bastante expressão, os muçulmanos assassinam nada mais, nada menos do que Angelina Jolie e ferem mortalmente Clive Owen, dois ícones amados do cinema mundial. Quem é que não vai odiar os muçulmanos, depois de ver esta cena? É perfeito!
Leitores, intelectuais ou não, amantes do cinema, cinéfilos ou não, todos tem seu consciente transbordado de interpretações prontas e fáceis, que avisam que todo muçulmano é terrorista, até que prove o contrário. Vejo isso nos olhos dos meus amigos mais íntimos, que não conseguem correlacionar o fato de eu ser muçulmana e ao mesmo tempo ser uma pessoa como qualquer outra, que tem contas à pagar no final do mês, filhos para apanhar na escola, um chefe que cobra pontualidade e, para piorar, gosta de música, livros e cinema. Ah, e o mais interessante é que meu cinto não vem equipado com bombas. Dá para acreditar?
À algum tempo atrás, a moda das livrarias era expor toneladas de livros de auto-ajuda. Os autores contam nestes livros suas histórias de sucesso profissional e pessoal, disciplinas que vão muito além da condição humana e receitas “infalíveis” para se tornar um milionário. Lí alguns até a metade e descobri que, para mim, é impossível seguir tais receitas, já que sou uma pessoa normal, cheia de qualidades e defeitos.
Aí o Dr. Khaled Husseini, nosso amigo afegão radicado nos Estados Unidos da América lançou o “Caçador de Pipas” para falar das tragédias que atingiram seu país e seu povo, exaltando a cultura e a sociedade americana. Foi daí que começou o terror. Centenas de outros livros de autores anônimos, até então, viraram febre. Lí alguns. Em quase todos eles, os autores fugiram de seus países, na maioria muçulmanos, e se exilaram em algum país europeu ou nos Estados Unidos da América e de lá criaram coragem para contar suas tragédias pessoais ou imaginárias.
Até aí, tudo bem! O que me intrigou foi a multiplicação destes livros numa velocidade meteórica. Em quase todos eles, os muçulmanos são sempre algozes das vitimas (autores) e quase todos usam clichês muito parecidos. Dá a impressão que foram escritos pela mesma vitima (autor), em princípio como forma de denúncia, mas por trás do denuncismo, percebi uma nova metodologia de lavagem cerebral. Já que a mídia cansou as massas com o clichê “terrorismo islâmico”, por que não “romantizar” a expressão usando vitimas (autores) para continuar sujando a imagem do Islã perante o mundo?
É bem mais convincente quando uma pessoa, na intimidade de seu quarto, lê sobre os horrores do mundo islâmico e absorve a mensagem de forma romântica e intimista. Se fossem só os livros, ainda vai, já que não se atinge uma camada significante da população, mas tem também os filmes. Assisti “Persépolis”, onde uma garota iraniana foge da repressão islâmica dos xás e vai para a Europa se purificar. A mensagem embutida no filme é que no islã não há liberdade, coisa que eu discordo de fato, já que sou muçulmana e sei que o que se aplica no Irã e no Afeganistão é um radicalismo repressor que eles insistem em chamar de religião. Também assisti “Além da Paixão”(Beyond the Borders), onde radicais muçulmanos matam o herói do filme, além de serem retratados como patetas, ignorantes e selvagens. Para que o filme tivesse bastante expressão, os muçulmanos assassinam nada mais, nada menos do que Angelina Jolie e ferem mortalmente Clive Owen, dois ícones amados do cinema mundial. Quem é que não vai odiar os muçulmanos, depois de ver esta cena? É perfeito!
Leitores, intelectuais ou não, amantes do cinema, cinéfilos ou não, todos tem seu consciente transbordado de interpretações prontas e fáceis, que avisam que todo muçulmano é terrorista, até que prove o contrário. Vejo isso nos olhos dos meus amigos mais íntimos, que não conseguem correlacionar o fato de eu ser muçulmana e ao mesmo tempo ser uma pessoa como qualquer outra, que tem contas à pagar no final do mês, filhos para apanhar na escola, um chefe que cobra pontualidade e, para piorar, gosta de música, livros e cinema. Ah, e o mais interessante é que meu cinto não vem equipado com bombas. Dá para acreditar?
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Maconha
A ONU deveria aproveitar a notícia e divulgar quem é o maior comprador e consumidor da maconha produzida no Afeganistão: Os Estados Unidos da América. Que feio! Divulgaram a notícia pela metade!
Folha de S. Paulo
Afeganistão é maior produtor mundial de maconha, diz ONU
Data: 01/04/2010
Reuters
Provedor de 90% do ópio -a matéria-prima da heroína- do mundo, o Afeganistão tornou-se também nos últimos anos o maior produtor de maconha, que é cultivada em 17 de suas 34 Províncias, segundo relatório do UNODC (agência antidrogas da ONU) revelado ontem.
Com a produtividade por hectare mais de três vezes maior que a do Marrocos -outro grande produtor-, o país é responsável por colocar de 1.500 a 3.500 toneladas da droga por ano no mercado mundial.
Segundo o UNODC, o cultivo da planta se estende por entre 10 mil e 24 mil hectares, sobretudo na conflagrada região sul afegã, alvo de ofensiva da Otan -a aliança militar ocidental- por conta da predominância de insurgentes ligados ao Taleban.
"O relatório mostra que o problema da droga no Afeganistão é mais complexo do que o tráfico de ópio", disse Antonio Maria Costa, chefe do UNODC. Como no caso do ópio, o tráfico de maconha financia a insurgência, que cobra taxas de produção e permite o trânsito seguro da droga pelo país.
Folha de S. Paulo
Afeganistão é maior produtor mundial de maconha, diz ONU
Data: 01/04/2010
Reuters
Provedor de 90% do ópio -a matéria-prima da heroína- do mundo, o Afeganistão tornou-se também nos últimos anos o maior produtor de maconha, que é cultivada em 17 de suas 34 Províncias, segundo relatório do UNODC (agência antidrogas da ONU) revelado ontem.
Com a produtividade por hectare mais de três vezes maior que a do Marrocos -outro grande produtor-, o país é responsável por colocar de 1.500 a 3.500 toneladas da droga por ano no mercado mundial.
Segundo o UNODC, o cultivo da planta se estende por entre 10 mil e 24 mil hectares, sobretudo na conflagrada região sul afegã, alvo de ofensiva da Otan -a aliança militar ocidental- por conta da predominância de insurgentes ligados ao Taleban.
"O relatório mostra que o problema da droga no Afeganistão é mais complexo do que o tráfico de ópio", disse Antonio Maria Costa, chefe do UNODC. Como no caso do ópio, o tráfico de maconha financia a insurgência, que cobra taxas de produção e permite o trânsito seguro da droga pelo país.
Assinar:
Postagens (Atom)