quinta-feira, 29 de abril de 2010

Guerra e Paz

- Você tem que pensar na paz e não na guerra.
- É fácil ser pragmático quando se está do lado de fora.
- Não se trata de pragmatismo.
- Então o que é?
- Trata-se de traçar uma nova mentalidade.
- De paz?
- Sim.
- Como?
- Começando a levantar a bandeira da paz. Sempre há uma saída quando se tem boa vontade.
- E de qual lado partiria esta boa vontade?
- Dos dois lados, oras.
- E quando o outro lado diz que quer a paz da forma mais traiçoeira possivel, como confiar?
- Alguém tem que ceder.
- E morrer?
- Não.
- Na guerra é matar ou morrer.
- Você é muito radical.
- Eu não diria isso.
- É sim.
- Sabe aquela máxima "No amor e na guerra vale tudo"?
- Não concordo com ela.
- Não?
- Não!
- Então o que você faria se tivesse uma arma apontada para a cabeça da sua mãe ou seu filho?
- (Silêncio).
- Então?
- Você radicaliza tudo.
- É um fato. Vemos isso acontecendo na Palestina todos os dias e as vítimas ou são crianças ou são mulheres. Você já tentou se colocar no lugar de uma pessoa que perde um ente querido gratuitamente?
- Claro que sim.
- E qual foi seu sentimento?
- Meu sentimento é que isso precisa acabar.
- Mas como?
- Não sei, só sei que precisa acabar.
- Só se você conseguir arrancar todas as armas das mãos dos soldados israelenses e conseguir arrancar todo o ódio do coração deles.
- Mas os palestinos também tem sua contribuição.
- Qual é? A de se defender das agressões físicas, morais e psicológicas? Isso é uma reação natural da mais pacífica das criaturas. Até um panda é capaz de reagir à uma agressão.
- E quando ele é o agressor?
- Nossos avós e nossos pais estavam dormindo quando o vilarejo deles foi atacado, incendiado e metade dos moradores assassinados. Quem é o agressor?
- Estou falando dos dias atuais.
- Ah, você está deletando o histórico da causa palestina?
- Não quiz dizer isso.
- Então? É uma questão de causa e efeito. Você sempre tem que voltar à causa para conhecer o efeito.
- Tá, e então? Não haverá paz?
- É o que tentamos fazer em Oslo, em Madri e numa centena de outros acordos subsequentes. Mas fomos traídos pelas artimanhas dos judeus. Eles concordam com tudo na hora e depois não cumprem. É assim que eles sempre agem conosco. Como você quer que continuemos confiando neles?
- Estou falando de pessoas.
- Pessoas formam um país e pessoas formam governos.
- Não dá para falar de paz com você. Como eu disse antes, você é muito radical!
- Estou apenas te mostrando fatos e sentimentos. Mas até agora, você não me disse como você propõe esta paz.
- Eu não tenho que propor nada, apenas acho que a briga tem que parar.
- E como se para uma briga?
- Solucionando as controvérsias, oras!
- Boa pedida! Como?
- O que?
- Vamos falar de Jerusalém. Como solucionar o caso de Jerusalém?
- Sei lá! Eles não podem viver todos juntos?
- Talvez na mesma cidade, mas as casas dos palestinos foram tomadas, demolidas e entregues aos judeus. Sem falar nas questões religiosas. O que você faria neste caso? Pode ser de forma simplificada.
- Demoliria todas as novas casas e construiria prédios que abrigassem várias famílias.
- Jerusalém é patrimônio histórico, cultural e religioso da humanidade. Você não poderia contruir prédios na parte antiga.
- Mas os judeus não fizeram isso?
- Sim, mas desrespeitando toda e qualquer declaração internacional. Estamos falando de paz.
- Assim fica difícil!
- Claro! Mas estamos falando de uma única controvérsia. Vamos resolver só esta. Deixemos de lado os presos palestinos, o direito ao retorno, os reféns, os crimes de guerra, a adulteração da demografia, os assentamentos, etc...
- Você escolheu a mais difícil das controvérsias! Espertinha!
- Tudo bem, pode escolher qualquer outra.
- Adulteração da demografia.
- Ok!
- Nunca entendi o que isso quer dizer.
- Ah! Isso quer dizer que depois de invadir e ocupar a Palestina, os judeus começaram a incentivar a imigração dos judeus do mundo todo para lá, alterando as características demográficas do país. Na verdade, quase não existem judeus lá, o que existem são imigrantes e descendentes destes com identidade israelense,  que vieram de todas as partes do mundo. Nunca pertenceram e nem nunca pertencerão à aquele lugar e só estão ali porque o governo de Israel garante tudo à eles, desde moradia, salário, alimentação, assistência médica, empregos, aposentadoria, etc. Se não fosse pelos benefícios, eles não poderiam contar nem com metade daqueles imigrantes. A realidade é que  a demografia da Palestina foi adulterada para uma população de parasitas. A maioria dos judeus palestinos não tolerou tamanha afronta e, por conta da guerra, se refugiou em outros países.
- Entendi.
- Então?
- Não sei o que dizer! É muito complicado discutir tudo isso!
- Eu sei, mas o que você faria nesta questão?
- Sua última frase me deixou perplexa. Quer dizer que os judeus palestinos não apóiam Israel e que aqueles que estão lá são israelenses e não judeus?
- Tecnicamente sim!
- Como assim?
- Vou tentar sintetizar a coisa. Judeu é todo aquele que nasce em berço judeu, ou seja, filho de mãe judia, certo?
- Certo!
- Daqueles que imigraram para lá, quantos você acha que adulteraram documentos para ir à um país onde tudo seria garantido pelo governo? Ou você acha que eles pararam para fazer exame de DNA em todos aqueles imigrantes?
- Ah!
- Israel está cheia de gente que nunca foi judia nem de perto, nem de longe. Até aborígenes australianos se dizem judeus e passam batido! A intenção deles é encher o país de gente deles. Se tem pessoas dispostas à se passarem por judeus, eles acatam e pronto. Talvez agora haja uma fiscalização maior, mas em 1948 e em 1967 isso era meio difícil de averiguar.
- Entendi.
- Então, qual seria a sua solução para este problema?
- Não existe solução para um problema já enraizado.
- Existe.
- Como?
- Corte os benefícios e 90% deles vão desertar e procurar outra boquinha.
- Mas isso teria que partir do governo deles.
- Sim. É uma questão de tempo.
- Você acredita nisso?
- Acredito. Só se luta por uma terra, quando você sabe que ela te pertence e você pertence à ela, caso contrário, os elos são sempre muito frágeis e fáceis de romper quando não existe mais conveniência.
- E quando esta conveniência vai acabar?
- Quando o petróleo acabar e os países árabes deixarem de ser prioridade para as grandes potências. São elas que financiam a mamata de Israel.
- Então não vai demorar muito.
- Pode apostar que não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita e contribuição.