sexta-feira, 16 de abril de 2010

Só mais uma tentativa...

Correio Braziliense

Malki pede intervençãoData: 16/04/2010
ENCONTROS DE LÍDERES
Chanceler palestino espera que bloco formado por Brasil, Índia e África do Sul pressione Israel para desbloquear negociações
Isabel Fleck
Recebido em Brasília pelo colega brasileiro, Celso Amorim, e pelos ministros do Comércio da Índia, Anand Sharm, e da Ciência e Tecnologia da África do Sul, Naled Pandor, o chanceler palestino, Riad Malki, pediu a “intervenção” do bloco formado pelos três países se continuar o “impasse” nas conversas de paz gerado pelas recentes ações israelenses. Malki denunciou aos representantes do Fórum Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) a aplicação de uma ordem militar de Israel que permite a deportação de palestinos da Cisjordânia e pediu que o Brasil lidere outros países que querem ajudar no processo de paz.
“Nós sabemos o quanto o Brasil está comprometido, e vimos isso durante a visita do presidente Lula à Palestina, no mês passado. Estamos animados em contar com a ajuda do Brasil, liderando não só o Ibas, mas também outros países que gostariam de ajudar no processo de paz”, disse o chanceler palestino, após a reunião de quase uma hora. Segundo Malki, a decisão de Israel de deportar palestinos que não obtiverem uma nova permissão do Exército israelense e realocá-los como colonos mostra que os israelenses “não estão interessados” na paz. “E isso prova à comunidade internacional e aos líderes do Ibas que eles têm que intervir, se esperam que a paz prevaleça na nossa região”, afirmou.
Ideias novas
Amorim destacou que a ideia de o bloco ajudar no diálogo na região surgiu durante a visita do presidente da Autoridade Palestina (AP) ao Brasil, em novembro de 2009, mas se tornou “ainda mais urgente devido aos percalços” do processo de paz na região. “Não tem havido evolução positiva. Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (formado por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”, sugeriu.
Após o encontro no Itamaraty, os ministros do Ibas lançaram um comunicado conjunto, em que pedem a “retomada urgente das negociações” que levem a uma solução de dois Estados, “com a criação de um Estado palestino soberano, democrático, independente, unido e viável, convivendo pacificamente com Israel, dentro das fronteiras pré-1967”. Os três países defendem ainda que esse estado tenha Jerusalém Oriental como sua capital. “Uma participação maior da comunidade internacional neste empreendimento, incluindo os países em desenvolvimento com boas relações com todas as partes, pode trazer uma nova perspectiva para o processo de paz”, defende o bloco.
Exortação
Em relação a Israel, os membros do Ibas adotaram um tom firme, “exortando” o governo israelense a “congelar todas as atividades de colonização nos territórios palestinos ocupados, inclusive o ‘crescimento vegetativo (das colônias)’”. Eles recomendam ainda que o país reverta a decisão de “avançar com novas unidades habitacionais em Jerusalém Oriental”. Brasil, Índia e África do Sul se dizem “profundamente preocupados” com a nova ordem militar israelense, que permite a deportação de palestinos, e apelam para que o país alivie as restrições sobre a circulação de pessoas e bens na Faixa da Gaza e na Cisjordânia.
Os ministros destacaram que os conflitos no Oriente Médio “não podem ser resolvidos por uso da força”. “Os conflitos continuam a ser essencialmente de natureza política. Os países do Ibas, portanto, pedem a todos os atores para não desenvolver políticas e ações que causem danos e sofrimento, especialmente para os civis”, diz o texto final. Os três países declararam ainda apoio aos esforços para reativar as relações entre Israel, Síria e Líbano.
Nós temos boas relações com Israel e, por isso, acreditamos que podemos contribuir com ideias novas para o processo de paz. Podemos, inclusive, ajudar o próprio Quarteto (EUA, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) a sair do círculo de giz na qual essa situação está fechada”
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores

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