sexta-feira, 29 de maio de 2009

RUÍNAS

Fala-se muito das pirâmides do Egito, da arquitetura greco-romana, de Ouro Preto de Aleijadinho, dos projetos megalômanos de Dubai, mas pouco se fala da Jordânia. Eu vou falar.
A Jordânia é um livro de história à céu aberto. Apesar de Roma também sê-lo, porém, a Jordânia tem características peculiares. No centro de Amman, você pode tropeçar com colunas de construções greco-romanas, bem no centro da cidade, na calçada mesmo, deitadas alí durante séculos para nos contar que por lá passaram guerreiros, comerciantes, mulheres e crianças. Para nos lembrar que não somos os únicos, nem os primeiros, muito menos os últimos habitantes deste imenso planeta.
Bem no centro de Amman, tem também o anfiteatro romano "Almudaraj Al Romani". Até o século XVIII, ele ficou ali, solitário, aconchegado no colo de uma montanha. Mas a população foi crescendo e logo apareceram as primeiras casas, depois as lojas, depois as ruas até se transformar no coração latente da Amman de hoje. O nome da montanha que carrega o anfiteatro no colo é Jabal Al Jofeh. Foi lá que eu nasci, na casa dos meus avós, bem no alto da montanha. Na década de 70, era possível avistar o anfiteatro da varanda de casa. Não havia prédios e as casas tinham, no máximo, dois andares. Hoje ele está sufocado, brigando com espigões para mantêr seu lugar ao sol.
Ainda em Amman, tem um forte, conhecido como "El Qalaa", que foi cenário de grandes decisões durante inúmeras batalhas sangrentas na região e abrigo para líderes, desde a época do Império Otomano.
Um pouco mais para o norte, tem Jerash....ah Jerash....linda!!!! Palco de um festival anual de cultura, palco da tradição, da dança, do canto, da globalização da beleza. Mas também um palco histórico. Em Jerash existem ruínas de uma cidade romana completa, com todos os detalhes que instigam nossa curiosidade sobre o cotidiano dos nossos antepassados. Foi lá que os gladiadores lutaram com os leões, foi lá que se estabeleceu o primeiro mercado de especiarias do Oriente Médio, foi lá que uma parte da história da humanidade começou.
Rumo ao sul, fora a paisagem exuberante que intercala uma vegetação bastante colorida e imensas áreas de deserto, com dunas infinitas e camelos apáticos, existe a cidade de Petra. Se não tivessem filmado Indiana Jones, talvez Petra seria privilégio para poucos. Mas ela está lá, misteriosa, rósea, esperando para ser decifrada. Petra foi esculpida numa montanha pelos Nabateus, 400 A.C., e recebeu este nome exatamente por causa da cor rosada das rochas. Não há como chegar até ela de carro, pois a única passagem para esta cidade maravilhosa, é um caminho muito estreito, entre duas montanhas, onde só se pode chegar à cavalo ou camelo.
Mas a Jordânia não é feita só de ruínas. A Jordânia é um imenso oásis no centro do Oriente Médio. Um centro de cultura e civilização pouco conhecido do Ocidente.

IJJET ZAHRA

Ingredientes:
1 couve flor
4 ovos
1 cebola grande picada
1/2 maço de cebolinha picado
1/2 maço de salsa picado
5 colheres de farinha de trigo
sal e pimenta do reino à gosto
óleo para fritar

Modo de Preparar:
Corte a couve flor em buquês e cozinhe até amolecer. Escorra toda a água e pique a couve flor grosseiramente. Bata os ovos e adicione à couve flor. Acrescente todos os outros ingredientes e misture bem. Esquente bem o óleo numa frigideira grande. Use uma concha pequena para pegar porções da mistura de couve flor e colocar cuidadosamente no óleo, formando bolinhos. Frite até ficarem dourados. Escorra o excesso de óleo em papel toalha. Sirva quente.
Bom Apetite!!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sokhne

Tem um lugarzinho especial na Jordânia, que fica no extremo oeste do país. São as termas de Sokhne. Nunca ví água tão morninha e cristalina como naquele lugar. As termas são cercadas de montanhas verdinhas, cheias de plantações e uma fauna exuberante. Como não poderia deixar de ser, as piscinas femininas são separadas das masculinas e as águas são consideradas fonte de tratamento para vários tipos de doenças motoras. Mas não são só os doentes que vão lá. O prazer de se deliciar naqueles banhos morninhos é um privilégio à parte. Uma maravilha!
Em volta das termas, os moradores construíram vários pequenos chalés para hospedar os visitantes que desejam pernoitar. Tudo bem integrado à paisagem. Na lateral dos chalés, tem um córrego magrinho por onde corre mais água morna. Depois do córrego tem uma cerca alta, comprida, infinita.
Não entendi aquela cerca, até que me disseram que era o limite entre a Jordânia e a Palestina. Também me aconselharam a não me aproximar muito dela. Disseram que o lugar estava repleto de minas terrestres colocadas pelo soldados israelenses.
Sinceramente, me foge à compreensão até hoje, como um lugar paradisíaco como aquele pode ter seu solo estuprado por minas terrestres! Por que???
Aquele lugar é uma dádiva de Deus. É um lugar de paz, de cura, de introspecção, de meditação. Como pode alguém se achar no direito de profanar uma benção de Deus?
Toda vez que lembro da brisa de Sokhne, fico triste, porque minha lembrança daquele lugar ficou paralisada numa cerca...uma cerca idiota, fortalecida por minas terrestres.
Tem mais um detalhe. No alto daquelas montanhas lindas e verdinhas, haviam soldados armados até os dentes, que riam quando viam uma criança curiosa se aproximar da cerca e ficavam à espreita para ver se ela atravessaria do outro lado, se explodiria, se teria seus membros amputados. É...a diversão dos israelenses naquele lugar é ver crianças explodindo!
E pensar que eles mesmos já foram vítimas de um louco assassino...como é que se permitem ver o mesmo sofrimento se repetir desta forma tão fria????

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Salada do Fawzi

Ingredientes:
2 tomates
1 cebola
1/2 maço de salsa
1 pepino
1 pimentão verde
3 rabanetes
1/2 maço de cebolinha
1 limão
1 colher de tahine (massa de gergelim)
3 colheres de yogurte natural
sal à gosto

Modo de Preparar:
Esprema o limão numa tigela, junte a massa de gergelim e o sal, misturando bem até formar uma pasta. Adicione o yogurte natural e misture até atingir a textura de um molho. Reserve. Corte todos os outros ingredientes em cubos pequenos, acrescente o molho e misture bem.

Bom apetite!!

ÂMINA

O nome dela significa crédula em árabe. Parece que algumas pessoas nasceram para carregar o nome que lhes foi dado. É o caso de de Âmina. Ela carregava o mundo no coração. Não acreditava em pessimismo, apenas em destino.
Não é para menos, ela tinha luz própria. Linda, alta, ruiva, olhos verdes, um corpo cheinho, mas bem delineado. Nasceu no vilarejo de Abbasyieh, mas logo na adolescência fugiu da guerra e mudou-se para Ramallah. Lá, teve que abandonar os estudos e se dedicar ao trabalho junto com sua família. Seu pai abriu uma pequena oficina de roupas de lã, onde ela trabalhava como instrutora, ensinando outras meninas a manejarem as modernas máquinas de tricô que tinham acabado de chegar. Mas o que ela gostava mesmo, era das agulhas, onde ela soltava toda a criatividade. Fazia tudo com tanto esmero, que seu trabalho logo ficou conhecido.
Mas como ela tinha se tornado uma moça, já estava na hora de casar. O pai até que tentou protelar, mas a mãe dela achou que estava na hora. Apareceram alguns pretendentes, mas Âmina não gostou. Seu coração já estava inclinado para um certo rapaz que travalhava na alfaiataria que ficava em frente à sua oficina. Era um rapaz magrinho, de estatura média, mas com cara de James Dean e o charme dos rapazes dos anos 60, com aqueles topetes impecáveis.
Era tímido, mas a achava linda. Ele me contou que ficava esperando os horários de saída das aulas de tricô para ver Âmina na porta da oficina. Ela, mais esperta, dava um jeitinho de sair para comprar cigarros para o pai, dando um jeito de passar em frente à alfaiataria e dar uma espiadinha.
Não demorou muito até descobrirem que os dois eram parentes. Aconteceu numa conversa entre o rapazinho e o pai de Âmina, bem na frente da oficina. Ela, claro, ouviu cada palavrinha e ficou bem mais animada. Uma semana depois, os pais de Âmina recebem a visita de parentes, numa sexta feira, logo pela manhã. Lá estava ele, acompanhado dos pais, para pedir a mão da donzela em casamento.
Noivaram, passearam de mãos dadas pelas ruas de Ramallah, tomaram sorvete às gargalhadas e nasceu dali um grande amor. Um amor que durou 50 anos. Um amor que ainda mora no coração dele, depois que ela se foi. E também no coração dos filhos, que foram regados com este sentimento verdadeiro.
Âmina se foi, mas só em corpo, porque em espirito ela continua bem presente, em muitos corações, que ela conquistou ao longo dos seus 50 anos vividos aqui.
Âmina é a síntese de tudo o que eu gostaria de ser. Âmina é minha mãe.

terça-feira, 26 de maio de 2009

ESFIHA

Ingredientes:
Massa:
6 copos de farinha de trigo
2 copos de yogurte natural levemente aquecido
1 copo de azeite
50 g de fermento para pão (2 tabletes)
Sal à gosto
1/2 copo d'água morna
1 colher de açucar
Modo de preparar:
Peneire a farinha e sove com o azeite. Dilua o fermento na água com o açucar e deixe descansar.
Abra um buraco no centro da farinha e coloque o yogurte. Misture a farinha ao yogurte aos poucos até que esteja tudo bem misturado. Acrescente o fermento e o sal e amasse bem até formar uma massa lisa. Dependendo do tipo de farinha, talvez seja necessário acrescentar mais um pouco de água morna até alcançar o ponto da massa lisa. Deixe descansar por uma hora em local aquecido. Abra a massa com um rolo e corte-a com um copo de aro grande. Coloque o recheio no centro e com a ponta dos dedos una as bordas, até formar uma flor. Coloque numa assadeira previamente untada e asse em forno pre-aquecido.

Recheios:
Carne:
1 kg de patinho moído sem gordura
2 tomates picados
1/2 maço de salsa picada
2 cebolas picadas bem fininhas
1/2 maço de cebolinha picada bem fininha
Sal e pimenta do reino à gosto
1 colher (chá) de tempero sírio
2 colheres de óleo

Modo de preparar:
Refogue a cebola e acrescente a carne moída, o sal, a pimenta do reino e o tempero sírio. Deixe no fogo até secar o líquido da carne. Acrescente o restante dos ingredientes e deixe refogar até que fiquem macios. Espere esfriar para rechear a massa.

Queijo:
1/2 queijo frescal amassado
1/2 maço de cebolinha picada bem fininha

Modo de preparar:
Misture os ingredientes e recheie a massa.

Bom apetite!! Sahten!!!

Kafta ou Kufta?

Ingredientes:
1 kg de patinho moído sem gordura.
2 cebolas grandes picadas bem finhinhas
1/2 maço de salsa picada
Sal e pimenta do reino à gosto
3 tomates grandes e bem maduros cortados em rodelas
1 e 1/2 colher de extrato de tomate dissolvido em um copo d'água
3 colheres (sopa) de óleo

Modo de Preparar:
Misture a carne moída, a cebola e a salsa picadas, a pimenta do reino e sal e amasse com as mãos até formar uma massa homogênea. Vá retirando pequenas porções da massa e moldando-a em forma de quibe. Arrume os bolinhos numa forma, acrescente o óleo, o tomate em rodelas e o molho de extrato de tomate. Leve ao forno de deixe assar por uma hora, ou até que o caldo fique pela metade. Retire do forno, coloque numa travessa e sirva com arroz branco, salada e coalhada.

Bom apetite!

Lembranças sólidas

Fui à Palestina uma vez só. Tinha cinco anos de idade na época. Dizem que crianças de cinco anos não conseguem guardar lembranças, exceto traumas ou acontencimentos relevantes. Mas eu guardei. Foi em 1974, logo depois do temível Setembro Negro. Minha família tinha se estabelecido em Amman, na Jordânia, e meu avô tinha mandado as passagens para que viéssemos ao Brasil. Antes de partir, meus pais resolveram visitar os parentes na Palestina, talvez pela última vez, e de fato fomos. Não lembro de como atravessamos a ponte do Rio Jordão, onde minha mãe disse que fomos parados durante várias horas à espera da autorização dos soldados israelenses. Estranho ouvir que precisamos de autorização de estranhos para entrar em nosso próprio país.
Mas lembro das ruas estreitas de Ramallah. Me vem à memória uma imagem de casarões de cor ocre, alguns pequenos prédios, uma pracinha em frente à quitanda da minha tia, onde haviam algumas flores vermelhas lindas e uma pequena árvore onde os moradores improvisaram um balanço de madeira. Outra lembrança bastante agradável é a da casa do meu tio Sharif, toda revestida de pedras brancas. Tinha dois andares, coisa rara na época, e um jardim na frente com duas oliveiras, uma parreira e algumas roseiras. Nós ficamos ali alguns dias. Minha tia fazia pão no forno de barro pela manhã, enquanto contava histórias da infância dela e dos meus pais, que foram criados juntos no vilarejo de Abbasyieh. Minha mãe ria muito, até ficar vermelhinha e meu pai provocava minha tia mais e mais, para que ela continuasse a entregar as peraltices de minha mãe.
Uns dias depois, fomos à Jerusalém. Minha mãe queria rezar na Mesquita do Domo da Pedra e visitar a Mesquita Al Aqsa. Confesso que não entendia muito bem os meus sentimentos, mas naquele lugar eu senti uma paz interior inigualável. Lembro até hoje que fiquei em silêncio, apenas observando minha mãe rezar. Foi uma das imagens mais lindas que já vi e que até hoje guardo comigo. Depois fomos passear pelas ruas antigas de Jerusalém e pelo mercado. Minha mãe comprou alguns presentes para os familiares no Brasil. Eu guardei na memória o cheiro dos temperos que se espalhavam pelas ruas antigas. Lojas cheias de cores, de madeiras esculpidas e tapetes fantásticamente bordados.
Não nasci na Palestina, mas naqueles poucos dias em que passei por lá, senti que aquele era o meu lugar. Até hoje sinto que falta um pedaço de mim, toda vez que aquelas belas lembranças me vêm à memória.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Expressões Árabes

Marhaba - Oi, olá
Ahlan ua sahlan - Benvindos
Kifak - Como vai? (para o homem)
Mabsut - Estou bem (homem)
Mabsuta - Estou bem (mulher)
Kifek - Como vai? (para a mulher)
Tamam - Tudo bem.
Al Hamdo Lelah - Graças à Deus
Bismillah - Em nome de Deus
Salam - Cumprimento que indica um desejo de paz
Ieslamo Edek - Deus abençoe suas mãos (usada para agradecer o recebimento de algo)
Ielamo Edeki - O mesmo significado anterior, mas para agradecer à uma uma mulher
Chu - O que?
Tayeb - Está bem, gostoso ou pessoa boa (depende do contexto)
Helou - bonito
Helue- bonita

A Revolução Palestina














































Uma visão poética da Causa Palestina









Imagens da Palestina














































Bordados Palestinos











Saniet Batata

Ingredientes:
1 frango cortado de pedaços.
1 cebola picada
2 tomates picados
2 colheres (sopa) de extrato de tomate
4 batatas médias cortadas em rodelas grossas
sal e pimenta do reino à gosto
1 litro de água fervida
2 colheres de óleo
2 dentes de alho amassados

Modo de preparar:
Lave bem o frango. Tempere com o sal, a pimenta, o alho, a cebola e o tomate. Coloque numa forma, adicione o óleo de leve ao forno por 40 minutos. Misture o extrato de tomate na água fervida até formar um molho. Retire o frango do forno, adicione as batatas e o molho de extrato de tomate. Leve ao forno novamente e deixe assar até que as batatas estejam bem cozidas.

Acompanhamentos: Arroz branco e salada verde.

Bom apetite!! Sahten

Mascate

Turco não, árabe!!!
Os mascates foram aqueles personagens míticos das décadas de 50, 60 e 70 no Brasil.
Mas poucos sabem porque eram chamados de turcos e como vieram parar em terras tupiniquins.
A grande maioria deles fugiu da Palestina por causa da guerra, atravessou a Jordânia, a Síria até chegar à Turquia, onde trabalhavam por um tempo e conseguiam passaportes temporários para embarcar nos navios que saíam de Istambul em direção à América do Sul.
Quando chegavam ao Porto de Santos, apresentavam seus passaportes turcos. Foi daí que surgiu a atribuição de "turco" à todo árabe que trabalhava com comércio no Brasil naquelas décadas.
Meu avô foi um deles. Um morenaço charmoso com uma covinha no queixo, estilo Omar Sharif.
Depois de fugir da invasão israelense ao vilarejo de Abbasyieh, numa triste noite de setembro de 1947, deixou sua família em segurança em Ramallah, onde improvisou uma pequena oficina de roupas de lã, para garantir o sustento dos seus.
Chegando ao Brasil, trabalhou duro em São Paulo até conseguir comprar a famigerada maletinha de madeira, alguns botões, linhas, agulhas e outros ítens de arremate. Seguiu em direção ao Estado do Rio Grande do Sul, vendendo suas bugigangas pelo caminho. Em pouco tempo conseguiu abrir uma pequena loja, a Casa Nova, na pacata Rosário do Sul. Foi lá que ele se estabeleceu e trouxe sua família, para ajuda-lo a desbravar este imenso celeiro de oportunidades que é o Brasil.
Meu avô, Hamed El Hodali, foi um dos desbravadores, dos descobridores deste amado país que é o Brasil. Era um homem alegre, visionário e otimista, apesar de ter deixado para trás uma história de tragédias pessoas, onde perdeu parte de sua família em cruéis assassinatos cometidos pelo exército israelense.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mjadara

O famoso arroz com lentilhas.



História: Por se tratar de um país basicamente agrícola, os hábitos alimentares dos palestinos baseavam-se nas verduras, frutas e grãos. É claro que incluíam carnes de aves e ovelhas, mas as pequenas extensões territoriais não permitiam o desenvolvimento da pecuária, exceto a ovinocaprinocultura. Daí surgiram aquelas receitas criativas e absolutamente saudáveis, tais como o arroz com lentilhas, ou Mjadara para os mais íntimos.



Ingredientes:



250 gramas de lentilhas

300 gramas de arroz (1 1/2 copo de requeijão)

3 cebolas grandes

óleo para fritar a cebola

sal à gosto



Modo de preparar:



Cozinhe a lentilha por 20 minutos em 1 1/2 litro de água. Reserve. Em outra panela, refogue o arroz no óleo e sal. Acrescente a lentilha junto com a água, mexa bem até misturar tudo e deixe ferver até que o arroz fique bem cozido. Talvez necessite acrescentar mais um pouco de água, caso o arroz não fique bem cozido.

Corte a cebola em tiras e frite no óleo quente, mexendo sempre até que fiquem douradas. Retire do fogo, escorra o óleo, deixando as cebolas na frigideira por mais dois minutos.

Coloque o arroz com lentilhas na baixela e enfeite com a cebola frita.

Bom Apetite!!

Acompanhamentos: Salada mista, coalhada

O Pão

Tive duas avós fofas!
Minha avó gorduchinha Mariam e minha avó magrelinha Ghalieh. Ambas foram criadas na nossa cidade natal Abbasyieh, nos arredores de Jaffa na Palestina. Ambas eram camponesas. Trabalhavam no plantio de verduras e ervas de madrugada até os raios de sol ficarem mais fortes (não tinha relógio), para depois cuidarem dos afazeres domésticos e dos filhos. Depois do plantio, era a vez do pão. A massa já estava pronta desde a noite anterior. De manhã, sovavam o pão, desenhavam o formato arrendado, para depois assa-lo no forno de barro.
Apesar da guerra, da fuga, do refúgio na Jordânia e em seguida no Brasil, minhas avós mantiveram viva a tradição de preparar o pão todas as manhãs, no mesmo forno de barro improvisado no pátio de casa, na pequena e pacata Rosário do Sul.
Todas as manhãs, a vizinhança delirava com aquele cheirinho de pão recém saído do forno de barro...aquele cheiro...ah aquele cheiro!!!!
De vez em quando, minha avó Mariam tirava onda e aproveitava para fazer alguns pães com azeite e zaatar, outros com azeite e queijo branco ou então com carne moída e tomate. Delícia!
Mas tinha que ser pela manhã, senão o feitiço não vingava!
Fico aqui, nostálgica, lembrando do pão, do ritual, da família muito grande, das vozes, da mesa farta, da alegria bagunçada.
Nossas avós palestinas se foram, levando consigo aquelas mãos mágicas, com cheiro de terra e pão. Tento, diariamente, resgatar algo do que se foi com elas, mas falta a magia do cheiro da terra da Palestina. Esta magia me falta!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Makloube

Um dos pratos mais tradicionais da culinária palestina.

Ingrediente:
2 peitos de frango sem pele e cortados em pedaços
a cebola média picada
2 beringelas médias cortadas em rodelas e fritas
2 batadas médias cortadas em rodelas e fritas
3 copos de arroz (usar copo de requeijão como medida)
sal e pimenta à gosto
1 colher de chá de tempero sírio pronto
2 litros de água fervida

Modo de Preparar:

Refogue a cebola e adicione o peito de frango cortado e os temperos (sal, pimenta e tempero sírio). Deixe refogar até secar todo o líquido. Acrescente 2 litros de água fervida e deixe cozinhar por meia hora. Retire o caldo e deixe o frango no fundo da panela. acrescente a beringela e a batata, previamente fritas, formando uma camada acima do frango. Acrescente o arroz cru. Por último, use uma escumadeira para não fazer buraco no arroz e acrescente o caldo. Deixe cozinhar até secar o caldo e até que o arroz esteja cozido. Coloque uma forma redonda na boca da panela e vire-a como se vira uma forma de bolo.

Prontinho! Bom apetite!

Acompanhamento: salada mista

VILAREJO

Marisa Monte

Há um vilarejo ali
onde areja um vento bom
na varanda, quem descansa
vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis
Lares de mãe
O Paraíso se mudou para lá

Por cima das casas cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos
Filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda a gente cabe lá
Palestina Shangrila
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

Nakba

Poucos sabem o que significa esta palavrinha aí do título. Significa "diáspora". Mais precisamente, a diáspora do povo palestino. Foi à 61 anos, quando de madrugada, os palestinos viram suas casas invadidas, queimadas, seus entes queridos assassinados, suas plantações devastadas e suas cidades tomadas por exércitos fortemente armados. Sem nenhuma prévia explicação. Sem chance de defesa. Sem argumentos à serem apresentados. Sem nenhum reconhecimento de direitos humanos...direitos humanos....que piada!!! Há 61 anos que os palestinos não sabem o que é isso. Vivem de cínicas ajudas humanitárias, de medicamentos com data de validade vencida, após longos períodos de confisco por parte de Israel, bebem água nada potável, comem verduras cultivadas em hortas improvisadas no pátio do que restou de suas casas.
Então, de onde vem toda esta dignidade estampada no semblante de cada palestino? Eu respondo! Vem da certeza de que a Palestina é dos palestinos. Vem da convicção de que mentiras forjadas durante 61 anos são mentiras e nada mais. Vem da certeza de que o sangue de inocentes, derramado diariamente no solo palestino, só faz consolidar a identidade de um povo que jamais perecerá!
Jihan Arar
21/05/2009