sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bordado Palestino

Não sei de onde se originou o ponto cruz, mas creio que foi na Ucrânia. Até onde pesquisei, todos os caminhos me levaram para aquela ex-república soviética. De fato, as ucranianas são mestres na arte do bordado em ponto cruz. Fazem desenhos maravilhosos, usam cores deslumbrantes, fazem misturas que dão resultados que saltam aos olhos. Bonito de se ver!
Também creio que as palestinas copiaram a arte do bordado, mas como tudo o que é árabe é exagerado, elas não deixaram por menos e, ao invés de bordar batas, lenços e guardanapos com florzinhas, dedicaram-se a bordar vestidos longos, cobertos de ponto cruz de um extremo ao outro. O resultado? Uma arte que passou a ser copiada no mundo todo. Verdade!
Nem precisei ir tão longe para constatar. Outro dia, estava passeando numa feira de artesanato na famosa torre de televisão de Brasília e qual não foi minha surpresa ao ver uma bata bordada com motivos e estilo palestinos. Não pude me segurar e perguntei à vendedora quem a bordou. Ela me contou que copiou de um site de roupas árabes. É, quando se trata de pesquisar bordados, invariavelmente acabamos parando num site palestino. Maravilha!
Ao apreciar a tal bata, minha memória vagou até chegar à Jordânia, e ví minha avó Ghalieh sentada na varanda de casa, com um tecido branco no colo e uma meada na mão, me chamando para ajuda-la a enfiar a linha na agulha. Ví também minha tia Fawzieh brigando comigo para não errar os pontos, já que o vestido da minha avó teria que estar pronto para o casamento de fulano. Ficávamos ali, tardes à fio, bordando o vestido da minha avó, tomando chá, comendo pão torradinho com zaatar e contando histórias. Minha avó cantarolava as músicas palestinas de casamento e me pedia para decorar a letra, para ajuda-la a cantar para a noiva. No dia do casamento, minha avó estava sempre radiante com seu vestido novo. Cantava, dançava, batia palmas, ria, conversava alegremente com os parentes e tudo isso com o imenso orgulho de ter bordado mais um Thoub, um vestido palestino. Ah Vovó!
Do outro lado do mundo, no Brasil, estavam D. Âmina, minha mãe, e D. Miriam, minha avó, que entre um cliente e outro da nossa loja, pegavam seus paninhos e ficavam lá, bordando e conversando. Sempre sobrava para mim fazer o contorno de crochê dos vestidos. Naquela época, era uma tortura! Hoje vejo que perdi preciosos momentos, onde eu poderia ter curtido mais aquelas duas fofas bordadeiras.
Bordado Palestino é isso! Não é só bordar, é se relacionar, é conviver, é confraternizar.

Um comentário:

  1. Jihan, Eu tambem sou Palestina e me orgulho do nosso artesanato, interesante voce ter encontrado uma bata com motivos palestinos na feira da torre. Se voce conhece bordadeiras que bordão em ponto cruz e que vivem no distrito federal, por favor me avisa pelo ntalzeben@hotmail.com
    Obrigada,
    Nahida

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