sexta-feira, 31 de julho de 2009

Construção

Outro dia estava conversando com um amigo muito querido sobre o papel dos árabes na construção da identidade brasileira atual. Modéstia à parte, até que a nossa contribuição foi bem relevante.
Lá vem vocês pensando em quibe e esfiha! Acertei? Não é nada disso! :-)
Eu estou falando de introdução de conceitos e valores numa sociedade relativamente nova e multietnica. Os árabes trouxeram para o Brasil o conceito de comércio intercontinental e comércio de varejo, as primeiras técnicas utilizadas na indústria têxtil, os conceitos de medicina popular, o conhecimento sobre o uso de especiarias na culinária, alguns importantes valores sociais, como união familiar e edificação do ser humano, a importância da religião para a organização social e outros incontáveis conceitos e valores, até então desconhecidos ou negligenciados pela sociedade ocidental.
De um modo geral e se comparada à contribuição de portugueses, espanhóis, italianos e alemães, a contribuição dos árabes parece ínfima, mas se levarmos em consideração a relevância dos valores e conceitos acima mencionados, vemos que não foi tão pequena assim.
Tanto é que o maior centro industrial e comercial do século passado e que foi e continua sendo referencial para o Brasil todo, que é o centro de São Paulo, foi construído pelos árabes e muitos prédios e ruas prestam homenagens aos personagens mais célebres desta história.
Não estou querendo me vangloriar, nem sobrepor o papel dos árabes na história do Brasil. Só quero dizer que participamos sim da história do Brasil e que temos nosso lugar na construção da identidade social do povo brasileiro. Ainda que pequena, nossa contribuição passou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Quem é que não segue o conceito de comércio adotado pelos nossos antepassados. Qual é o comerciante que não vende fiado para poder manter o ritmo de vendas. Só que o nome mudou de "caderninho" para carnê ou crédito.
Quem é a cozinheira que faz comida sem tempero? Antigamente, o tempero era chamado de especiaria. Quem é que fica gripado e não toma aquele cházinho que a tia recomendou? Pois é, isso é medicina popular. E o conceito de união familiar? Mesmo considerado um assunto ultrapassado entre os jovens e contraditório com o ritmo da vida moderna, quem é que não corre para os braços dos seus quando a coisa aperta? Pode ser antiquado, mas família é base e sem ela nossas conquistas não tem valor.
Quanto ao conceito de religião como meio de organização social, posso não ser cristã, mas procuro desejar ao meu próximo o que desejo para mim mesma e dar a outra face até que provem o contrário. Senão nos transformariamos numa sociedade selvagem, porque depois destes mandamentos sutís, vem outros como não roubar, não matar e não cobiçar.
É, tenho motivos de sobra para me orgulhar de ser árabe! Ainda mais uma árabe que vive no Brasil!

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