quarta-feira, 19 de maio de 2010

Blefes

Fico impressionada com os argumentos falhos apresentados pelas grandes potências ao construírem os argumentos que, segundo as mesmas, justificariam uma intervenção armada (leia-se guerra) contra os países que não baixam a cabeça e seguem, cegamente, o script ditado pelos americanos. Mas ignorar uma iniciativa da magnitude daquela adotada pelo governo brasileiro em relação ao Irã e seguir repetindo os mesmos blefes? Aí já é demais! Fico com a frase do Prof. Williams Gonçalves: O Irã não é ameaça. Ameaça é quem tem bomba atômica.
O Globo

Reações à mediação brasileira
Data: 19/05/2010

RUBENS RICUPERO (exsecretáriogeral da Unctad e ex-ministro da Fazenda): É certo que o acordo assinado pelo Brasil em Teerã não cobre todos os problemas, mas seria o passo inicial para a construção de um clima de confiança. Eu me pergunto se os EUA conseguirão mesmo os votos necessários no Conselho de Segurança para aprovar as sanções.
Será que Hillary Clinton tem todo esse apoio que ela diz ter?

ROBERTO ABDENUR (exembaixador do Brasil em Washington): Foi um exemplo de boa diplomacia a serviço de má política externa.
Foi um feito diplomático, mas digo má política externa porque o Brasil não deveria se meter num assunto tão complexo e explosivo. Resta agora ver que posturas Rússia e China vão adotar.

GERALDO LESDAQ CAVAGNARI (do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Unicamp): Os EUA estão simplesmente ignorando o acordo de Teerã e, claro, a iniciativa de Brasil e Turquia. Os americanos tomaram uma decisão que vai totalmente de encontro ao que foi acertado sobre a política nuclear iraniana. Fica claro que o governo americano considera que apenas os EUA têm o poder de costurar a paz no Oriente Médio. Isto porque é o único país a ter ascendência sobre Israel. Os israelenses podem não cumprir resoluções da ONU, mas cumprem o que acertam com os EUA. Já a China, apesar do interesse que tem no Irã, dificilmente vai se confrontar com os EUA no Conselho de Segurança. Foi um grande risco para o Brasil, que quer se apresentar como alternativa internacional.

WILLIAMS GONÇALVES: professor de Relações Internacionais de UERJ e UFF: O Brasil deu uma importante contribuição à paz mundial ao promover o diálogo. Brasil e Turquia são membros temporários do Conselho de Segurança da ONU e cabe, sim, se envolver nessas questões.
Também não acredito que a China dê aval para sanções.
Mas o acordo teve um impacto imenso na máquina de guerra dos Estados Unidos, que não estão interessados em qualquer acordo: querem suprimir todas as instalações nucleares do Irã, inclusive as civis. Agora, os EUA estão atiçando as alas mais radicais, para conseguir apoio para seu projeto.
O Irã não é ameaça, ameaça é quem tem bomba atômica.

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