terça-feira, 25 de maio de 2010

Chaplin

Apesar da minha cinefelia, tenho evitado assistir filmes de cunho político. Cansaço mental? Talvez! Mas a verdade é que estou cansada da mentira. Comprei um filme sobre a trajetória de Chaplin. Legal! Nada engraçado, devido ao preconceito que ele enfrentou por parte dos americanos por ser um inglês não naturalizado. Política de novo!
Segundo o filme, Chaplin manteve a cidadania inglesa e debochava abertamente das estratégias americanas de guerra, ridicularizando policiais e soldados em seus filmes. A idéia dele era fazer a uma reflexão sobre o sentimento do cidadão comum, sofrido e marginalizado com a Grande Ressaca e as guerras contínuas que deflagraram um estado de estagnação econômica dos Estados Unidos da América.
Os militares, é claro, sentiram-se ofendidos com caricaturização das figuras de soldados e policiais, à ponto de tratar Chaplin como um pária e tramar sua expulsão de seus pais, negando-lhe o acesso aos bens e propriedades, que incluíam os estúdios cinematográficos.
Além disso, era visto como um traidor por parte de seus patrícios ingleses que o consideravam um desertor das forças armadas inglesas, durante a 2a. Guerra Mundial. Uns diziam que tal postura devia-se ao fato de ter um padrasto judeu, outros o declararam um anti-semita, para variar. O Fato é que Chaplin não gostava de política e se negava a fazer parte de tramóias para atingir a opinião pública, pois alimentava um respeito profundo pelo seu público.
Chaplin, incompreendido, entrou em depressão profunda e parou de produzir, deixando um mundo órfão de seu talento ainda em vida. Quase 20 anos depois, a Academia Americana de Cinema tentou se redimir, prestando-lhe uma homenagem durante uma cerimônia de entrega do Oscar. Porém, por mais que tentassem mostrar-lhe que reconheciam seu talento, Chaplin, já idoso e debilitado fisicamente, não conseguiu perdoa-los. O motivo? Foram mais de 20 anos de espera, período durante o qual o nosso maior gênio do cinema reprimiu seu talento enquanto tentava entender o que ele fez de errado.
Chaplin morreu logo depois desta homenagem, triste, abandonado pelo grande público e levando consigo milhões de idéias que nos fariam rir por décadas e mais décadas.
O que ele fez de errado? Não quis ser um americano. Não quis adotar posições políticas. Não quis envolver seu nome na sujeira da guerra. Não quis perder tempo discutindo a manipulação da opinião pública através do cinema.
Preferiu viver pela arte e morrer pela arte. Algo raro nos dias de hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita e contribuição.