segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Visão estreita

Acho que título já traduz o que penso sobre os vômitos diários do Rodrigo Craveiro. Mas para não deixar nenhum leigo a ver navios, vou explicar. Desde a segunda Guerra do Golfo contra o Iraque, ficou claro que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está à serviço do Conselho de Segurança das Nações Unidas e não para servir ao interesse das nações do mundo no que concerne à regulamentação da produção e uso da energia nuclear pelos países membros da ONU. Nunca encontraram um único artefato que comprovasse o argumento americano de que Saddam Hussein possuia armas nucleares, mas a Agência testemunhou ter encontrado "evidências", fato que gerou apoio ao governo de George Bush para que invadisse o Iraque e devastasse o país. Desde então, a AIEA perdeu total credibilidade junto às nações do mundo, por ter ajudado os americanos a forjar o argumento necessário para a invasão do Iraque. Agora, o Rodrigo Craveiro usa os argumentos desta agência fajuta para colocar na mídia o seu julgamento sobre o que o Irã pensa ou deixa de pensar, o que faz e deixa de fazer, como se todo mundo estivesse certo menos o Irã. Já disse que não defendo o uso de armas nucleares, apenas não aceito que os americanos e judeus fiquem elegendo um país do Oriente Médio de cada vez para ser destruído, sob o argumento de possuir armas nucleares. Israel também possui armas nucleares, viu Rodrigo Craveiro. Também possui armas químicas e biológicas. Por que você nunca menciona o poderio nuclear de Israel em suas reportagens?
Correio Braziliense

Panorama sombrio
Data: 21/12/2009
IRÃ
Rodrigo Craveiro
Enquanto as negociações com países ocidentais sobre o programa nuclear não avançam, o regime eleva a retórica nacionalista
A frase criada pelo filósofo persa Jalal Ad-Din Muhammad Rumi (1207-1273) bem que poderia traduzir a realidade política do Irã, quase oito séculos depois. “Vocês são o cardo (uma espécie de praga) e poeira… Vocês são os inimigos da terra”, escreveu. Nas últimas semanas, essa parece ter sido a percepção do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, em relação ao Ocidente. Num misto de nacionalismo exacerbado e imprudência desafiadora, ele anunciou uma série de medidas que vão de encontro aos esforços internacionais pelo fim da crise nuclear.
Em 18 de novembro passado, ignorou um projeto de acordo apresentado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AUEA) que previa o envio de urânio para processamento em um terceiro país. Dois dias depois, revelou que Teerã pretende construir pelo menos 10 usinas nucleares — mas o número desejado teria dobrado, segundo comunicado feito em 5 de dezembro por Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã. Outra notícia inquietante é a de que o regime islâmico estaria testando um iniciador de nêutrons, componente-chave para a produção da bomba. Na quarta-feira passada, o país também lançou o míssil Sajjil-2, capaz de atingir Israel e bases norte-americanas no Oriente Médio.
Na última sexta-feira, Ahmadinejad deu mostras de sua política “bate e assopra”. O presidente negou a intenção de construir armas nucleares e pediu que o mundo respeite seu país. “Nossa política é transparente. Se quisésssemos fabricar uma bomba atômica, teríamos a valentia de assumir isto. Quando afirmamos que não vamos fabricá-la, é porque não acreditamos na bomba atômica”, declarou, em entrevista à agência de notícias France-Presse. “(As potências) Devem mudar seu vocabulário, falar com respeito e na legalidade. Neste caso, estamos dispostos a nos sentar e chegar a um acordo”, admitiu. O iraniano Alex Vatanka, especialista do Middle East Institute (em Washington), assegurou ao Correio que o aiatolá Ali Khamenei e o próprio Ahmadinejad, ambos no comando do programa nuclear, acreditam que o Ocidente crê apenas na força. “Eles não querem parecer estar negociando a partir de uma posição de fraqueza”, explicou.
A posição de arrogância do regime islâmico incomoda o britânico Mark Fitzpatrick, diretor do Programa de Desarmamento e Não Proliferação do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS, pela sigla em inglês), sediado em Londres. “Eu sinto dizer que, diante de tantos incidentes negativos nas últimas duas semanas, a crise nuclear parece se mover em direção a um conflito militar”, alertou o analista (leia entrevista). Vatanka discorda e alerta que uma ofensiva bélica no Irã colocaria em perigo duas prioridades para o Ocidente: Iraque e Afeganistão. “Há alguma esperança no Ocidente de que os linha-dura percam a batalha política no Irã, o que produziria mudanças na política externa substanciais”, afirmou. Ele acrescenta que, antes de qualquer ação militar, as potências tentarão implantar um diferente método de imposição de sanções. “A intervenção pelas armas não virá antes disso”, comentou Vatanka.
Relações perigosas
De acordo com Charles P. Vick, especialista em mísseis balísticos pelo Globalsecurity.org, a análise dos recentes desdobramentos indica que o Irã tem capacidade total de produzir armas nucleares, além de possuir um projeto aprimorado desse tipo de material. Ele aposta que o desejo de Teerã construir 10 usinas atômicas justificaria apenas um programa armamentista. Vick também não descarta que o Irã mantenha relações espúrias com a Coreia do Norte — o suposto intercâmbio envolveria o conhecimento técnico. “Teerã interrompeu seu programa de armas nucleares em 2003, enquanto Pyongyang prosseguiu com os testes em outubro de 2006 e maio deste ano. Seria um indicativo de que os norte-coreanos fizeram o projeto da bomba nuclear para ambos os países?”, questionou. “O nível de cooperação visto nos programas de mísseis parece fortemente apoiar a tese de transferência total de tecnologia entre esses países.”
Charles Vick não acha exagero supor que tanto a Coreia do Norte quanto o Irã já dominem a criação de ogivas nucleares. “Os norte-coreanos teriam a ogiva RV cônica, uma arma nuclear de 1.158kg. Os iranianos, por sua vez, já teriam a técnica de desenho de artefatos com ogivas de 1.158kg e de 650kg. Provavelmente, o Irã dependa apenas de mais combustível atômico”, advertiu. A tese explicaria a ambição de Ahmadinejad em acelerar a construção de usinas.
Ahmadinejad: “Sou normal”
Muito criticado pela comunidade internacional por suas ambições nucleares, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, se descreve como “uma pessoa normal”, que vive como qualquer outro pai de família. “Sou uma pessoa normal, um pai, um irmão, um tio, um amigo”, afirmou o dirigente em entrevista concedida à agência de notícias France Presse durante a conferência da ONU sobre o clima em Copenhague, que acabou no sábado. “Tenho uma família (uma mulher, dois filhos e uma filha). Vamos às reuniões de família, saímos, praticamos esportes”, disse Ahmadinejad, 53 anos, reeleito em junho passado para um segundo mandato à presidência do Irã. Vivo como todo mundo, afirmou Ahmadinejad, abrindo um sorriso pouco compatível com a virulência de algumas de suas polêmicas declarações, principalmente as que defendem o “aniquilamento” de Israel e as que negam o massacre dos judeus na Segunda Guerra.

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