quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O espírito da coisa!

Olha, taí uma visão inteligente. Mostra exatamente o espírito de quem está disposto a dialogar para chegar à um consenso. Não importam as ideologias, se o que está em jogo é a vida de milhões de palestinos. Deveria ser esta a posição de todos os países que se propõem a ser mediadores no processo de paz, mas infelizmente não é, pois o que conta para os outros países mediadores do processo é o lobby judeu e imagem de bonitinho perante as câmeras de tv.

Correio Braziliense

Brasil considera diálogo com o Hamas
Data: 07/01/2010
Isabel Fleck
Oriente médio
O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, após um encontro com o colega palestino, Riad Al-Maliki, que o Brasil considera conversar diretamente com o grupo radical Hamas, “se isso ajudar” nas negociações com Israel. O chanceler palestino, no entanto, alertou que qualquer aproximação deve ser condicionada à disposição explícita do Hamas “respeitar as regras do jogo”. “Todos os sinais que eles enviam demonstram que não ligam para suas responsabilidades e querem impor o próprio sistema e regime em Gaza”, disse Al-Maliki em entrevista coletiva.
O chanceler palestino disse ainda que países como o Brasil “podem e devem se envolver” nas negociações, principalmente pela ineficácia do Quarteto — formado por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas (ONU). “Se o Brasil e outros países quiserem participar, devemos facilitar isso, em prol do processo de paz”, argumentou. Segundo Al-Maliki, os quatro negociadores tornaram-se “reféns das próprias limitações”, já que possuem posições individuais pouco flexíveis.
Amorim, por sua vez, reiterou a vontade do Brasil de apoiar o processo de paz, mas disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não levará uma “nova proposta” para os dois lados na viagem que fará a Israel, Jordânia e Cisjordânia, na segunda semana de março. “Não há intenção nenhuma de reinventar o Mapa do Caminho. A contribuição que o Brasil e outros países podem dar é colocar o diálogo nos trilhos”, disse o ministro brasileiro.
Se para isso for preciso dialogar com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, o Brasil está disposto a fazê-lo. “Tivemos um contato informal no passado, mas se isso fosse de ajuda, eu não excluiria”, afirmou Amorim. “Acreditamos no poder da razão. Talvez seja algo ingênuo, mas é assim que pensamos. Nós temos que conversar para convencer as pessoas de um ponto de vista”, completou, esclarecendo que não manterá contato com o grupo sem o conhecimento da Autoridade Palestina.
Al-Maliki demonstrou preocupação não apenas com a disposição do Brasil, mas com a possibilidade de o Hamas negociar diretamente com os Estados Unidos. “Qualquer tipo de ação ou aproximação com o Hamas pode ser interpretado como um sinal de fraqueza da comunidade internacional e como um sinal de reconhecimento do sistema que o Hamas criou em Gaza com recurso a um golpe de força”, declarou. Para o chanceler palestino, no dia em que o grupo radical “aderir aos princípios de direito aos quais todos aderimos”, nenhuma porta se fechará “e eles não estarão isolados”.
“Sem clima”
Após receber no Brasil os presidentes da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e de Israel, Shimon Peres, em novembro, Lula sugeriu a realização de um “jogo da paz”. A partida de futebol seria disputada durante a visita do presidente brasileiro à região. Segundo Lula, a ideia seria a Seleção Brasileira enfrentar um time misto de jogadores palestinos e israelenses. Para Al-Maliki, no entanto, o período atual é “o mais apropriado”. “Todos os palestinos gostariam muito de ver os brasileiros jogarem na Palestina, inclusive meus filhos, que admiram todos os jogadores. (…) No entanto, o momento não é propício, porque não há processo de paz e a situação está travada dos dois lados”, afirmou. O chanceler palestino disse desejar que a iniciativa se concretize antes que a delegação brasileira viaje para a África do Sul, para disputar a Copa do Mundo, que terá início em 11 de junho.

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