quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Refugiados palestinos no Brasil

Em outras palavras, as autoridades competentes estão dizendo: "Que se danem"! Só não entendo por que continuam a empregar o termo "ajuda humanitária", já que o tratamento dispensado aos refugiados é totalmente desumano.
Jornal de Brasília

Palestinos vivem nas ruas
Data: 28/01/2010
Três famílias reclamam da falta de auxílio por parte de programa da ONU.
Marina Marquez
Três famílias de refugiados palestinos estão vivendo há 55 dias nas ruas de Brasília. Acampados em sete barracas em frente à Mesquita Centro Islâmico do Brasil, na 912 Norte, se alimentam de doações de pessoas que passam na rua e usam os banheiros da Mesquita, quando deixam, para lavar o rosto e se esconder da chuva. As famílias vieram para o Brasil com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados e ficaram dois anos no Rio Grande do Sul. Com o fim do programa, no ano passado vieram para Brasília em busca de ajuda e documentação para voltar ao país de origem. Nem isso conseguiram. "Para nos trazer para o Brasil, falaram sobre um programa humanitário, o lugar que nosso filhos teriam um futuro melhor, condições de saúde e sobrevivência melhor que o acampamento que viviamos. Onde está isso tudo? Aqui nas ruas onde estamos morrendo?", questiona Hussam Odeh, de 35 anos, o único deles que fala um pouco de português. Todos os outros só falam árabe e comunicam-se apenas entre si. "Não falaram sobre a situação horrível que iamos encontrar no Brasil, as dificuldades, sobre a duração do programa e qual seria nosso destino quando ele acabasse", diz Hussam.
Hussem saiu do campo de Ruweished, na Jordânia, com as famílias dos irmãos, esposa e a mãe. Seu filho, Sani, nasceu no Brasil, na cidade de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, assim como a filha de um dos irmãos. Durante os dois anos que tiveram auxílio do ACNUR, ele fez alguns meses de aulas de português. Recebia algum dinheiro para ajudar nos remédios e comida. Com o fim do programa, tudo acabou. Um dos irmãos tem problemas no pulmão e tem que passar o dia todo com oxigênio ligado ao corpo. Só o táxi para levá-lo no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) a cada quatro dias, para recarregar o oxigênio, custa R$ 80. "Quando alguém dos prédios aqui perto ajuda levar ele, ou dá o dinheiro para o carro, conseguimos ir, se não, ficamos esperando a sorte.
Desejo é de retornar
Atualmente o Brasil tem cerca de 3,7 mil refugiados reconhecidos pelo governo, provenientes de 69 países diferentes. Da turma de refugiados palestinos, a maioria se adaptou ao país. Segundo a ACNUR, entre os maiores de 17 anos, 55% estão trabalhando ou têm outra forma de geração de renda. 25% dos homens entre 18 e 59 anos que chegaram solteiros estão casados com brasileiras. Apesar da dificuldade que sabe que vai reencontrar na Palestina, Hussem garante que a única coisa que quer é voltar para o país. Onde, segundo ele, por mais que tenha guerra, ele fala a língua, tem pessoas que podem ajudar e alguma visão de
 futuro. "Estou cansado demais. Quero trabalhar para manter meus parentes, mas como aqui? Só queremos voltar. Viemos para conseguir um documento, passaporte, mas já procuramos tudo que disseram e todos falam que não podem fazer nada por nós", diz. O ACNUR, programa que trouxe as três famílias para o Brasil, foi criado pela Assembleia Geral da ONU, em 14 de dezembro de 1950 para proteger e assistir às vítimas de perseguição, da violência e da intolerância. No Brasil, atua em cooperação com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça e algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) para proteger os refugiados. De acordo com a assessoria de imprensa do ACNUR, essas famílias fazem parte de um grupo de 108 pessoas (homens, mulheres e crianças) que chegaram ao Brasil entre setembro e outubro de 2007, pelo programa do governo brasileiro de apoio à comunidade internacional e com apoio da ACNUR. A decisão, segundo eles, foi de caráter humanitário devido às condições de vida que levavam no campo de Ruweished. Segundo a assessoria, todos eles foram informados sobre aspectos econômicos, sociais e culturais do Brasil e sobre seus direitos e deveres como refugiados sob a proteção do Estado Brasileiro, inclusive dos desafios para a integração em um novo país. No Brasil tiveram assistência para pagamento de aluguel, auxílio financeiro para as aulas de português, acompanhamento médico e oferta de medicamentos, emissão de documentos, entre outras coisas. A assessoria informou ainda que a assistência, que deveria terminar entre setembro e outubro de 2009, foi excepcionalmente ampliada até o final do mesmo ano. Para 2010, a assistência foi mantida para os casos mais vulneráveis. Segundo as assessorias de imprensa do ACNUR e do Conare, as famílias que se encontram acampadas em frente à Mesquita de Brasília devem procurar as instituições ligadas ao Programa de Reassentamento Solidário para verificar se estão enquadradas nos critérios de assistência estabelecidos para 2010.

Um comentário:

  1. Estou escrevendo um artigo acadêmico sobre a vida dessas famílias. Realmente não é apenas uma notícia da mídia, mas uma realidade. Por durante 2 anos acompanho a vida deles e vejo que as Orgnizações que deveriam dar o apoio viram as costas para a questão. È triste vê um olhar triste e esperançoso de que um dia poderão retornar a sua terra natal.As lágrimas que ficam retidas demonstram a revolta da falta de assistência básica, principalmente na área da saúde para os idosos e crianças.

    ResponderExcluir

Obrigado pela sua visita e contribuição.