Quando se fala em mundo árabe ou árabes, logo se pensa em sociedades fechadas, conservadoras, muçulmanas, retrógradas e filmes holywoodianos com Omar Sharif e Lawrence da Arábia. Pouco se sabe o que ocorre de fato dentro de uma sociedade árabe atual.
Uma das perguntas que mais ouço sobre a sociedade árabe se refere ao namoro. Se levado ao pé da letra, namoro pode ser um olhar apaixonado, discreto, um devaneio, um sonho, observar aquela menina de longe, criar uma oportunidade para topar com aquele menino ou qualquer outro meio de contato com o ser amado.
O namoro à moda brasileira inclui quase tudo o que um casamento inclui, exceto o convívio diário, porém, em alguns casos, também inclui o convívio diário e ainda assim pode ser considerado namoro.
No mundo árabe, o namoro ainda tem vestes ingênuas. Na verdade, poderia ser considerado uma paquera mais demorada ou um amor semi-platônico. Por conta da chamada globalização, da internet, da abertura econômica e dos avanços no reconhecimento dos direitos da mulher, houve também um avanço no comportamento social, dando mais liberdade aos jovens para um contato mais direto. Assim, aos poucos surgiu um tipo de namoro mais comportado, onde meninos e meninas podem se encontrar, conversar, se apaixonar e fazer planos para o futuro. Ainda não existe tanta liberdade para maiores intimidades como, por exemplo, um beijo na boca, mas pode-se segurar a mão e falar de amor.
Particularmente, acho importante frear os ímpetos até conhecer a pessoa por quem se está apaixonado(a). Assim dá tempo de passar a febre da paixão e enxergar como aquela pessoa se comporta no dia a dia. Se combina com o temperamento do par, se tem os mesmos sonhos, se tem a mesma força de enfrentar a vida, se tem cacife para segurar as barras pesadas que a vida joga nas nossas mãos. É claro que existem casos onde jovens atropelam estas etapas, mas são vistos como levianos pela sociedade. Sociedade esta que conserva valores como a base e a união familiar, futuro dos filhos e segurança financeira.
Mas deixando de lado o pesado discurso da responsabilidade social, os jovens se divertem muito, muito mesmo. Os árabes são boêmios por natureza, gostam de viver bem, comer bem, vestir bem e naturalmente, amar escancaradamente. Presenciei alguns destes namoros, com troca de cartinhas passadas de mão em mão por intermédio dos amigos em comum, encontros combinados por sinais, passeios no parque esportivo de Amman, que era o ponto de encontro dos enamorados, beijos nas mãos, noites em claro tentando imaginar o que o outro está fazendo ou pensando, enfim, todo aquele lado delicioso do namoro. Me diverti à bessa dando conselhos à primas, mesmo sem saber o que estava falando (risos)!
Por falar nisso, lembrei de um rapaz que ficava à espreita, perto do portão da minha escola, só para me ver entrar e sair. Fazia sinais para tentar marcar um encontro, mas eu não correspondi porque não queria fazer planos de ficar na Jordânia. Meu objetivo era voltar para o Brasil. Uma amiga em comum me disse que ele chegou a chorar porque eu não dei nenhuma chance à ele. Eu optei pela sinceridade e expliquei o motivo. Mesmo assim, todos os dias ele estava lá, esperando, tentando obter um sinal, qualquer coisa. Foi uma experiência interessante. Muito legal. Foi sim!
olá, querida.
ResponderExcluirque bom poder compartilhar com você!
tá bonito, tá bonito!...
vc conece o pedrodoria.com? política internacional, muito bom...
bjs, vou te seguindo...
Obrigado pela dica! Adorei seu blog! Vc escreve com uma sensibilidade ímpar!
ResponderExcluirVou acompanhar!
Beijos